Quando o irmão passa, fica a Graça.
A graça da visita transborda o visitado, ao sermos visitados somos reconhecidos como parte que forma o todo, manifestação plena de comunhão e fraternidade.
Nossa comunidade Pe. Jésus Moreira Rezende, ao receber a visitacanônica de nosso “mais velho” Pe. Aureliano de Moura Lima, sentiu este tempo de graça chegar e permanecer conosco... presença com gosto de quero mais... “Senhor, fica mais um pouco conosco (Lucas 24, 29)
Depois de um bom tempo de preparação, idas e vindas de documentos, acertos e ajustes na agenda... “Agradecemos muito”, como nossos irmãos se expressão aqui, pois com certeza foi uma viagem de superação, ser hóspede na casa do outro exige renúncia, paciência e bom senso...
Atravesar o atlântico, pode até ser uma aventura, mas para quem vem com o que tem no coração e não com o que tem nos bolsos, percebe logo que se trata de uma kenosis, não só o aterrar do avião, mas descer por que quer encontrar o outro, não veio para encontras coisas, lembrancinhas, selfs, nem mais um carimbo no passaporte. Em África, berço da humanidade, somos impactados pelo mistério de tradições milenares, linguagens que resistem a aldeia global, pessoas de sorriso fácil e bonito, por uma vida bucólica e despretenciosa... segundo o conceito morderno de civilização.
Em Angola, podemos parafrasear Guimarães Rosa: “Minas são muitas minas” – Angola são muitas Angolas, a diversidade cultural, climática, econômica, estrututal e social são patentes; os olhos do visitador podem ficar confusos, mas aquele que vem visitar pessoas vê com o coração, “pois o essencial é invisível os olhos” (Saint Exupery)
Pelas estradas de Lwena a Cavungo (760 km, pelo tempo da viagem, 12 horas, daria para atravesar o atlantico e chegar em Manhumirim) a conversa e cultivo das saudades foi acontecendo, “pois somos uma fraternidade” (Const...).
Permanecemos pouco tempo em casa, pois “temos sede de pessoas”, a providência Divina nos levou até Calunda local onde Frei Mariano, Frei Gilberto e Frei Gonzalinho de feliz memória, deramaram suor, lágrimas, sangue... até a própria vida, não por heroismo ou voluntarismo, mas por que “ser missionário é ir até o fim.”(Dom Gonzalo Lopes Maranhon, OCD – Frei Gonzalinho, como gostava de ser chamado, depois de 40 anos de episcopado em Sucumbios, Equador, veio ser semente missionária na “pariferia das periferias.”
De volta a Cavungo, literalmente lavamos a roupa suja, pois iriamos ficar mais quatro dias fora de casa, outubro é o mês dos batizados em nossa paroquia, assim Pe. Odésio seguiu para as comunidades da comuna de Lóvua, Pe, Renato e Pe Aureliano seguiram paras as comunidades de Caianda... 210 batizados outros 18 adultos, recebidos como católicos vindos de outras igrejas...
Havia certa preocupação com nossa visita, pois “o novo vem com dor de parto”, nos cercamos de alguns cuidados e laçamo-nos, pois a missão pertence a Deus. Nosso vistador esteve a vontade, soboreou xima com as mãos, peixe seco, lenga–lenga, carne de cabra do mato... entre outras varições da consitência do xima. O banho é uma aventura a parte... domir nos faz lembrar do chamado de Jesus: “o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”, a mochila que levamos as roupas serve se traviseiro, o saco de dormir é o colção (por cima do cisalo), lençol e cobertor... nosso visitador foi batizado e batizador, acolheu na fé tantos irmãos e se tornou pai de a quantos recebeu pela graça batismal, tocou e foi tocado com a graça de evangelização como encontro, ofereceu-se de graça e recebeu a Graça das oferendas, galos, galinhas, mandiocas, bode, bombó...
As crianças como sempre, estão atentas aos detalhes de quem chega, e são muitas por toda parte, rapidamente estavam imitando a famosa gargalhada do nossa “mais velho”... a graça que fica.
Foram dias de profunda comunhão e partilha de projetos, expectativas, angústias, alegria e esperanças, restamos cantar “oh vem Senhor não tardeis mais, vem saciar o seu povo de paz.”
Comunidade Pe. Jésus Moreira Resende, SDN