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domingo, 27 de janeiro de 2013

Documento CEAST - Família e cultura


CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE ANGOLA E SÃO TOMÉ

MENSAGEM PASTORAL FAMÍLIA E CULTURA

INTRODUÇÃO

Depois de estudados, meditados e vividos, nos anos transatos, os temas sobre «Família e Matrimónio» e «Família e Reconciliação», dentro do respectivo triénio pastoral, sob o lema «Família levanta-te e caminha» (cfr. As duas Mensagens anteriores), propomos, para este ano, Família e Cultura, sabendo quanto a cultura é importante para uma sociedade.

A famí­lia, que não é apenas a "célula" fundamental da sociedade, possui uma fisionomia peculiar, que alcança a sua primeira e fundamental confirmação, e consolida a sua identidade de «santuário da Igreja doméstica», quando os membros da família se encontram na invocação comum do "Pai-nosso". De facto, esta oração reforça a estabilidade e a solidez espiritual da família (cfr.Familiaris Consortio 55).

No plano de Deus Criador e Redentor, a família descobre não só a «identidade», o que «é», mas também a «missão», que pode e deve «fazer», tarefas estas que brotam do seu próprio ser e são a expressão do seu desenvolvimento dinâmico e existencial (G.S. 48). Doutro modo dizendo, a família está chamada a tornar-se cada vez mais comunidade de vida e de amor, numa tensão que encontrará a sua plena perfeição, como toda a realidade criada e redimida por Deus (ibid.).

1. A FAMILIA COMO INSTITUIÇÃO NATURAL E CULTURAL

Desde o início da humanidade, a família é a instituição humana mais universalizada no tempo e no espaço, sobre a qual assenta o processo de humanização. A família, assim, é tão antiga quanto a própria cultura; tendo deste modo uma dupla condição de ser uma instituição ao mesmo tempo natural e cultural (G.S. 52).

A palavra “cultura” indica, antes de tudo, a relação do homem com a natureza. Por ela, ele aprende a descobrir, a compreender e a dominar o mundo em que se encontra (G.S. 53), a desenvolver-se e a relacionar-se com os outros bem como a construir incessantemente um ambiente tipicamente humano no qual, com livre abertura aos demais, há um reciproco e consciente auxílio.

É por isso que a família constitui uma instituição natural, na qual e através da qual o homem aparece como o colaborador mais vizinho de Deus em toda a criação. Na família, o amor recíproco dos esposos é o prolongamento do amor de Deus, em que o homem e a mulher se aceitam um ao outro, nas suas diferenças, no dom recíproco dos seus corações e dos seus corpos, num amor que cresce incessantemente.

Fundada pelo próprio Criador, a família entra assim no plano de Deus Criador e Redentor (Familiaris Consortio 17) e o seu sentido antropológico-cultural é plenificado situando-se nas coordenadas do entendimento da história humana como sendo história de salvação. Sem deixar de ser uma instituição humana, a família insere-se num universo compreensivo no qual a presença de Deus revelado em Cristo se torna operante também na realidade familiar. Daí, o seu ser cultural, por ser uma reciprocidade de pessoas, uma relação de abertura que exige responsabilidade.

A Igreja ensina que a família não é um mero produto da cultura humana, para defender a sua perenidade e prioridade junto de todas outras instituições, até mesmo a do Estado que a deve proteger e promover. Ela é a primária na vida das pessoas, mesmo se submetida às transformações sócio-culturais.

Primeira célula da comunidade humana, a família vive a partir da força do amor e, por isso, vivificando tudo no modo mais perfeito com o espirito de amor, é lugar de apoio de toda a cultura, onde se transmite o precioso mas delicado património das tradições culturais, que se devem deixar iluminar pela verdade de Cristo, onde se encontra a salvação eterna da pessoa e da família.

2. O CONFRONTO COM AS CULTURAS

Hoje há uma concepção antropológica deformada, a defender uma ideologia que deixa entender o homem como resultado puro da cultura. O homem não se percebe mais como um dom oferecido a si mesmo, com um ser que lhe próprio, mas como alguém que se cria a si mesmo (Cfr.Bento XVI, Caritas in Veritate, 2009).

Sendo um ser cultural, a pessoa tem especificidades apropriadas à sua natureza criada por Deus (Gén.1, 26), imutável, querida pelo próprio Criador, que lhe deu assim uma abertura, e uma vocação transcendental e universal, mas, como Deus criou o homem para formar uma família, uma comunidade, levou a que Cristo, a Eterna Palavra do Pai veio a encarnar participando da família e cultura humanas (Cfr.G.S. 32).

Deus se revela ao homem assumindo linguagens, imagens e expressões ligadas às diversas culturas, gerando valores morais fundamentais, expressões artísticas magníficas e estilos de vida exemplares. O importante é que a cultura se abra à Palavra de Deus, para servir verdadeiramente o homem (cfr. Bento XVI, Verbum Domini 109), e se cultivar com particular cuidado o diálogo com as culturas, na confiança de encontrar em cada uma delas “as sementes do Verbo”, de que falavam os antigos Padres” (Mensagem final dos Padres Sinodais, no Sínodo sobre Nova Evangelização, 27 de Outubro de 2012)).

Num mundo de rápidas transformações sócio-culturais, onde a família parece ganhar contornos diversificados, com doutrinas que a querem destruir, é preciso em Angola ouvir a exortação de Bento XVI:

“ A África vive um choque cultural que ameaça os alicerces milenários da vida social e, por vezes, torna difícil o encontro com a modernidade. Nesta crise antropológica com que se debate, o continente africano poderá encontrar caminhos de esperança instaurando um diálogo entre os membros dos seus diversos componentes religiosos, sociais, políticos, económicos, culturais e científicos. Para isso terá necessidade de encontrar e promover uma concepção da pessoa e da sua relação com a realidade assente numa profunda renovação espiritual (Cfr. Africae Munus 11).

3. A DEFESA E A PROMOÇÃO DA FAMÍLIA NA IGREJA CATÓLICA

A família, que nasce da íntima comunhão de vida e de amor fundada no "matrimónio entre um homem e uma mulher", possui uma dimensão social própria, específica e originária, enquanto lugar primário de relações interpessoais. Como célula primeira e vital da sociedade, ela é uma instituição divina que está colocada como fundamento da vida das pessoas, como protótipo de todo ordenamento social. Aliás, esta perspectiva é uma das constantes do Magistério (cfr. A Igreja em Angola entre a Guerra e Paz, Documentos Episcopais 1974-1998, PP. 102-120 e 415-422)

Este dado faz da família o centro e o cora­ção da civilização do amor. Primeira e fundamental estrutura a favor da “ecologia humana” é a família, no seio da qual o homem recebe as primeiras e determinantes no­ções acerca da verdade e do bem, aprende o que significa amar e ser amado e, consequentemente, o que quer dizer, em concreto, ser “uma pessoa”( Compêndio da Doutrina Social da Igreja, p. 131).

A experiência mostra como é importante o papel de uma família coerente com a norma moral do ho­mem, que nela nasce e se forma. Nos nossos dias, infelizmente, vários programas sustenta­dos por meios muito poderosos parecem apostados na de­sagregação das famílias.

Às vezes, até parece que se pro­cura, por todas as formas possíveis, apresentar como "regulares" e atraentes, conferindo-lhes externas aparênci­as sedutoras, situações que, de facto, são "irregulares", como o confirmam hoje tantas tendências e situa­ções gravíssimas, como é o caso do tráfico de crianças, tra­balho infantil, crianças fora do ambiente familiar, maternidade e paternidade precoces, uso de crianças para o comércio de material pornográfico, também através dos mais modernos e sofisticados instrumentos de comunicação social. A Igreja debruça-se com afectuosa solicitude sobre quantos sofrem de tais situações, bem consciente como está do papel fun­damental que a família é chamada a desempenhar.

A Igreja reconhece que a família, mais do que uma unida­de jurídica, social e económica, constitui uma comunidade de amor e de solidarieda­de, insubstituível para o ensino e a transmissão dos valores culturais, éticos, sociais, espirituais e religiosos, essenciais para o desenvolvimento e o bem-estar dos próprios membros e da sociedade. Neste sentido, este dever primário da família, não pode ser descurado nem delegado (Carta dos Direitos da Família, p. 6)

No exercício das suas funções a família, como outras instituições, há-de ater-se ao princípio de subsidiariedade. Por força de tal princípio, as autoridades pú­blicas e políticas não devem subtrair à família aquelas tarefas que ela pode bem perfazer sozinha ou livremente associada a outras famílias; por outro lado, as au­toridades têm o dever de apoiar a família, assegurando-lhe todos os auxílios de que ela necessita para desempenhar de modo adequado todas as suas responsabilidades. A sua íntima relação impõe que "a sociedade não abandone o seu dever fundamental de respeitar e de promover a família". Isto requer que a acção política e legislativa salvaguarde os valores da família, desde a promoção da intimidade e da convivência familiar até ao respeito pela vida nascente, à efectiva liberdade de opção na educação dos filhos.

4. A FAMILIA EM ANGOLA

O facto de termos recebido Cristo e o seu Evangelho desde há 500 anos devia-se traduzir em usos, costumes e hábitos iluminados pelo Evangelho. Neste Ano da Fé, em que toda a Igreja é convidada a aprofundar a própria vocação cristã, vejamos como nós, angolanos, vivemos a nossa realidade da família.

4.1. ASPECTOS POSITIVOS DA FAMÍLIA AFRICANA

Veneração dos antepassados. Nas culturas e nas tradições africanas sabe-se que a organização da sociedade é feita pelas linhagens, clãs e etnias e os membros descendem de um comum tronco ancestral, que os mantém unidos e protege as suas vidas. Daí, o dever de os venerar.

Amor e abertura à vida. O africano ama a vida, por ser um dom de Deus. Sobrevive na linhagem que não pode ser interrompida, participando através da procriação deste nobre acto, que transcende o simples aspecto biológico carregando-se de um profundo significado espiritual.

O valor da família alargada. Como na abertura à vida, diminui-se a dimensão fisiológica da procriação, que pode consistir no mero dar a vida à criança, mas sim numa paternidade e maternidade que passam pela responsabilidade, consciência, amor e dedicação dos pais e dos irmãos destes e de outros membros da família.

Hospitalidade. Entendida como comunhão, a família africana tem um estilo de vida comunitária, que permite o trabalho em comum, o perdão mútuo, o amor, o acolhimento, a solidariedade clánica e a coesão étnica, a solicitude, a generosidade e o respeito aos anciãos que nunca são acantonados num lugar de solidão, mas, quais guardiães dos valores ancestrais, devem continuar na família para os transmitirem às jovens gerações.

4.2. CONFRONTO DAS NOSSAS CULTURAS COM O EVANGELHO

Aberta ao amor e ao respeito pela vida, a família, vem a ser uma realidade carregada de transcendência e de profundo significado, para o presente e para o futuro de Angola. Primária e basicamente monogâmica (cfr.Gén. 2, 18-2), por causa da unidade dual entre a mulher e o homem, mostrando que a família é a imagem da Divina Trindade, unida no amor e na comunhão (Cfr. Familiaris Consortio 18), nem sempre na nossa cultura angolana ela foi assim vivida, já que sendo uma realidade humana, passível de erros e enganos, por causa do “mistério da iniquidade”, a família angolana apresenta alguns erros, que se radicaram na nossa sociedade e que passamos a elencar:

Poligamia. Enraizada na nossa sociedade, este modo de perceber e viver a beleza da família destoa do modo original, querida pelo Evangelho, e até mesmo da multissecular e genuína tradição angolana. Defender a poligamia não é favorecer o crescimento sadio da nossa sociedade, sobretudo pois todos somos testemunhas da desagregação do tecido familiar que ela tem provocado, e seria regressar a uma fase de desenvolvimento social que já foi superada pelo Evangelho.

Amigamento. Fruto da sociedade contemporânea que teme a definitividade nas relações e nos compromissos, ele demonstra a fraqueza de mulheres e homens de hoje que os leva a experiências temporais e ocasionais. Explicam-se, por isso, as “uniões de facto” que muitas sociedades hodiernas querem tornar juridicamente legais. O aumento das uniões de facto é também consequência do enfraquecimento da fé cristã.

Alambamento. Longe de representar a sua carga e riqueza simbólicas, hoje, por causa da tendência mercantilística actual, constata-se que certos pais e parentes da noiva se servem desta prática para enriquecerem, o que não é justo, nem aceitável e nem respeita a dignidade da mulher.

Questão das heranças. Sabe-se que na concepção africana bantu, a importância da família vem pela parte uterino-matrilinear. Isto tem introduzido nas nossas comunidades uma situação nada abonatória para o bem da família. Há, filhos e esposas que ficaram viúvas, que ficam privados privados dos bens deixados pelo pai e marido, porque a família deste alienou e se apropriou de tudo.

Mentalidade feiticista e acusações de feitiçaria. Maléfica e contrária à fé e harmonia familiar, esta mentalidade é também nociva à vida, por paralisá-la e não permitir o desenvolvimento do nosso povo e da nossa terra, ocasionando acusações infundadas até de crianças inocentes e de velhos inofensivo. Reputamos isto como grande obstáculo à fé no ano em somos convidados pelo Papa, a atravessarmos aquela porta que implica, o metermo-nos num caminho para toda a vida, levando-nos a professar a Fé na Trindade-Pai, Filho e Espírito Santo, e a crermos num único Deus que é AMOR (cfr.Bento XVI, Porta Fidei).

Para terminar, deixamos algumas recomendações, esperando que cada Diocese faça as adaptações e os aprofundamentos adequados ao seu contexto cultural

-Defender o Primado da Família e a responsabilidade da procriação. A família em Angola, graças a Deus, tem ainda a peito o valor dos filhos, que leva o africano bantu, a tomar parte daquela “participação vital” que é a procriação. Mas deve-se considerar a maternidade e a paternidade como valores invioláveis a defender.

Uma boa preparação para a família deverá ter em conta os métodos de regulação da natalidade, rejeitados pela Igreja, os quais privam o amor da mulher e do homem do verdadeiro sentido da sexualidade, entendida como doação, na diferença dos seus corpos; por isso, a homossexualidade é condenada por Deus, pois ela mata a família, na sua compreensão e no seu mistério profundos, ao passo que a heterossexualidade faz parte da própria natureza da pessoa humana.

-Boa preparação para o Matrimónio. Deve-se encorajar nas comunidades paroquiais e nas Missões, particularmente em zonas com práticas do casamento tradicional, que a Igreja promova uma catequese aos jovens sobre o Namoro. Também se deve fortalecer os CPM (Cursos de Preparação Matrimonial) para os noivos, tendo em conta a realidade cultural de cada região. Estas iniciativas se devem encaminhar para a celebração do Sacramento do Matrimónio, particularmente, os amigados.

-Combater toda a mentalidade feiticista. Importa compreender a nocividade das crenças feiticistas, quer para o desenvolvimento das pessoas, quer para o desenvolvimento do nosso povo.

A nós Bispos de Angola, na nossa visita Ad Sacra Limina, no ano passado, o Papa disse-nos: “convinha um esforço conjunto das comunidades eclesiais, provadas por esta calamidade- a da feitiçaria- procurando determinar o significando profundo de tais práticas, identificar os riscos pastorais e sociais por elas veiculados e chegar a um método que conduza à sua definitiva erradicação”.

O que se tem de fazer, então, é convencer-se e ter consciência de que sem Cristo a vida é incompleta e falida pois Cristo é fundamental para a autenticidade da nossa vida. Por isso, os “Novos Movimentos” da Igreja e os sacerdotes que se dedicam às curas devem trabalhar bem na síntese entre o Evangelho e a cultura, evitando aquele sincretismo que prejudica a fé. Tenham em devida conta, os sacerdotes que exercem o ministério da cura nas Dioceses tenham em conta os aspectos psicológicos e doutrinais bem como o equilíbrio afectivo-emotivo no seu importante mas delicado múnus, porque se deve saber que as pessoas sofrem medos diversos tais como o do desemprego e o da violência. A guerra deixou nas suas vítimas muitas sequelas. Por isso é cada vez mais oportuno apresentar Cristo como divino “Médico da humanidade”.

-Construir a grande família angolana: Nós angolanos somos uma grande família de Deus (cfr.Africae Munus 3 e 7), mas devemos sê-lo em Cristo “Nosso Primogénito”, o Filho de Deus que partilha a sua filiação connosco, introduzindo-nos na vida da Trindade, o que não é mera aplicação de determinados conceitos antropológicos, mas sim expressão da verdade da Igreja e da sua identidade que partilha a vida do Deus Uno e Trino através de Cristo, que nos revela o seu Evangelho e nos manda proclamá-lo, para sempre sermos uma Família irmanada no amor.

- Criar e fortalecer nas Dioceses as Comissões da Pastoral da Cultura, com o fim de apresentar Jesus Cristo como plenitude da realização de todo homem e mulher, paradigma de toda a atitude pessoal e social, e bem assim como resposta definitiva aos problemas que afligem tantos angolanos: o feitiço, a pobreza, a falta de amor, de emprego, o desaparecimento de sãos costumes e autênticos valores do nosso povo angolano e sobretudo facilitar o diálogo fé e cultura e promover uma inculturação do Evangelho, aprofundando e estudando valores das nossas culturas que chocam com as concepções cristãs da vida.

CONCLUSÃO

Amados cristãos, a cultura, como vimos, não é tudo, não é um património imutável, intocável e incorrigível, nem é necessária e intrinsecamente boa. Enquanto produto da criatividade humana, no exercício da sua liberdade, pode veicular práticas boas ou más, edificantes ou estagnadoras, libertadoras ou escravizantes, vivificantes ou mortíferas, de convívio ou de hostilidade. Ela está e deve estar sempre ao serviço da promoção integral da pessoa humana e não o contrário.

A cultura é um bem social que está sempre em marcha, acompanhando o dinamismo do crescimento humano. Por isso, deve ser continuamente avaliada, renovada e desenvolvida, a fim de cumprir cabalmente a sua missão: humanizar sempre mais o homem, isto é, torná-lo mais imagem e semelhança de Deus, mais reflexo da beleza e do amor de Deus, mais cultor de si mesmo para projectar nos outros e na sociedade o que de mais rico, nobre e divino ele é e possui.

Assim, todas aquelas práticas culturais que não concorrem para este fim são perniciosas. Portanto, não devem ser cultivadas nem assumidas. Pura e simplesmente. Entram na categoria de “lixos e venenos” culturais que matam as pessoas e as famílias desde dentro, esvaziando-as de dignidade, de ideais, de orientação, de auto-estima e de realização e que, por conseguinte, devem ser enterrados e banidos da bagagem cultural a veicular e transmitir às gerações futuras.

É o caso, por exemplo, da crença na feitiçaria que encobre vários crimes e criminosos (envenenadores), criando um mundo secreto obscuro e nefasto para o bem-estar das pessoas e respectivas famílias e provocando degradação e retrocesso nos hábitos e costumes. Impõe-se a coragem, nesta hora, de dizermos que essa crença é um mal e, como tal, deve ser combatido a todos os níveis sem preconceitos. Assim fazendo, transformaremos a sociedade angolana numa grande família unida, irmanada, pacífica, reconciliada, aberta à vida, ao convívio plural e ao desenvolvimento integral. Transformemos e renovemos as nossas bases culturais para fazermos resplandecer a beleza da família angolana.

Peçamos a Deus, de modo especial neste ano, o dom da fé, para que por ela convertamos a nossa cultura num bem para a dignificação das nossas famílias e da nossa sociedade. Que a Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, nos ajude a vencer esses males e desvios culturais que obscurecem o esplendor do amor e do compromisso para com Deus e para com os outros.

Maria, Mãe da fé, rogai por nós.

Luanda, 21 de Novembro de 2012

Os Bispos da CEAST

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