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sábado, 11 de outubro de 2025

 

De Santo Agostinho a Leão XIV: O amor como caminho da Igreja

A Exortação Apostólica Dilexi Te, do Papa Leão XIV, é um verdadeiro convite à Igreja para redescobrir o amor como centro da vida cristã. E esse convite tem raízes profundas no pensamento de Santo Agostinho, um dos maiores teólogos da história da Igreja. Ao longo da exortação, percebemos claramente como Leão XIV se inspira em Agostinho para falar da fé, da missão da Igreja e, principalmente, da presença de Cristo nos pobres.
1. O amor como essência da vida cristã
        Santo Agostinho dizia: “Ama e faze o que quiseres.” Essa frase resume bem o que ele pensava sobre a vida cristã. Para ele, tudo começa e termina no amor. Se amamos de verdade, nossas atitudes serão boas, justas e cheias de misericórdia.
        Papa Leão XIV começa sua exortação com a frase “Eu te amei”, mostrando que o amor é o ponto de partida da ação de Deus e também da missão da Igreja. Assim como Agostinho dizia que o amor é o “peso” que orienta nossa vida ou seja, aquilo que nos move, Leão XIV afirma que o amor é o que empurra a Igreja para fora de si, em direção aos pobres.
        Esse amor não é apenas um sentimento bonito. É uma escolha, uma atitude concreta. É o que Agostinho chamava de ordo amoris, ou “ordem do amor”: amar a Deus acima de tudo e, por isso, amar o próximo com sinceridade. Para Leão XIV, essa ordem se concretiza quando colocamos os pobres no centro da nossa atenção. Amar bem é amar como Deus ama, com generosidade, com entrega, com compromisso.
2. Cristo presente no pobre.
    Leão XIV retoma essa ideia com força. Em Dilexi Te, ele afirma que o rosto do pobre é o rosto do Cristo eucarístico. Servir o pobre é prolongar a comunhão recebida no altar. É viver a Eucaristia fora da missa, no dia a dia, nas relações, no cuidado com os que sofrem.
    Agostinho já dizia: “Sede o que recebeis e recebei o que sois — o Corpo de Cristo.” Isso quer dizer que, ao comungarmos, nos tornamos parte do Corpo de Cristo. E esse corpo é chamado a se doar, a se entregar, a ser presença de amor no mundo. A mística da Eucaristia se transforma em ética da solidariedade.
3. A caridade como medida da verdade
    Para Agostinho, a caridade é o reflexo da Trindade. Ele dizia: “Se vês a caridade, vês a Trindade.” Isso quer dizer que o amor verdadeiro é sinal da presença de Deus. Leão XIV leva essa ideia para a prática pastoral: a Igreja só é imagem da Trindade quando vive a comunhão e a partilha.
    Em Dilexi Te, o Papa afirma que “a fé que não toca as feridas do mundo é incompleta”. Isso ecoa o pensamento de Agostinho, que dizia que a fé sem amor é vazia. A verdadeira fé é aquela que se expressa na caridade. Não basta saber doutrina ou repetir fórmulas. É preciso amar, cuidar, servir.
    A caridade é o critério da santidade. É o termômetro da nossa fé. Se amamos de verdade, estamos no caminho certo. Se ignoramos os pobres, estamos longe do coração de Deus. A Igreja só será credível se for amável, misericordiosa e próxima dos que mais sofrem.
4. O Ordo Amoris e a conversão do coração
    Agostinho dizia: “Viver bem é amar bem.” Para ele, a conversão não era apenas mudar de comportamento, mas reorganizar os amores do coração. O pecado nasce quando amamos de forma desordenada, quando colocamos o ego acima de Deus e dos outros. A santidade, por outro lado, nasce quando amamos a Deus até o ponto de nos doar aos outros.
    Leão XIV assume essa visão e aplica à vida da Igreja. Ele mostra que a pobreza não é apenas um problema social, mas um lugar de conversão. É no encontro com os pobres que nosso coração é purificado, que nossos amores são reordenados. A Igreja precisa colocar os pobres no centro, não por estratégia, mas por fidelidade ao Evangelho.
    Esse novo ordo amoris, essa nova ordem do amor, é o que pode renovar a Igreja. Amar os pobres é amar Cristo. E amar Cristo é viver como Ele viveu: com simplicidade, com compaixão, com entrega.
5. Uma Igreja que ama é uma Igreja que evangeliza
    A Exortação Dilexi Te é, no fundo, uma atualização do pensamento de Santo Agostinho. O Papa Leão XIV traduz o “Ama e faze o que quiseres” em linguagem pastoral e social. Ele mostra que amar concretamente, com gestos, com presença, com compromisso, é a forma mais pura de viver a fé.
    Agostinho via a caridade como o princípio interior da fé. Leão XIV aplica essa caridade à vida da Igreja, dizendo que ela só será verdadeira se for misericordiosa. A Igreja não pode ser apenas doutrina; ela precisa ser coração. Não pode ser apenas estrutura; precisa ser casa. Não pode ser apenas palavra; precisa ser gesto.
    A frase que resume tudo isso é simples e profunda: “Onde há amor verdadeiro, ali está Deus e onde há pobres amados, ali Deus se faz visível.”
    Que nossas comunidades possam viver essa verdade. Que sejamos Igreja que ama, que serve, que acolhe. Que Santo Agostinho e Papa Leão XIV nos inspirem a viver uma fé encarnada, uma caridade concreta e uma comunhão que transforma.