Bom Pastor, Semeador e Pescador
Missão é resgatar as
sementes do Verbo em cada cultura, em cada época, revelado na cultura de
solidariedade em vista da utopia de um novo céu e uma nova terra. Missão é
coerência, é testemunho, é vida que se faz Vida, é consumir a vida no meio do
povo, atuando na realidade, ensinando a fazer o mesmo que fez Jesus, na
realidade convocada pela universalidade da missão. Missão não é só poesia, não
é ilusão, não é fantasia, não é somente sonho. Missão é se envolver nas rudezas
da realidade que anseia pelo dia da libertação. Missão é ato redentor! Missão é
preferir sujar as botas, percorrendo as ruas poeirentas ou lamacentas para
estar com o povo.
É o anseio por
estabelecer uma nova ordem sempre presente em cada cultura, cada época; é
"o sonho de todos viverem a vida em paz, sem posse e, por isso, sem
ganância ou fome. Nada pelo qual matar ou morrer. Uma irmandade de homens,
dividindo todo o mundo" (J. Lenon- Imagine).
A missão de Jesus
recebida do Pai esteve sempre presente nos anseios mais recônditos de cada ser
humano, apesar de, na maioria das vezes, ser abafada pela cultura de consumo e
de morte. Como Jesus que veio realizar a missão recebida do Pai de anunciar a
Boa Nova aos pobres, proclamar a remissão aos presos e aos cegos, a recuperação
da vista, para restituir a liberdade dos oprimidos (Lc 4, 18-19), pregar e
expulsar os demônios (Mc 3,15); assim o missionário, a missionária, hoje,
assumem a luta que Jesus iniciou, contra os poderes do mal que empobrecem a
vida do povo.
Identificando-se com
Jesus, o missionário é convidado a ser pobre (Lc 14,33). Sonhar com status,
poder, prosperidade, salários, carro último ano, conforto e bem-estar que a
religião do consumo prega, choca profundamente com a insistência de Jesus para
um trabalho gratuito, despojado, apoiado na providência de Deus (Lc 9,1-5). Se
olharmos um pouco a questão da proveniência de uma maioria de nós chamados à
vida consagrada e presbiteral, não nos esquecendo de nossas raízes, deveríamos
manter uma postura popular e simples, sem encontrar dificuldade na nossa
inserção à realidade do povo, encarnando-nos na cultura nossa, que é a cultura
deles (1Cor 1,26-31). O esvaziar-se como Jesus, que assumiu a nossa condição
humana (Fil 2,7), é o processo pelo qual todo missionário deve passar.
Fazendo-se pobre, ele é enviado aos empobrecidos. Somente fazendo a experiência
de pobreza junto aos pobres, é que o missionário vai sentir a dureza da
pobreza, fruto da injustiça, podendo receber a iluminação e a força necessária
para uma caminhada libertadora (Ex 3, 7-10).
O missionário, a
missionária, é alguém, portanto, que se converteu como Zaqueu (Lc 19,1-10).
Zaqueu vê Jesus e se converte, muda de vida, aderindo às suas exigências. É
como a Samaritana (Jo 4,5-52) que, no diálogo com Jesus pede a água viva, e é
introduzida no mistério da missão do Mestre e, envolvida pelo Espírito de
Jesus, sai correndo, deixa os seus cântaros e vai anunciar o Messias que ela
acabou de encontrar. É ainda, como Maria Madalena (Jo 20,17) que viu Jesus, e
sai correndo para anunciar aos discípulos a ressurreição do Senhor.
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Missão é coerência, é
testemunho, é vida que se faz Vida, é consumir a vida no meio do povo, atuando
na realidade, ensinando a fazer o mesmo que fez Jesus, na realidade convocada
pela universalidade da missão. Missão não é só poesia, não é ilusão, não é
fantasia, não é somente sonho. Missão é se envolver nas rudezas da realidade
que anseia pelo dia da libertação. Missão é ato redentor! Missão é preferir
sujar as botas, percorrendo as ruas poeirentas ou lamacentas para estar com o
povo.
Jamais foi possível
sintonizar simultaneamente com os quatro cantos do mundo e nos sentirmos tão
próximos. Tudo o que acontece, ou se faz, torna-se notícia num segundo,
visualizado em todos os continentes. O mundo dos sons, das imagens,
aperfeiçoando a sua tecnologia, se multiplicou e as distâncias se encurtaram,
ultrapassando quaisquer fronteiras; as possibilidades se multiplicaram para
fazer as pessoas saírem do isolamento e obterem todas as informações possíveis
e imagináveis, num segundo. Ao mesmo tempo, o desafio da distância entre os
privilegiados que são poucos e os excluídos que são a maioria continua
aumentando cada vez mais.
Vivemos a era planetária.
A universalidade não é mais um problema. Vivemos dentro dela. As fronteiras que
nos separavam pelo subdesenvolvimento foram vencidas pela tecnologia. O modelo
tradicional foi superado e a metodologia de um trabalho corpo a corpo vem
substituído pelo sistema imperceptível, que não ocupa espaço e nem tempo. É
transmissão direta, simultânea de sons, imagens e mensagens.
Boa Missão!