"Por Deus, tenham um blog!" Papa Bento XVI


Coragem, Levanta-te! Jesus te Chama!


segunda-feira, 10 de junho de 2013


A visita marca o hospede e o hospede marca a visita.

“Seja bem vindo ô lê lê, seja bem vindo ô lá lá, paz e bem pra você que veio participar...”

Foi com esta alegria que recebemos a comunicação que irmãos de nossa congregação nos visitaria, entre eles o “mais velho” (na cultura angolana o mais velho é aquele responsável pela guarda da história e por manter viva a tradição cultural do seu povo, não significa o mais idoso, é o que tem a autoridade reconhecida), depois de um ano e meio, nossa alegria se multiplicou por saber que outro irmão também vinha com desejo de se fazer hospede nesta casa angolana que nos acolheu, pois estamos aqui com a missão de ser hospedes na casa do outro.

A visita na cultura luvale e outros povos angolanos só tem a data de chegada, por isso a saudação: “Tambwokenu mwane” (boa chegada, ou, seja bem vindo) ecoa no coração do visitador como sinal de acolhida e respeito pela sua história, viagem realizada e as notícias que trás dos lugares por onde andou; o relato do que se passou na viagem é muito importante, pois confirma a coragem, a ousadia e perseverança no que foi programado..., fomos acolhidos em muitas comunidades com a frase: “muito obrigado senhores padres que não mediram esforços, percorreram grandes distâncias, enfrentaram dificuldades, mas agora estão aqui, muito obrigado!” Palavra que nos foi dada e que passamos e estes nossos irmãos Pe Geraldo Mayrink e Pe José Estevam e aos outros irmãos e irmãs que se fizeram presentes de coração nesta visita canônica; congregacional.

Numa antítese do evangelho é Isabel visitando Maria. A origem de uma história que visita o início de outra história, o futuro planejado em “Capítulos” anteriores que se torna presente com esta presença, confirmando assim o presente do nosso futuro. Recebemos a visita destes nossos irmãos como aqueles que trazem notícias de amigos, situações, alegrias, esperanças, angústias... Reconhecemos nas palavras destes nossos irmãos a presença do Espirito Santo que nos une na missão, fecundando nossa saudade e confirmando os benditos frutos que oferecemos a esta cultura. Temos, também a sensação de que como Isabel ficou cheia do Espírito Santo e a criança saltou de alegria no seu ventre ao ouvir a saudação de Maria, estes nossos irmãos também saem marcados pela vivência celebrativa nesta hospedagem, tal como João Batista saltou de alegria, imaginamos que estes nossos irmãos se alegraram com a missão Sacramentina deste lado do atlântico.

Com esta visita cria uma marca, um ponto de avaliação, antes da visita e depois da visita. Amadurece em nós a certeza de não sermos “aventureiros travestidos de missionários”, não estamos aqui para fazer experiência missionária, mas para realizar um projeto congregacional, realizar o futuro planeado em muitas oportunidades de reflexão em reuniões SDN.

Renovamos em nós a energia interior tanto quanto a exterior (haja vista que compramos um gerador novo, pois as visitas devem passar bem, consequentemente usufruímos dos frutos desta visitação...)

Fomos marcados por estes nossos irmãos pela disponibilidade da viagem, ás vezes “por amor a missão”. (viajar nos bancos lateriais de uma landcruiser em estradas pouco “civilizadas” demanda disposição). Marcou-nos também o “espanto fenomenológico” diante de sabores, cheiros, fonética, distâncias, cores... As novidades nos tornam mais novos... A alegria de celebrar juntos as laudes, as completas... Partilhamos a ausência de informações, pois único meio de noticia é a radio em francês ou inglês... só mesmo com a visita costumeira ás irmãs, os padres e os brasileiros que estão em Cazombo para acessar a internet e saciar nossa fome de notícias...

Fomos marcados também pela solidariedade de uma carta, um cartão, a oferta financeira, uma lembrança, uma saudação, um abraço... Sentimos que estamos juntos!

Ainda na cultura luvale e de outros povos angolanos, a visita fica até quando o hospede lhe oferece dinheiro para regressar a sua origem. Para nossa paz interior e equilíbrio financeiro de nossa comunidade, estas visitas deixaram muito mais que trouxeram.

Reacende em nós a saudade congregacional, encarnar-se em outra cultura exige renúncia da cultura assimilada, é trazer na bagagem “cabeça e coração”, sabemos que nunca seremos angolanos, mas temos certeza de estar perdendo a originalidade brasileira, sem isso não há encarnação. Porém é bom estar junto dos nossos, dos que tem os mesmos ideais, carisma, sonhos... mesmo que haja divergências, o que é saudável para todo grupo crescer com maturidade. Acreditamos que estas divergências devem até mesmo crescer, pois não podemos pensar a congregação SDN somente de um lado do atlântico, estamos absolutamente certos de que estamos na “pauta” e que vamos permanecer. Pois, nossa história está mais ampla.

Sentimos visitados não só por haver cumprimento de um protocolo constitucional, mas de irmãos visitando outros irmãos, na alegria, na simplicidade entre os “pobrim”, na partilha das atividades do lar; cozinhar, lavar, passar...

Visita uma marca que fica.

Uma história que se partilha!

Uma experiência que enriquece.

Uma vida que renasce

Uma fé que vivifica,

Uma alegria que se renova

Uma nova histórica que surge

Uma esperança que floresce

Uma caminhada que se avalia.

Um horizonte que se abre!

Obrigado à visita que nos fizeram!

Pela alegria que nos trouxeram.

O coração se abriu

O olhar  se purificou

A certeza que não estamos sós

Obrigado pela aproximação da vida que estava distante.

O sorriso de nossa família

As lembranças dos amigos

E as orações dos crentes.

Tunasakwilila mwane.

Realmente, a visita é uma marca que fica no visitador e no hospede.

Obrigado a Deus que nos ensinou essa arte de marcar as pessoas com o selo da esperança, com aquela visita que Ele nos fez e que nunca mais esquecemos.  “Encarnação, para a vida do mundo!”

 

Pe. Renato Dutra Borges, SDN

Pe. João Lúcio Gomes Benfica, SDN