A
missão cresce na direção da pessoa e do mundo.
“Kumona njamba,
kuenda, hukulwonoko”
(Para ver elefantes é
preciso viajar, não basta ter idade avançada.)
“Jesus andou pelo mundo fazendo o
bem a todas as pessoas...” (At 10,18)
Deus percebe a necessidade da humanidade
e suscita pessoas para oferecer a resposta esperada ou reconduzir as pessoas ao
“caminho” dos mandamentos divinos, cabe ao ser humano ouvir o chamado e
responder afirmativamente, saindo de si e doando-se ao outro em qualquer lugar
do mundo para anunciar as maravilhas que Deus realiza na sua própria
existência. (At 2, 5-13)
Toda missão é itinerante e colhe frutos
na perseverança, necessita presença, assumir um “lugar” histórico e um contexto
cultural (At 17, 22-31). A referência é o Evangelho de Jesus Cristo. A missão é
maior, não está limitada a determinados destinatários ou realidades culturais. A
messe é grande e fica maior a cada pessoa que acolhemos no Batismo e a cada
comunidade que fundamos, pois a missão cresce na direção da pessoa e do mundo!
O povo angolano é sábio quando afirma: “Husulila
tchifulchi tunamonoho, hasulila uthu kutwamwenho” (Onde a terra acaba vemos,
onde acabam as pessoas não o vemos)
Os limites da terra nós sabemos, mesmo
assim devemos avançar para os confins do mundo, os limites do ser humano ainda
são desconhecidos... o Evangelho deve então penetrar as estruturas e culturas
onde vive o ser humano, motivando para o crescimento em comum (Mc 16,15).
Aprofundar o mistério da fé e a doutrina
cristã a todo batizado, encantá-lo com a vivência do Reino de Deus e ainda
provocar o efeito multiplicador é nosso desafio, pois devemos dar condições para
que todo batizado persevere na sua missão com alegria e itinerância. (At 8,
26-40)
Não podemos nos acomodar com os batismos
que celebramos, com as comunidades que fundamos; devemos proclamar e construir
o Reino de Deus, a itinerância não é só percorrer caminhos, mas buscar formas,
métodos, dinâmicas para aproximar as pessoas do Evangelho e o Evangelho das pessoas
(1Cor 11, 17-26). Sustentar nesta convicção de que se realiza algo bom e necessário
com as pessoas que convive e no lugar onde está é o que alimenta a
perseverança.
Vivemos numa pequena comunidade com
cerca de 30 mil habitantes, região da paróquia Santo António (comunas de
Cavungo, Lóvua e Caianda) numa área de aproximadamente 22 mil km2
dando uma média de 1,36 pessoas por Km2... área vasta e pouco
habitada, o cristianismo ainda é nascente, pois ainda não penetrou no cerne da
cultura, por isso minoritário. Batizamos 798 pessoas e fundamos 08 comunidades
de um total de 29 comunidades. Orientar as pessoas na sabedoria que está na
Palavra de Deus e na tradição cristã tem sido nosso trabalho. Usamos o método
de reunir as pessoas para estudar a Bíblia nos grupos de reflexão e ainda
motivar as famílias para que a tarde, quando estão em volta da fogueira,
rezarem o rosário.
A necessidade do Povo de Deus é
gritante. Com espírito de amor e sacrifício assumimos em comunhão com nossa
congregação outra área missionária vastíssima, a paróquia de São Bento, compondo
assim todo município do Alto Zambeze, cerca de 48 mil km2.
Neste ano de 2014, acolhemos duas
missionárias, Ir. Dorinha e Ir. Vininha, Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do
Amparo. É a providência Divina, pois a missão acontece mesmo na direção das
pessoas e do mundo.
Do lugar onde estamos contemplamos a
dimensão do Reino de Deus que anunciamos e a comunhão do Povo de Deus que
promovemos. Encantar as pessoas para o seguimento de Jesus Cristo é
desafiante. A itinerância pode se tornar
uma fuga pela incapacidade de perseverar nestes desafios, é a tentação na
missão, seja local, além fronteiras ou ad gentes. Superar esta tentação exige
vivência fraterna, paciência histórica e clareza na percepção da missão que se
realiza entre as pessoas e no mundo (Mc 4, 3-9).
Vivemos um tempo de graça na diocese de Lwena,
pois nosso bispo Dom Jesus Tirso Blanco, convocou toda diocese para reflexão
através do sínodo diocesano, oportunidade de testemunhar a unidade e a
corresponsabilidade da Igreja Povo de Deus. Este sínodo é uma necessidade,
pois, nas palavras de nosso bispo: “A
nossa Diocese, depois de um período inicial de grande expansão, viveu um tempo
caracterizado não só pela destruição ou grave deteriorização de mais de
sessenta das suas estruturas, mas também pela dispersão de inúmeras comunidades
por causa das guerras de independência e sobretudo pela guerra fratricida que
assolou o país todo e muito particularmente a nossa província. Nessa altura,
houve uma diminuição drástica de missionários e uma dispersão notável de muitos
fiéis. Foi um período amargo da nossa história, mas também temos que reconhecer
e agradecer pastores e fiéis, principalmente os catequistas, que mantiveram
viva a chama da fé do nosso povo.
Com o advento da paz foi possível a
reinstalação das populações nos locais de origem e a abertura de muitas
missões; trabalho feito com muito sacrifício e heroísmo. Actualmente, após mais
de dez anos de paz, vivemos um tempo privilegiado: há liberdade religiosa, que
nem sempre existiu no passado, e, mesmo com as dificuldades inerentes ao estado
dos caminhos, é possível chegar até aos locais mais recônditos da nossa extensa
Diocese.
Apesar destes sinais positivos, não nos podemos
iludir: Angola tem 522 anos de evangelização e Moxico apenas 80, boa parte
deles vividos em conflitos armados, com a consequente carência de missionários
e de condições propícias para a tarefa da evangelização. Por isso não é de admirar que o nosso
território tenha uma das percentagens mais baixas de católicos a nível
nacional.”
Que a exemplo de Jesus que tendo amado os seus
que estavam no mundo amo-os até o fim (Jo 13,1) e que a atitude apressada de
Maria indo ao encontro de Isabel para comunicar e celebrar as maravilhas de
Deus (Lc 1, 39-40), motive cada batizado a dar passos largos e decididos na
direção da pessoa e do mundo, evitando o risco de ficar a vangloriar-se da
idade avançada sem nunca ter visto um “elefante”.
Muito bom, seu texto nos mostra de forma bem clara, um pouco da historria da caminhada missilnaria que vai se firmando e enraizando aos poucos, e deve ser muito gratifkcante fazer parte efetivamente deste clntexto! Ainda quero ver muitos elefantes.Estou aqui escrevendo ainda com dificulxades pou causa xa recuperaçao da visao pos cirurgia mas aos poucos vou fetornando... obrigada grande abraço!
ResponderExcluirMeu comentario deve estar cheio de erros de digitaçao...ta tudo mril embaçado ainda...rs.rs...
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