"Por Deus, tenham um blog!" Papa Bento XVI


Coragem, Levanta-te! Jesus te Chama!


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Africae Munus

Bento XVI: reconciliação dentro e fora da Igreja
Ao assinar a Exortação apostólica pós-sinodal “Africae Munus” [O compromisso da África], o Papa Bento XVI exortou a não abandonar jamais a busca da paz e da reconciliação necessárias no continente africano e em toda a Igreja.
Na Basílica da Imaculada Concepção de Ouidah, no Benin, perante bispos de diferentes lugares da África, o Santo Padre disse que “hoje [19 de novembro], com a assinatura da Exortação “Africae Munus”, conclui-se a celebração do evento sinodal. O Sínodo deu um impulso à Igreja Católica na África, que rezou, refletiu e debateu sobre o tema da reconciliação, da justiça e da paz”.
Depois de assinalar que a assembleia sinodal de 2009 se viu enriquecida pela Exortação apostólica pós-sinodal “Ecclesia in Africa”, do Beato João Paulo II, Bento XVI recordou que este documento “sublinhou com força a urgência da evangelização do continente, que não pode separar-se da promoção humana. Por outra parte, desenvolveu-se nela o conceito de Igreja-família de Deus. Este conceito produziu muitos frutos espirituais para a Igreja Católica e para a atividade de evangelização e de promoção humana que ela realizou a bem da sociedade africana no seu conjunto”.
Com efeito, disse o Papa, “a Igreja é chamada a reconhecer-se cada vez mais como uma família. Para os cristãos, trata-se da comunidade dos crentes que louva a Deus Uno e Trino, celebra os grandes mistérios da nossa fé e anima com a caridade as relações entre as pessoas, os grupos e as nações, independentemente das respectivas diferenças étnicas, culturais e religiosas”.
Bento XVI também ressaltou que “uma Igreja internamente reconciliada entre todos os seus membros poderá tornar-se sinal profético de reconciliação em nível da sociedade, de cada país e do continente inteiro. São Paulo escreve: ‘Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação’”.
O Pontífice ressaltou que “é preciso não cessar jamais de procurar os caminhos da paz. Esta é um dos bens mais preciosos. Para alcançá-la, é necessário ter a coragem da reconciliação que nasce do perdão, da vontade de recomeçar a vida comunitária, da visão solidária do futuro, da perseverança para superar as dificuldades”.
“Os homens, reconciliados e em paz com Deus e o próximo, podem trabalhar por uma justiça maior no seio da sociedade. É preciso não esquecer que a justiça primeira é, segundo o Evangelho, cumprir a vontade de Deus. Desta opção de base, derivam inúmeras iniciativas que visam a promover a justiça na África e o bem de todos os habitantes do continente, principalmente dos mais carenciados que precisam de emprego, escolas e hospitais.”
Finalmente o Papa exortou: “África, terra de um Novo Pentecostes, tem confiança em Deus! Animada pelo Espírito de Jesus Cristo ressuscitado, torna-te a grande família de Deus, generosa com todos os teus filhos e filhas, agentes de reconciliação, de paz e de justiça. África, Boa Nova para a Igreja, torna-te isto mesmo para o mundo inteiro!”

Fonte: ACIPrensa

africae munusBento XVI: reconciliação dentro e fora da Igreja Ao assinar a Exortação apostólica pós-sinodal “Africae Munus” [O compromisso da África], o Papa Bento XVI exortou a não abandonar jamais a busca da paz e da reconciliação necessárias no continente africano e em toda a Igreja. Na Basílica da Imaculada Concepção de Ouidah, no Benin, perante bispos de diferentes lugares da África, o Santo Padre disse que “hoje [19 de novembro], com a assinatura da Exortação “Africae Munus”, conclui-se a celebração do evento sinodal. O Sínodo deu um impulso à Igreja Católica na África, que rezou, refletiu e debateu sobre o tema da reconciliação, da justiça e da paz”. Depois de assinalar que a assembleia sinodal de 2009 se viu enriquecida pela Exortação apostólica pós-sinodal “Ecclesia in Africa”, do Beato João Paulo II, Bento XVI recordou que este documento “sublinhou com força a urgência da evangelização do continente, que não pode separar-se da promoção humana. Por outra parte, desenvolveu-se nela o conceito de Igreja-família de Deus. Este conceito produziu muitos frutos espirituais para a Igreja Católica e para a atividade de evangelização e de promoção humana que ela realizou a bem da sociedade africana no seu conjunto”. Com efeito, disse o Papa, “a Igreja é chamada a reconhecer-se cada vez mais como uma família. Para os cristãos, trata-se da comunidade dos crentes que louva a Deus Uno e Trino, celebra os grandes mistérios da nossa fé e anima com a caridade as relações entre as pessoas, os grupos e as nações, independentemente das respectivas diferenças étnicas, culturais e religiosas”. Bento XVI também ressaltou que “uma Igreja internamente reconciliada entre todos os seus membros poderá tornar-se sinal profético de reconciliação em nível da sociedade, de cada país e do continente inteiro. São Paulo escreve: ‘Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação’”. O Pontífice ressaltou que “é preciso não cessar jamais de procurar os caminhos da paz. Esta é um dos bens mais preciosos. Para alcançá-la, é necessário ter a coragem da reconciliação que nasce do perdão, da vontade de recomeçar a vida comunitária, da visão solidária do futuro, da perseverança para superar as dificuldades”. “Os homens, reconciliados e em paz com Deus e o próximo, podem trabalhar por uma justiça maior no seio da sociedade. É preciso não esquecer que a justiça primeira é, segundo o Evangelho, cumprir a vontade de Deus. Desta opção de base, derivam inúmeras iniciativas que visam a promover a justiça na África e o bem de todos os habitantes do continente, principalmente dos mais carenciados que precisam de emprego, escolas e hospitais.” Finalmente o Papa exortou: “África, terra de um Novo Pentecostes, tem confiança em Deus! Animada pelo Espírito de Jesus Cristo ressuscitado, torna-te a grande família de Deus, generosa com todos os teus filhos e filhas, agentes de reconciliação, de paz e de justiça. África, Boa Nova para a Igreja, torna-te isto mesmo para o mundo inteiro!” Fonte: ACIPrensa

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Os 10 “empurrões” do Espírito Santo - Dom Luiz Augusto Castro.



Os 10 “empurrões” do Espírito Santo
Dom Luiz Augusto Castro:

01  Para fora: quando o Espírito nos toca, nos empurra para fora das nossas fronteiras.

02  Para todos: não existem mais fronteiras religiosas ou culturais. As sementes do verbo estão espalhadas em todas as culturas e expressões.

03  Para dentro: leva-nos para dentro da Igreja para construirmos a comunhão, unidade, força da missão.

04  Para o fundo: faz-nos entrar em profundidade, vivendo uma espiritualidade missionária que deve estar aberta a todas as espiritualidades, colhendo o novo.
05  Para o lado: faz-nos olhar quem está ao nosso lado, para vencer o “câncer” da exclusão social, vivendo e construindo a solidariedade.
06  Para trás: faz-nos olhar o passado para retomá-lo com coragem, recuperando nossa história, nossas raízes.

07  Para frente: torna-nos pessoas de esperança, olhando para frente sem desanimar.
as plantas, animais, a mãe terra. Ela merece a nossa atenção

 08  Para baixo: faz-nos olhar a natureza, a criação, e respeito, pois está cheia de dignidade.

09  Para cima: é o convite à santidade, pois o verdadeiro missionário é santo.

10  Para além-fronteiras: é missão não só “do” Continente, mas “desde” o nosso Continente para todas as nações. Só o fogo do Pentecostes pode nos levar a cumprir tudo isso.

domingo, 16 de outubro de 2011

SER MISSIONÁRIO É...


COMO HÓSPEDE NA CASA DOS OUTROS
            O Ser hóspede cria uma situação de dependência em relação a outro povo e outra cultura. É obrigação do hóspede apreciar e aceitar o que é oferecido, qualquer que seja a oferta. Não cabe a ele selecionar e mudar. Vive a gratuidade de ser acolhido, de ser recebido, de ser alimentado e de ser incluído no mundo do outro. Sua casa é casa do outro, não lhe pertence. É casa emprestada na morada do outro. É casa sagrada. Entra como hóspede nas relações familiares e grupais, procurando ocupar o lugar que lhe cabe sem invadir o espaço do outro. O ritmo da vida lhe é imposto pelos parâmetros culturais, abrindo caminho nas relações já estabelecidas. O hóspede não incomoda, não é arrogante e orgulhoso. É hóspede porque recebe, na gratuidade, o dom de ser acolhido.
            O hóspede recebe a hospitalidade e torna-se amigo. Não vai para outro povo e outra cultura para ser venerado. Ele aceita a riqueza da cultura, a beleza da língua, o gosto da cozinha e a amizade de quem o hospeda.
            O hóspede cria sempre um sentido de mal-estar e abala a normalidade das relações do outro. Ainda não é familiar e quase nunca vai ser. Sua história de vida e sua visão de mundo não bate com a história de vida do grupo. Ele precisa pisar devagar sobre um terreno úmido, movediço ou duro. A maneira de colocar o pé e os dedos no chão diferenciam seu jeito de caminhar do outro. O hóspede é sempre uma ameaça, um intruso, alguém que põe em perigo a tranqüilidade e a serenidade da identidade já estabelecida. A dureza da pele, os calos nos pés, o jeito de locomover-se, o movimento de suas mãos é diferente e o outro o vê com apreensão e medo. Através da relação, os medos são espantados, superados e negados. Ou talvez, os mesmos medos são exacerbados, aumentados e engrandecidos. É preciso muito tempo para que o hóspede seja aceito, mas quase nunca chega a ser membro da família.
            O Ser hóspede não é fácil, mas é uma necessária condição do missionário, quando passa de uma cultura a outra. É sobre essa base que devem ser estabelecidos novos relacionamentos e ocupados os espaços permitidos. É nessa situação de hóspede que o missionário comunica e apreende, ensina e partilha, transmite e recebe, sabendo que o Espírito de Deus antecede sua chegada.
            Quem parte para missão é para vida toda, com disposição para dar tudo de si, não contar os dias, não é para fazer experiência, é doar a vida, o projeto missionário sim tem um tempo para vigorar e para sair. Missão é partir para ser hospede na casa do outro dar e receber. (Mc 6,10; At 9,43; At 11,3; At 18,7)
            A ação missionária nasce sempre de uma compaixão, que por sua vez surge de uma visão e de uma escuta (Ex 3,7-8; Mt 9,36). É preciso, portanto, sair de si mesmos para pôr-se nessa profunda atenção da realidade. Só uma Igreja articulada em torno do princípio da comunhão e não da instituição, da dimensão eqüitativa do Povo de Deus e não da hierarquia, poderá ser “sinal e instrumento de reconciliação e paz para nossos povos” (DAp 162). Imediatamente, essa “comunhão e participação” deverá se refletir ad extra, na comunhão entre Igrejas no mundo inteiro. Nessa prática fundamental para sua identidade, a Igreja é chamada a sair de suas relações e a refazer continuamente novas relações.
            Tire as sandálias dos pés, porquê o lugar onde você está pisando ‘e um lugar sagrado. (Ex 3,5). As sandálias representam o que está amoldado a nosso pé, é a forma que acompanha nosso feitio, nossos calos. A ordem: tirar as sandálias significa retirar de ti o habitual que te envolve e reconhecer que o lugar onde estás nesse momento é sagrado. Porque não há lugar ou momento que não seja sagrado.
Habituamo-nos a determinados padrões e condutas que se tornam nosso sapato. E é com ele que caminhamos pela vida.
            O sapato representa a proteção indispensável entre o ser e seu meio. Nesse processo, há uma importante interação entre os pés e o sapato. Este nos protege pela sola, mas para que cada passo seja confortável ao pé e para que ele não se desapegue é preciso que o corpo do sapato vá se ajustando à nossa forma.            O chão é pavimento da vida e ele não se ajusta a nossa pisada. De tanto em tanto, temos que retirar o sapato e tocar o solo com a planta do pé.
            Aeromoças dizem: cuidado ao abrir os compartimentos de bagagem, pois os objetos podem ter se deslocado durante a viagem.
            Na nossa viagem nada estará no lugar em que deixamos. E as bagagens, que simbolizam o desejo de permanência, a vontade de nunca termos viajado e termos nos exposto as incertezas , essas são as que nunca saem ilesas. Elas se movem e em breve, o que parecia indispensável será mais que supérfluo, tornando–se um empecilho a peregrinação.
Mesmo numa terra prometida que tenha tantas bênçãos e avanços em relação à terra deixada, não é possível reproduzir certas coisas deixadas para trás.
            A terra de onde se parte é a terra onde se viveu e não há substituto ao que foi vivido. Mesmo em condições melhores, mesmo em circunstâncias mais apropriadas à nossa visão de mundo, o que se viveu é parte de uma terra deixada.
            A mala é o patrimônio mínimo que carregamos conosco. Ela é o nosso pequeno poder em terras de somos desprotegidos. Assim na própria vida, vamos aprendendo que a segurança maior não esta nas coisas ou nos objetos, mas na interação.
            O peregrino não precisa de bagagem porque o outro o provera. Sua atitude não deve ser classificada como benevolente porque há uma relação básica na vida que normalmente nos passa despercebida: trata-se da troca entre a Prosperidade Interna e a Prosperidade Externa.
            Na jornada temos a constante troca, nunca um ato unilateral de benevolência do anfitrião. Na verdade, o maior agraciado nessa troca é na maioria das vezes, o anfitrião. Ele oferece sua Prosperidade Externa, seja na forma de abrigo, alimento ou conselho, e recebe em troca a força e a novidade da Prosperidade Interna de quem está em viagem.
            A Prosperidade Interna é o maior patrimônio do peregrino e ele poderá permutar seus bens internos por bens externos.
            Ditado sufi: “Minha vida toda fiquei batendo na porta esperando que abrissem sem saber que eu estava batendo pelo lado de dentro.”

Porque ser hospede na casa o outro?:
            “A Igreja é por sua natureza missionária” (AG 2. “A missão tem a sua origem na iniciativa do amor de Deus, Uno e Trino. Portanto, a missão tem a sua origem na Santíssima Trindade e é anterior à Igreja”. Esse “amor-fonte”, que é relação configurada através da missão de Deus (missio Dei). Deus, que é amor, estende através de seu Filho e do Espírito Santo as suas duas mãos à humanidade.
            A salvação é oferecida a todos os homens (cf.RM 10). A Igreja é enviada a anunciar e testemunhar o Evangelho como Jesus fez, enviando os seus Apóstolos a todo o mundo tal qual ele tinha sido enviado pelo Pai (Jo 20,21, dando-lhes este mandamento: “Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos prescrevi” (Mt 28,19ss). “Ide por todo o mundo, proclamai a Boa Nova a toda criatura” (Mc 16,15).  A Igreja é enviada a todos os povos como uma “tarefa” clara de “fazer discípulos”.
            O decreto Ad Gentes traça um percurso em 3 etapas essenciais da ação missionária, de fato, são elementos (ferramentas) práticos da missão.
a)                  O testemunho/diálogo (AG 10-11).
b)                 O anúncio/conversão (AG 13-14).
c)                  A formação da comunidade cristã (AG 15ss).
Missão universal:
“Com a formação da nova comunidade, a missão da Igreja não pode parar e se acomodar, mas tem que partir novamente de um novo patamar”. É o documento de Puebla que aponta para essa reflexão. Evangelii Nuntiandi e a Redemptor Missio retomam, mais ou menos, o mesmo esquema do Ad Gentes, sobre o processo da missão [testemunho/diálogo, anúncio/conversão, formação de comunidade], Puebla acrescenta outro elemento: a missão. Em outras palavras, uma comunidade não pode considerar-se “evangelizada” até que ela mesma não é enviada e não envia seus missionários a todos os povos (cf. Puebla 356-361).
            Um dos maiores desafios que as comunidades missionárias enfrentam hoje é o de preparar as pessoas para uma missão intercultural, através de uma orientação que capacite o missionário para ser participante ativo na transmissão de significado através de barreiras culturais. O missionário cruzará a barreira cultural somente através de uma passagem que se poderia descrever como um deserto árido ou "terra de ninguém". O chamado para continuar a missão de Jesus no mundo de hoje implica a transmissão do significado, o sentido da vida em seu nível mais profundo.
            Há um paradoxo neste chamado à missão. A própria pessoa que é chamada a participar ativamente na transmissão do sentido deve atravessar um processo no qual experimenta uma crise profunda que invade seu próprio mundo de identidade pessoal. Para responder à missão em seu nível mais profundo, eu, como missionário, devo estar disposto a atravessar um período de crise de sentido, um tempo de "sem sentido". A cruz da barreira cultural começa para o missionário quando, como Abraão, parte ao chamado de Deus, para uma terra que lhe será indicada. É preciso cruzar um deserto estéril na fronteira da missão.
            O processo de inculturação é sempre uma peregrinação para dentro de si mesmo. Quanto mais capaz de experimentar novas e diferentes dimensões da diversidade humana, mais a pessoa aprende de si mesma. O processo de, entrar em outra cultura requer a disposição para partir numa viagem, tanto interior como exterior.
O que levar nessa viagem interior e exterior?
Consigo viver como hospede?Por que?
Estou preparado para ajudar o povo de Deus a fazer este processo de evangelização onde vivo minha missão?Como?



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Começa curso no CCM para missionários além-fronteiras
Nacionais
Escrito por Fúlvio Costa   
Ter, 30 de Agosto de 2011 18:03
Um grupo de 35 pessoas participa desde o dia 28, no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília, do Curso de Extensão Ad Gentes, para missionários enviados além-fronteiras. Promovido pelo CCM em parceria com o Instituto de Filosofia Berthier (IFIBE) de Passo Fundo (RS), tem por objetivo qualificar e capacitar os futuros missionários através das dimensões humana, espiritual, intelectual e prática (presbiteral, religiosa e leiga) que são enviados a países e situações tipicamente missionários nos cinco continentes.
“É uma primeira preparação que quer dispor a pessoa nesse tipo de missão fora do próprio ambiente cultural, da própria Igreja, numa situação completamente nova”, explicou o diretor do CCM, padre Estêvão Raschietti. Segundo ele, os cursistas são convidados ao longo do curso, que tem duração de quase dois meses, a se despojar das raízes culturais, dos seus familiares. “Para fazer isso o missionário tem que ter fortes motivações”, comentou Raschietti.
Mais do que aprofundar as motivações pessoais, o curso também dá orientações sobre a compreensão, a visão dos desafios missionários, além de aprofundamentos bíblicos, teológicos e históricos da missão. Fornecesse aos participantes referenciais essenciais teóricos e práticos para a ação missionária, recorrendo a vários tipos de mediações inter-disciplinares.
De acordo com padre Estevão, o curso será concluído, em setembro, com três dias de espiritualidade missionária. Cinco conferências irão ilustrar os desafios missionários nos cinco continentes, que ficará a cargo dos padres das Pontifícias Obras Missionárias.
Flávio Francesco Soares Schmidt, 27, leigo missionário comboniano, se prepara no curso do CCM para uma experiência de dois anos em Moçambique, no continente africano. Sua partida deverá ocorrer em janeiro do próximo ano. “A motivação é a própria experiência missionária em Moçambique. Irei ficar lá um bom tempo e isso requer preparo. Acredito que o curso nos oferecerá bons mecanismos e indicativos para o êxito de todos nós”, justificou.
A religiosa baiana, Vilma de Oliveira, 36, da Congregação Irmãs de São José, de Passo Fundo (RS), também busca no curso o preparo para as exigências missionárias que ela sabe que irá encontrar em Moçambique, África. “Será um tempo de despojamento em que eu irei atender as necessidades do povo africano por três anos”, disse. A religiosa revelou a maior motivação do período missionário que viverá no país africano. “Eu e minha Congregação sentimos que precisamos dar nossa contribuição ao povo que deu muito ao povo brasileiro; o Brasil tem uma dívida histórica com aquele continente e nós queremos fazer nossa parte”, afirmou.
Para Vilma, o curso oferece um direcionamento singular para o entendimento da cultura dos povos, bem como sobre aspectos da missão afetiva, intelectual, humana, espiritual e prática. “O curso nos faz entender que somos missionários para somar com os povos, construir com eles sem interferir na sua cultura”.
Também vai fazer sua primeira experiência além-fronteiras o padre da Congregação dos missionários sacramentinos de Nossa Senhora, João Lúcio Gomes Benfica. Para ele, a formação tem mais do que conhecimento para oferecer aos participantes. “Mais do que trazer conhecimento, o curso vem lançar um olhar para a própria pessoa e nos fazer entender que temos que nos vê no processo. Acredito que o curso quer, portanto, vai me situar dentro do processo dessa perspectiva que eu vou assumir”.
Missão, para o padre João Lúcio, é levar a palavra de Deus no meio da diferença dos povos. “Missão é partir e anunciar a Palavra de Deus; despertar as pessoas para a figura de Jesus e fazê-las assumir a sua causa e, mais do que fazer discípulos e missionários, é a gente hoje viver a fé no meio de um povo diferente”.
Português para missionários estrangeiros
Paralelamente ao curso Ad Gentes, acontece no CCM, o curso de aperfeiçoamento em língua portuguesa para missionários estrangeiros. A formação reúne dez pessoas, sendo sete sacerdotes e três religiosas de noves países entre os dias 28 de agosto e 23 de setembro.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

VIII PROFOLIDER - Programa de Formação de Liderança


Liderança em função da missão.

Tornar mais ágil a vontade de Deus.



Após dois meses de intensos trabalhos (início 06 de junho a 04 de agosto) vivenciamos o 8º Curso de Formação de Lideranças (Profolider), evento organizado pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que aconteceu no Centro Cultural Missionário (CCM) e reuniu 38 religiosos de todas as partes do Brasil, além de quatro religiosas estrangeiras. Dividido em quatro módulos de reflexão e estudos “A pessoa e a instituição; a realidade; teologia da vida consagrada e espiritualidade e missão”, o curso teve o objetivo de contribuir, preparar e ajudar pessoas da vida consagrada para melhor assumir a missão.

O curso tem por objetivo oferecer elementos teórico-vivenciais que ajudam a aprofundar a identidade religiosa, desenvolvendo a liderança e a criatividade na missão.

Com foco na Formação Permanente para poder captar os sinais dos tempos e perceber a presença de Deus no meio de nós, a pessoa terá que começar a pensar, a viver e a agir de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo dos fariseus e permitir que a nova experiência de Deus como Pai e Mãe invada sua vida e lhe dê olhos novos para ler e entender os acontecimentos.

A humanidade está vivendo uma crise profunda, crise esta que vem influenciando o paradigma civilizacional. Instrumentalizada pelo capitalismo, a sociedade tornou-se consumista e egoísta. A Vida Religiosa Consagrada não está imune a toda esta problemática. Por isso, é urgente que nos tornemos mais resilientes, com capacidade de enfrentar questões com flexibilidade e resistência. Vivemos num clima de falta de senso crítico diante do individualismo moderno, onde tudo é normal. Para quem não tem compromisso com projeto de Deus, as coisas acontecem sem nenhum questionamento. Diante deste panorama os desafios são enormes: Como liderar um grupo de individualistas? Como um individualista pode liderar outros? Tais desafios têm como conseqüências a perda do ardor comunitário e missionário, pouco espírito de liderança na VRC, anemia espiritual, esfriamento da fé e da espiritualidade.

Necessitamos construir uma nova figura histórica de liderança. Vivemos o tempo da tirania do individualismo. Nesta nova construção histórica deve ser apresentada a comunhão e participação como elementos essenciais de liderança, pois na VRC todos devem ter o carisma da relação interpessoal, animação, apontar caminhos, guia, incentivo, motivação, abertura de perspectivas, sinergia, envolvimento, ousadia, utopia, esperança... O desafio de quem governa a congregação é juntar todas estas forças e colocá-las a serviço do Reino... Num mau exercício de liderança estas forças se perdem. Liderar não é questão de nome, títulos, cargos... mas sim de atitudes no seu modo de agir. Devemos sair do modelo autoritário-centralizador ao modelo evangélico de servidor-correponsabilizador.

Não há iluminados para a solução dos problemas da VRC. Todos são responsáveis, diz respeito à nossa vida na Igreja, na congregação e na sociedade. Quando a VRC entra na dinâmica da liderança em função da missão, o novo acontece. Neste trabalho de reconstrução da figura histórica de liderança da VRC deve-se demonstrar amor à Igreja, dispor a ser centro de unidade, viver sua vocação de maneira exemplar, ter dinamismo missionário, ter habilidade e prudência para governar, ser sensível aos sinais dos tempos e capaz de trabalhar em equipe, e, no trato com os irmãos, saber animá-los no carisma da congregação.

Discernir é encontrar ligação entre ação ética entre o aqui e o agora e o amor da Trindade. O cristianismo só terá futuro se afirmar com toda força a prioridade do amor em relação ao institucional. O discernimento na VRC não admite cristãos infantis que seguem esquemas e se deixam levar pela cabeça dos outros, aplicando cegamente, sem estudar e sem conhecer o que é preciso fazer.

Como encantar os jovens com o desejo da VRC? Está dito na cultura que todo o desejo que nasce no ser humano pode ser realizado. Todavia, é necessário saber dialogar com os desejos. Há muitos obstáculos em diálogos essenciais. A cultura do imediato está ao nosso redor. Se não dialogarmos com estes desejos o imediato toma conta.

Qual o sentido de ser pobre, casto e obediente hoje? A VRC tem uma imagem de Deus que ajudou muitas pessoas em determinado tempo. A imagem de Deus que o ser humano constrói está em constante mutação: para uma visão evangélica e de proximidade com a Graça ou para um relacionamento mágico com Deus. No mundo da informação, com a possibilidade de acesso que nós temos, cresce em nós a sensação de onipresença e, consequentemente, de onipotência. O ser humano percebe-se numa condição de “igual para igual” para com Deus, a relação de encantamento com o mistério perdeu-se muito. A sexualidade hoje vive uma dimensão muito “escancarada. A relação de encantamento com o mistério perdeu o sentido, ficou explícita, pública, sem barreiras... O consumo dita as normas de comportamento, das tendências e o desejo do ter da realização pela posse se torna justificado pelo cultivo da auto-estima... Obedecer se torna mais submissão do que exercício de confiança e identificação com a missão assumida.

É impossível atualizar o voto de pobreza sem estar envolvido na dinâmica ecológica. Ele deve despertar em nós a solidariedade e não o desejo de acúmulo.

Atualizar o voto de obediência é um dever de quem está a frente da instituição, colocar de maneira clara, num diálogo inteligente, quais os critérios que o conselho utilizou para as transferências. Sem isto continua a infantilização da VRC.

O voto de castidade tem dimensão profética, pode ajudar as pessoas apresentando uma abordagem diferente: Tornar o amor a Deus concreto, manifestado por meio do ser humano, amor que não está na dimensão de posse, mas na libertação da pessoa, para que ela possa ser, cada vez mais, ela mesma. A paixão pelo reino deve nos mobilizar para a vivência do amor às pessoas. É preciso colocar a energia sexual a serviço da vida. A realização dos desejos é a “menina dos olhos” da pós-modernidade. O que fazer para harmonizar estes desejos em nós? O primeiro passo é ACOLHER, reconhecer que o desejo é meu e assumi-lo, pois só é redimido o que é assumido. O segundo é SER LIVRE: posso ter? Acrescenta em que a realização deste desejo em mim? A liberdade é fundamental para toda opção madura e responsável. O terceiro passo é OFERTAR, relação imediata com Deus. É, na liberdade, entregar a Deus os sentimentos, realidades e pessoas, motivados pela opção que celebramos na oferenda pública de nossa existência. É levar em conta quem somos na dinâmica que Deus nos criou.

Todo esvaziamento causa angústia, mas gera serenidade, sentimento de perfeita oferenda. O caminho de libertação é viver esta dimensão de forma bíblica e espiritual, assumindo a sexualidade como meio de comunhão com Deus. O caminho de fidelidade passa pela acolhida generosa do Dom de Deus. “Seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir”. Este esforço deve ser um meio para respondermos aos apelos de Deus com mais agilidade. Os votos são tesouros levados em vasos de argila, decifrá-lo é fundamental senão somos devorados pela cultura do imediato. É um instrumento poderoso para a humanidade viver melhor, mas devemos saber lidar com eles para não sermos vítimas deles. É uma potência profética que liberta a liberdade humana, mas potência não é nada sem controle.

Gerir pessoas é o maior desafio, liderar um líder é tarefa que exige equilíbrio e sentido de pertença a uma causa maior que nossas pretensões de reconhecimento pessoal. Para tal é necessário cultivar a espiritualidade para construir unidade interior, ter postura no trato com as pessoas, revelar o caminho espiritual, tornar a instituição espiritualizada, cultivar atitudes de leveza, alegria, simplicidade, bons sentimentos, avançar na partilha dos sentimentos, divertir juntos, dar o peso que as situações merecem , conter exageros... “Com os olhos fixos em Jesus” podemos avançar com segurança.

O chamado de Jesus é para nos colocar a caminho. Ninguém é chamado à perfeição, somos chamados à plenitude. Perfeição foca nos defeitos a corrigir e eliminar. A plenitude tem como foco a Graça, que nos incentiva a investir na virtude. Deus quer de nós qualidade. Deseja que multipliquemos ao máximo os dons que Ele nos concede. Nesta dinâmica é preciso buscar motivação e Graça, elas caminham juntas. Quando a oferenda nos custa, mas é um prazer, ela se torna ação de graças. A renúncia que fazemos na alegria nos torna mais capacitados para missão cristã, porque se investe na capacidade de solidariedade; o foco deve estar no que posso oferecer, não no que vou receber. Devemos transformar a dor e a angústia que a renúncia provoca em Graça e ardor. Só com espiritualidade muito sadia é possível fazer esta passagem.

Há sempre tensão na VRC provocada pela mística-carisma-profecia. A Mística aprofunda a beleza da contemplação, não é o ponto de chegada. A mística favorece a contemplação que flui para o serviço à humanidade. O carisma quando está aquecido, seja pessoal ou institucional, alimenta e estimula o religioso a lançar-se na direção do amor oblativo à humanidade. A essência do cristianismo é a dimensão profética, Deus é percebido na história porque Ele é Palavra viva e eficaz, Ele age na história.

Há duas formas de avaliar nossa empolgação pelo Reino e empolgar outros no seguimento de Jesus para o discipulado missionário. Primeiro: ter espírito de aventura, correr riscos, pois é uma necessidade para alma, hidrata o espírito humano e o gosto pela vida... Segundo: ter causa. Esta só pode existir no corpo das pessoas, se estiver na gaveta é só projeto. Causa provoca horizontes, sonhos, e estes estão no corpo.



Com espírito de aventura gastamos nossa vida em causas importantes. Possuímos a causa dentro de nós, que é a contemplação de outro mundo possível.

Formar líderes conscientes da missão da VRC é a esperança da CRB. Este desejo o percebemos na capacidade de cada religioso e religiosa que se deixaram transformar pelas vivências celebradas e partilhadas, nos conteúdos desafiadores que nos arrancaram de nossa de zona de conforto, nos colocando novamente a caminho, com renovado ardor missionário e na percepção de tantos carismas da Graça de Deus que irrompem em nossa história.



“Que a vida dos religiosos/as seja: ALEGRE, LIVRE e LEVE”
 Ir. Terezinha Cavichi


Pe. Renato Dutra Borges, sdn

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

sintese do livro VARIAÇÕES SOBRE O PRAZER - Rubem Alves


Variações sobre o prazer



                  
         Rubem Alves



Pois é isso que a poesia faz: ela nos convida a andar pelos caminhos de nossa verdade, os caminhos que mora o essencial. Se as pessoas soubessem ler poesia é certo que os terapeutas teriam menos trabalho e talvez suas terapias se transformassem em concertos de poesia.

O fato é que, sem que o saibamos, todos nos estamos enfermos de morte e é preciso viver a vida com sabedoria para que ela, a vida, nao seja retratada pela loucura que nos cerca.

Como tenho raiva de Saint-Exupéry _ "tornamos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos..." mas isto nao é terrível? Ser responsável por tanta gente? Cristo, por amar demais, terminou na Cruz. Embora nao saibamos, o amor também mata.

Então, abandonar o amor? Nao. Mas é preciso escolher. Porque o tempo foge.

Nao há tempo para tudo.

Nao poderei escutar todas as musicas que desejo,

Nao poderei ler todos os livros que desejo,

Naompoderei abraçar todas as pessoas que desejo,

É necessário aprender as arte de abrir mão - para nos dedicarmos ao que é essencial.

Há coisas que que so poderei gozar na solidão. Ninguém é obrigado a gostar das musicas que amo. Entrando neste mundo, gozarei de abençoada solidão, lugar bom para se ouvir música assim e guiando carro sem ninguém para conversar.

Mas quero meus amigos, nao do jeito de Roberto Carlos, que queria um milhão de amigos. Nao é possível ter um milhão de amigos. Quero meus poucos amigos.

Amigos: pessoas em cuja presença nao ē pedido falar...

Somos dominados pelo fetchismo do livro. O que o livro diz tem quer melhor que aquilo que penso. Schopenhauer advertiu os leitores de que, "quando Lemos, outra pessoa pensa por nos: só repetimos seu processo mental. [...] dai se segue que aquele que lê muito ou quase o dia inteiro, e que nos intervalos se entretêm com passatempos triviais, perde, paulatinamente, a capacidade de pensar por conta própria. Esse é o caso de muitos eruditos: leram ate ficarem estúpidos."


Na busca do conhecimento a cada dia se soma algo
Na busca do caminho da Vida a cada dia se diminui algo
Tao-Te-Ching

Eu nao quero prazer eu quero alegria - a insustentável leve do ser Milan Kundera

O corpo nao se contenta com prazer.

A teologia de santo Agostinho se constrói sobre este vazio que se segue ao prazer. Depois de esgotado o prazer, existe na alma, a nostalgia por algo indefinível.
Que indefinível é este que se encontrado nos trará alegria?



Sobre o prazer

1 o prazer só acontece se o corpo tiver posse do seu objeto. O prazer do sorvete so existe se houver um sorvete a ser lambido. O prazer do suco de pitanga só existe se houver suco de pitanga a ser bebido. O prazer do beijo só existe se houver a pessoa amada a ser beijada.

2 o prazer se farta logo. Quantos sorvetes sou capaz de tomar antes que ele se torne de objeto de prazer em causa de sofrimento? Quantos copos de suco de Pitanga sou capa de tomar antes que o corpo diga: "Nao agüento mais!?" Quantos beijos se pode dar na pessoa amada antes de enjoar? O prazer tem Vida curta.

O evangelho do prazer reza: "Bem aventurados os que tem fome, porque serão fartos".


Sobre alegria
1 a alegria nao precisa de posse do objeto desejado para existir. Lembro-me do rosto de um amigo, ele já morreu mas me tras alegria, junto com uma pitada de tristeza. Sentimos alegria lendo uma obra de ficção, um objeto que nunca existiu pode nos trazer alegria... Que somos nos sem o socorro das coisas que nao existem? Que seres estranhos nos somos, capazes de nos alegrar comendo frutos inexistentes!
2 a alegria nunca se farta. A alegria pe mais alegria. Alegria é fome insaciável. Da alegria nunca se diz "Estou satisfeito!", "Chega! "
O evangelho da alegria é diferente da evangelho do prazer: "Bem aventurados os que tem fome, porque terão mais fome".
Mas vez por outra, a alegria e o prazer acontecem juntos. Quando isso acontece, o corpo experimenta uma efêmera epifania do paraiso: o divino se fez carne...

Vejo pessoas comendo frutas por razoes dietéticas racionais quando elas estao doentes... Coma que faz bem... Mas eu nunca comi um fruta em obediência ao imperativo categórico kantiano. Nunca comi uma fruto por motivos racionais. Nao como frutas por razoes dietéticas. Como frutas por razoes estéticas: por puro prazer. Cada fruta tem um prazer diferente. Erotica dos olhos, dos cheiros, do tato, do gosto

Sao gestos de sedução. O meu desejo é que você venha a gostar das mesmas coisas que meu corpo gosta. Toda escrita é uma tentativa de sedução.
Comer uma fruta é uma alegria. Nao foi por acidente que os escritores sagrados, profundos conhecedores da alam humana, escolheram uma fruta como lugar onde os deuses depositaram o seu saber. O saber dos deuses é comestível, saboroso, é sapientia.


Primeira variação - TEOLOGIA- Santo Agostinho
Na feira da fruição estão os objetos que dão prazer: sua posse nos torna felizes.

Como Sao estes objetos? Bons por si mesmos, sem mediações

Fluir uma coisa é amar esta coisa por causa de si mesma

Diligere propter se

Usar uma coisa é por outro lado, utliza-lá para se obter uma outra coisa

Diligere propter aliud

Quando uma coisa é usada para se obter outra, diz-se que ela é útil.

Tudo se justifica pela utilidade

Na feira da fruição moram os sábios, os degustadores, aqueles que transformam os objetos em partes do seu próprio corpo. Degusto: nao exercito poder sobre o objeto.

Abandono-me a ele. Entrego-me. Deixo que ele faça amor clom meu corpo. Saborear efetuaras o experiências amorosas. Nao desejo conhecer, ocular intelectualmente, um objeto distante do corpo, para assim exercer por sobre ele

Nada de poder, o máximo de sabor

Conhecer o objeto por aqui que ele faz em mim. Ele entra em mim

Deus nao se dá nos sentidos. O que ele da a nossos sentidos é o paraiso, o jardim.



Segunda variação - FILOSOFIA - Nietzche

Pensar é dançar com os pensamentos

As palavras fazem amor, elas perfaçam ao mundo do deleite, da fruição

Acredito num Deus que dança

Todo criador tem que ser um destruidor

" A semelhança das largaras que escondem nas folhas mais belas para nela botar seus ovos, escolhem as nossas alegrias mais belas para nelas botar suas maldições" Willian Blake - the portable Blake -

comigo é diferente quando toco minha flauta, os monstros se põe a rir.

Dentro de todos os íamos levo dentro. Mim o meu Sim abençoante.

Alegria é prova dos nove... Sempre que se encontra alegria pode-se saber que a beleza se mostrou.

É preciso estar na eminência de perder as coisas para tomar consciência delas. A possibilidade de perder aguça a capacidade de sentir o gosto.

Para se enfrentar o trágico é preciso que o corpo esteja possuído pela beleza.

A vida é uma fonte de alegria, mas ali, onde a plebe também bebe, todas as fontes ficam envenenadas.

A plebe estes últimos homens, eles dizem ter inventado a felicidade. Pensam que felicidade e ficar assentados num charco, onde os naufrágios Sao impossíveis. Pensam que felicidade é conforto. Sonham com a "terra da Cocanha", terra onde o vinho corre no leito dos rios, as paredes das casas sao feitos de bolo, e os leitões e aves assados correm para a boca dos preguiçosos. Engordam indolentes e estréies, só a sombra das arvores, incapazes de ficar grávidos e dar a luz. Jamais sobem as montanhas, jamais se arriscam pelos desertos, jamais navegam por mares desconhecidos... Minha felicidade é outra, ha uma felicidade que só se experimenta quando se vive. Viver perigosamente, construir casas debaixo do Vesúvio! Enviem seus navios aos mares desconhecidos!


Vivam em guerra com seus iguais e com vocês mesmos? Sejam ladroes e conquistadores...! Eu preciso de risos, de dança, de beleza. Por isso eu conto parábolas, faço aforismos, escrevo com sangue.



Terceira variação ECONOMIA - Marx

o dinheiro possui os atributos da divindade: ignora o tempo, é eterno.

Estudei a panela para ver o adegava acontecendo de errado com a comida.

A economia explica a riqueza das nações. Mas ela nao consegue dar explicação aceitável para a miséria e a pobreza dos homens.

Se o problema dos homens foi criado na historia, teria de ser nela que seriam resolvidos. Para desfazer o nó é preciso saber como ele foi produzido.

Tornei-me inimigo dos sonhadores ingênuos que pensam que bastaria que os homens mudassem suas idéias para que o mundo também mudasse. Moquecas nao se fazem só com odeias e intenções. Quem quer mudar o mundo tem que ser especialista no uso do fogo. Na historia, esse uso do fogo tem o nome de política...
Estudei porque queria desvendar os segredos da cozinha perversa onde os cozinheiros ficam sempre com fome.

Quanto menos você for, tanto mais você terá

O prazer dependera de uma qualidade espiritual minha, do meu ser, uma sensibilidade para a musica, que nao pode ser comprada com dinheiro. É preciso que os sentidos sejam educados! O prazer e a lastros crescem de uma relação Erotica com o objeto, isso que se chama amor. E essa relação nao pode ser comprada. Cresce de dentro.



Quarta variação - CULINÁRIA - Babette

Filmes- a festa de Babette e Como água para chocolate

O nutricionista ao preparar um Jantar, se pergunta sobre o equilíbrio cientifico dos variados componentes alimentastes que riso compor a refeição. Pondera as utilidades: vitaminas, proteínas, carboidratos. Cozinha para alimentar quem come. Deseja matar a fome de quem come.

Seu evangelho reza: "bem aventurados os que tem fome porque serão fartos"

A cabeça da cozinheira funciona ao contrário. Nao considera vitaminas, carboidratos e proteínas. Sua imaginacao esta cheia de sabores. Sonha com os efeitos que os sabores irao produzir no corpo de quem come. Nao quer matar a fome. O que ela deseja e fazer amor com quem come, atraves do sabores. Quando a fome esta satisfeita, o festival de amor chegou ao fim.

Seu evangelho seria:

"bem aventurados os que tem fome porque terão mais fome"

A cozinheira deseja que seu convidado morra de prazer!

"nao quero faca nem queijo. Quero é fome" Adelia Prado - Poesia reunida

O que cozinhar? Sua decisão exige um conhecimento que nao que nao se encontra em livros. Ela tem ser uma advinha: precisa conhecer o desejo de quem vai comer, a sua geografia Erotica, as curvas onde o seu prazer despias. Matar a fome é fácil. Qualquer angu com feijão faz isso. O que se pretende nao e matar a fome. É o contrário: provoca-lá. O que os amantes buscam, na erotizacao dos seus corpos, nao é o orgasmo e, com ele, a morte do desejo. O que eles desejam é a alegria de ver crescer a fome do outro.

Ao amor nao bastam os símbolos, ele que a coisa.

Para o corpo o sabor e a prova dos nove

A vontade só existe on existe vida, nao há vontade de vida, mas vontade de poder. Vontade de poder é aquela que traz alegria

O diabo é poder sem amor, Deus é amor sem poder.

A inteligencia, sempre que nao esta envolvida em algum caso amoroso, o que a torna em tudo a bela adormecida, que só acorda quando tocada pelo beijo do amor.

Inteligencia é uma serviçal que nao acorda com violencia. Gritos e barulho Sao incapazes de desperta-lá de seu sono. Basta que o amor a toque suavemente para que acorde de seu sono e se ponha a trabalhar furiosamente.

Quando o poder se torna gracioso e desce ate o visível, a essa descida eu dou o nome de beleza.

Pensar é estar doente dos olhos.

De vez em quando Deus me tira a poesia, olho pedra e vejo pedra mesmo. Adelia Prado

O que se percebe nao é nada comarado com o que se imagina. Barchelard

O fruto do paraiso é magia negra, o inicio do enfeiticamento do homem. O corpo e o sangue de Cristo sao magia branca, ritual culinário antropofágico que da inicio a salvação do homem.
A eucaristia é uma comida que se come para que os olhos se abram, prazer na boca que da prazer nos olhos: a beleza. No paraiso, o ver é igual ao comer.

Saudade é fazer comida para o filho que vai chegar... Ai que saudade boa! É prezeiroso preparar o prazer.

Ela se alimentava da alegria daqueles que iriam comer.
Aquele que ama e sonha nao deseja descansar. Cada minuto de descanso é um minuto a mais de separação. O soo desconhece os limites da canseira e do sofrimento. Movido pelo amor o corpo se dispõe a tudo! O sonhador apaixonado nao tece a preguiça.
Dos grandes prazeres nasce o trabalho e a disciplina porque eles só podem ser encontrados ao fim de um ardo camiho.
Preguiça - dar uma resposta, satisfazer a instituição, mas uma resposta lenta.

O desejo torna o comando desnecessário. O comando só e necessário quando o desejo esta ausente.



O homem verdadeiramente bom nada faz

E nada fica feito

O tolo faz coisas o tempo todo

E, entretanto, muito fica sem que seja feito.

Tao-Te-Ching