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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

VIII PROFOLIDER - Programa de Formação de Liderança


Liderança em função da missão.

Tornar mais ágil a vontade de Deus.



Após dois meses de intensos trabalhos (início 06 de junho a 04 de agosto) vivenciamos o 8º Curso de Formação de Lideranças (Profolider), evento organizado pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que aconteceu no Centro Cultural Missionário (CCM) e reuniu 38 religiosos de todas as partes do Brasil, além de quatro religiosas estrangeiras. Dividido em quatro módulos de reflexão e estudos “A pessoa e a instituição; a realidade; teologia da vida consagrada e espiritualidade e missão”, o curso teve o objetivo de contribuir, preparar e ajudar pessoas da vida consagrada para melhor assumir a missão.

O curso tem por objetivo oferecer elementos teórico-vivenciais que ajudam a aprofundar a identidade religiosa, desenvolvendo a liderança e a criatividade na missão.

Com foco na Formação Permanente para poder captar os sinais dos tempos e perceber a presença de Deus no meio de nós, a pessoa terá que começar a pensar, a viver e a agir de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo dos fariseus e permitir que a nova experiência de Deus como Pai e Mãe invada sua vida e lhe dê olhos novos para ler e entender os acontecimentos.

A humanidade está vivendo uma crise profunda, crise esta que vem influenciando o paradigma civilizacional. Instrumentalizada pelo capitalismo, a sociedade tornou-se consumista e egoísta. A Vida Religiosa Consagrada não está imune a toda esta problemática. Por isso, é urgente que nos tornemos mais resilientes, com capacidade de enfrentar questões com flexibilidade e resistência. Vivemos num clima de falta de senso crítico diante do individualismo moderno, onde tudo é normal. Para quem não tem compromisso com projeto de Deus, as coisas acontecem sem nenhum questionamento. Diante deste panorama os desafios são enormes: Como liderar um grupo de individualistas? Como um individualista pode liderar outros? Tais desafios têm como conseqüências a perda do ardor comunitário e missionário, pouco espírito de liderança na VRC, anemia espiritual, esfriamento da fé e da espiritualidade.

Necessitamos construir uma nova figura histórica de liderança. Vivemos o tempo da tirania do individualismo. Nesta nova construção histórica deve ser apresentada a comunhão e participação como elementos essenciais de liderança, pois na VRC todos devem ter o carisma da relação interpessoal, animação, apontar caminhos, guia, incentivo, motivação, abertura de perspectivas, sinergia, envolvimento, ousadia, utopia, esperança... O desafio de quem governa a congregação é juntar todas estas forças e colocá-las a serviço do Reino... Num mau exercício de liderança estas forças se perdem. Liderar não é questão de nome, títulos, cargos... mas sim de atitudes no seu modo de agir. Devemos sair do modelo autoritário-centralizador ao modelo evangélico de servidor-correponsabilizador.

Não há iluminados para a solução dos problemas da VRC. Todos são responsáveis, diz respeito à nossa vida na Igreja, na congregação e na sociedade. Quando a VRC entra na dinâmica da liderança em função da missão, o novo acontece. Neste trabalho de reconstrução da figura histórica de liderança da VRC deve-se demonstrar amor à Igreja, dispor a ser centro de unidade, viver sua vocação de maneira exemplar, ter dinamismo missionário, ter habilidade e prudência para governar, ser sensível aos sinais dos tempos e capaz de trabalhar em equipe, e, no trato com os irmãos, saber animá-los no carisma da congregação.

Discernir é encontrar ligação entre ação ética entre o aqui e o agora e o amor da Trindade. O cristianismo só terá futuro se afirmar com toda força a prioridade do amor em relação ao institucional. O discernimento na VRC não admite cristãos infantis que seguem esquemas e se deixam levar pela cabeça dos outros, aplicando cegamente, sem estudar e sem conhecer o que é preciso fazer.

Como encantar os jovens com o desejo da VRC? Está dito na cultura que todo o desejo que nasce no ser humano pode ser realizado. Todavia, é necessário saber dialogar com os desejos. Há muitos obstáculos em diálogos essenciais. A cultura do imediato está ao nosso redor. Se não dialogarmos com estes desejos o imediato toma conta.

Qual o sentido de ser pobre, casto e obediente hoje? A VRC tem uma imagem de Deus que ajudou muitas pessoas em determinado tempo. A imagem de Deus que o ser humano constrói está em constante mutação: para uma visão evangélica e de proximidade com a Graça ou para um relacionamento mágico com Deus. No mundo da informação, com a possibilidade de acesso que nós temos, cresce em nós a sensação de onipresença e, consequentemente, de onipotência. O ser humano percebe-se numa condição de “igual para igual” para com Deus, a relação de encantamento com o mistério perdeu-se muito. A sexualidade hoje vive uma dimensão muito “escancarada. A relação de encantamento com o mistério perdeu o sentido, ficou explícita, pública, sem barreiras... O consumo dita as normas de comportamento, das tendências e o desejo do ter da realização pela posse se torna justificado pelo cultivo da auto-estima... Obedecer se torna mais submissão do que exercício de confiança e identificação com a missão assumida.

É impossível atualizar o voto de pobreza sem estar envolvido na dinâmica ecológica. Ele deve despertar em nós a solidariedade e não o desejo de acúmulo.

Atualizar o voto de obediência é um dever de quem está a frente da instituição, colocar de maneira clara, num diálogo inteligente, quais os critérios que o conselho utilizou para as transferências. Sem isto continua a infantilização da VRC.

O voto de castidade tem dimensão profética, pode ajudar as pessoas apresentando uma abordagem diferente: Tornar o amor a Deus concreto, manifestado por meio do ser humano, amor que não está na dimensão de posse, mas na libertação da pessoa, para que ela possa ser, cada vez mais, ela mesma. A paixão pelo reino deve nos mobilizar para a vivência do amor às pessoas. É preciso colocar a energia sexual a serviço da vida. A realização dos desejos é a “menina dos olhos” da pós-modernidade. O que fazer para harmonizar estes desejos em nós? O primeiro passo é ACOLHER, reconhecer que o desejo é meu e assumi-lo, pois só é redimido o que é assumido. O segundo é SER LIVRE: posso ter? Acrescenta em que a realização deste desejo em mim? A liberdade é fundamental para toda opção madura e responsável. O terceiro passo é OFERTAR, relação imediata com Deus. É, na liberdade, entregar a Deus os sentimentos, realidades e pessoas, motivados pela opção que celebramos na oferenda pública de nossa existência. É levar em conta quem somos na dinâmica que Deus nos criou.

Todo esvaziamento causa angústia, mas gera serenidade, sentimento de perfeita oferenda. O caminho de libertação é viver esta dimensão de forma bíblica e espiritual, assumindo a sexualidade como meio de comunhão com Deus. O caminho de fidelidade passa pela acolhida generosa do Dom de Deus. “Seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir”. Este esforço deve ser um meio para respondermos aos apelos de Deus com mais agilidade. Os votos são tesouros levados em vasos de argila, decifrá-lo é fundamental senão somos devorados pela cultura do imediato. É um instrumento poderoso para a humanidade viver melhor, mas devemos saber lidar com eles para não sermos vítimas deles. É uma potência profética que liberta a liberdade humana, mas potência não é nada sem controle.

Gerir pessoas é o maior desafio, liderar um líder é tarefa que exige equilíbrio e sentido de pertença a uma causa maior que nossas pretensões de reconhecimento pessoal. Para tal é necessário cultivar a espiritualidade para construir unidade interior, ter postura no trato com as pessoas, revelar o caminho espiritual, tornar a instituição espiritualizada, cultivar atitudes de leveza, alegria, simplicidade, bons sentimentos, avançar na partilha dos sentimentos, divertir juntos, dar o peso que as situações merecem , conter exageros... “Com os olhos fixos em Jesus” podemos avançar com segurança.

O chamado de Jesus é para nos colocar a caminho. Ninguém é chamado à perfeição, somos chamados à plenitude. Perfeição foca nos defeitos a corrigir e eliminar. A plenitude tem como foco a Graça, que nos incentiva a investir na virtude. Deus quer de nós qualidade. Deseja que multipliquemos ao máximo os dons que Ele nos concede. Nesta dinâmica é preciso buscar motivação e Graça, elas caminham juntas. Quando a oferenda nos custa, mas é um prazer, ela se torna ação de graças. A renúncia que fazemos na alegria nos torna mais capacitados para missão cristã, porque se investe na capacidade de solidariedade; o foco deve estar no que posso oferecer, não no que vou receber. Devemos transformar a dor e a angústia que a renúncia provoca em Graça e ardor. Só com espiritualidade muito sadia é possível fazer esta passagem.

Há sempre tensão na VRC provocada pela mística-carisma-profecia. A Mística aprofunda a beleza da contemplação, não é o ponto de chegada. A mística favorece a contemplação que flui para o serviço à humanidade. O carisma quando está aquecido, seja pessoal ou institucional, alimenta e estimula o religioso a lançar-se na direção do amor oblativo à humanidade. A essência do cristianismo é a dimensão profética, Deus é percebido na história porque Ele é Palavra viva e eficaz, Ele age na história.

Há duas formas de avaliar nossa empolgação pelo Reino e empolgar outros no seguimento de Jesus para o discipulado missionário. Primeiro: ter espírito de aventura, correr riscos, pois é uma necessidade para alma, hidrata o espírito humano e o gosto pela vida... Segundo: ter causa. Esta só pode existir no corpo das pessoas, se estiver na gaveta é só projeto. Causa provoca horizontes, sonhos, e estes estão no corpo.



Com espírito de aventura gastamos nossa vida em causas importantes. Possuímos a causa dentro de nós, que é a contemplação de outro mundo possível.

Formar líderes conscientes da missão da VRC é a esperança da CRB. Este desejo o percebemos na capacidade de cada religioso e religiosa que se deixaram transformar pelas vivências celebradas e partilhadas, nos conteúdos desafiadores que nos arrancaram de nossa de zona de conforto, nos colocando novamente a caminho, com renovado ardor missionário e na percepção de tantos carismas da Graça de Deus que irrompem em nossa história.



“Que a vida dos religiosos/as seja: ALEGRE, LIVRE e LEVE”
 Ir. Terezinha Cavichi


Pe. Renato Dutra Borges, sdn

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