O Espírito Santo
unifica a Igreja
na comunhão e no
ministério.
O Espírito Santo anima e sustenta a vitalidade da Igreja
em sua dupla dimensão fundamental de comunhão e missão. Ele suscita, orienta e
assiste os grandes acontecimentos eclesiais como o Concílio Ecumênico, os
Sínodos Episcopais, as Conferências dos Bispos e de outros membros do Povo de
Deus, as Assembléias Diocesanas e outras... Ele sustenta também toda a grande
obra missionária no mundo. É o mesmo Espírito que faz brotar sempre novas
iniciativas no seio do Povo de Deus. Entre os vários movimentos de renovação
espiritual e pastoral do tempo pós-conciliar, surgiu a RCC que tem trazido novo
dinamismo e entusiasmo para a vida de muitos cristãos e comunidades.
O Mistério da Igreja (as duas mãos do Pai) surge na
História pela missão do Filho de Deus e do Espírito Santo. Enviado pelo Pai, o
Verbo Divino assume a natureza humana para instaurar o Reino de Deus na terra e
instituir a Igreja a seu serviço, como "germe e princípio" desse
Reino ( cf. LG, 5b). Enviado pelo Pai e pelo Filho, o Espírito Santo
vivifica a Igreja e a faz crescer como
Corpo Místico de Cristo (LG, 8)
Estando para consumar a obra que o Pai lhe confiara,
Jesus promete o envio do Espírito Santo que continua e aprofunda a própria missão
de Cristo (Jo 14,17.26). Ele não falará por si mesmo, mas ensinará e recordará
aos discípulos tudo o que Jesus lhes disse (Jo 14,26). Ele glorificará Jesus
porque receberá o que é de Jesus e o comunicará (Jo 16,14).
Em Pentecostes, pela força do Espírito Santo, os
apóstolos se tornam testemunhas da Ressurreição ( At 1,8; 5,32) e a
Igreja-comunhão inicia a sua missão, espalhando-se pelo mundo com dons e
carismas diferentes. "Jesus continua sua missão evangelizadora pela ação
do Espírito Santo, o agente principal da evangelização, através de sua
Igreja" O Espírito Santo, protagonista de toda missão eclesial (RMi, 21)
leva a Igreja a "evangelizar com renovado ardor missionário".
O Espírito Santo é
o intercessor que nos introduz na vida da Trindade, para a realização do
projeto de Deus, na adoção filial, na glorificação dos filhos de Deus e da
própria criação (Rm 8,19-27). Faz de cada cristão uma testemunha (At 1,8 e
5,32), gera dinamismo interior nos apóstolos, tornando-os os primeiros
evangelizadores na expansão missionária da Igreja, realiza a unidade entre os
que crêem para que sejam "um só coração e uma só alma" (At 4,32), e
para permanecerem unidos "na doutrina dos apóstolos, na comunhão fraterna,
na fração do pão e nas orações" (At 2,42). Habitando em nós (Rm 8,9), faz
morrer as obras do pecado (Rm 8,12). Ele comunica a verdadeira paz, que é
comunhão na vida feliz de Deus. É Aquele que "vem em auxílio de nossa
fraqueza porque nem sabemos o que convém pedir" (Rm 8,26).
O cristão, pela graça batismal, é introduzido na
intimidade da vida trinitária, partilhando da sua riqueza na comunidade
eclesial. A plena comunhão da Trindade manifesta-se na Comunidade-Igreja e
oferece vida nova (2Pd 1,4; Ef 4,24; Cl 3,10) de relacionamento de filhos com o
Pai (Gl 4,6).
Quem se deixa
conduzir pelo Espírito Santo faz de sua vida um testemunho de Jesus Bom Pastor
(Jo 10,10). Não poderá, portanto, retirar-se dos problemas e ambiguidades da
convivência humana, mas buscará construir fraternidade. "Não são os que
dizem Senhor, Senhor que entrarão no Reino de Deus, mas os que fazem a vontade
de meu Pai que está nos céus" (Mt 7,21).
O Espírito ensina, santifica e conduz o Povo de Deus
através da pregação e acolhida da Palavra, da celebração dos sacramentos e da
orientação dos pastores. Distribui também graças ou dons especiais "a cada
um como lhe apraz" (1Cor 12,11), sempre "para a utilidade
comum". Por essas graças, Ele "os torna aptos e prontos a tomarem
sobre si os vários trabalhos e ofícios, que contribuem para a renovação e maior
incremento da Igreja (cf. 1Cor 12,2; LG 12b).
O Espírito Santo distribui seus dons aos fiéis, de tal
forma que ninguém possui todos eles, como ninguém está totalmente privado deles
(1Cor 12,4ss). Esses dons são sempre para o serviço da comunidade (1Cor 14).
Não é a experiência dos carismas que exprime a perfeição da salvação, mas a
caridade que deve perpassar toda a vida do cristão (Mc 12, 28-31; 1Cor 13).
Procurá-la é o primeiro e melhor caminho para a edificação do Corpo de
Cristo que é a Igreja (1Cor 12,31-13,13; LG, 42).
Hoje ele continua renovando a Igreja através de
múltiplas e novas expressões de fé e coerência cristã. Podemos enumerar como
frutos do Espírito os novos sujeitos da evangelização; a expansão e vitalidade
das comunidades; movimentos de renovação espiritual e pastoral; a própria RCC;
o engajamento de leigos na transformação da sociedade; a leitura da Bíblia à
luz das situações vividas na comunidade; a liturgia mais participada com a
riqueza de seus ritos e simbologia; a busca de evangelização inculturada; a
fidelidade de muitos na vida cotidiana; as lutas do povo para a implantação dos
direitos humanos; a prática da justiça e da promoção social.
O Concílio Vaticano II ensina que a Igreja Particular é
uma porção do Povo de Deus, confiada a um bispo para que a pastoreie com a
cooperação do presbitério e dos diáconos. Nela verdadeiramente reside e opera a
Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo.
Conforme o próprio Concílio Vaticano II, a comunidade
eclesial é edificada pelo Espírito Santo, mediante o anúncio da Palavra
(Evangelho), a celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos, a vida de
comunhão do Povo de Deus com seus carismas e ministérios, entre os quais
sobressai o ministério episcopal-presbiteral-diaconal, que tem a
responsabilidade de garantir os laços que unem a comunidade de hoje com a
Igreja apostólica e com o projeto missionário, evangelizador, que lhe é
confiado até o fim dos tempos.
A liberdade associativa dos fiéis é reconhecida e
garantida pelo Direito Canônico e deve ser exercida na comunhão eclesial. O
Papa João Paulo II, na sua Exortação Apostólica Christifideles Laici (n. 30),
aponta critérios fundamentais para o discernimento de toda e qualquer
associação dos fiéis leigos na Igreja, que podem ser aplicados a todos os
grupos eclesiais:
— o primado dado à vocação de cada cristão à santidade,
favorecendo e encorajando "uma unidade íntima entre a vida prática dos
membros e a própria fé" (AA, 19);
— a responsabilidade em professar a fé católica, no seu
conteúdo integral, acolhendo e professando a verdade sobre Cristo, sobre a
Igreja e sobre a pessoa humana;
— o testemunho de uma comunhão sólida com o papa e com o
bispo, e na "estima recíproca de todas as formas de apostolado da
Igreja" (AA, 23);
— a conformidade e a participação na finalidade
apostólica da Igreja, que é a evangelização e santificação dos homens... de
modo a permear de espírito evangélico as várias comunidades e os vários
ambientes (AA, 20);
— o empenho de uma presença na sociedade humana a
serviço da dignidade integral da pessoa humana, mediante a participação e
solidariedade, para construir condições mais justas e fraternas no seio da
sociedade.
A RCC assuma também as opções, diretrizes e orientações
da Igreja Particular onde se faz presente, evitando qualquer paralelismo e
integrando-se na pastoral orgânica Os membros da RCC participem dos Encontros,
Cursos, Estudos Bíblicos e outras atividades pastorais e de formação. Serviços
e Organismos existentes na Diocese, respeitando-os, valorizando-os,
reconhecendo-os e colaborando com elas na busca de uma autêntica articulação
pastoral
A Palavra de Deus é a própria presença do Deus que fala:
"Escrutai as Escrituras... elas dão testemunho de mim" (Jo 5,39).
Cristo, Evangelho vivo do Pai, não só é o centro da Bíblia, mas também seu
intérprete (Lc 24,13-35). A "Igreja venera as divinas Escrituras como o
próprio Corpo do Senhor" (DV, 21). E não apenas transmite a Palavra de
Deus, mas também a interpreta
A Bíblia manifesta o Plano salvífico de Deus de modo
unitário. Por isso, não se podem utilizar textos ou palavras, sem referência ao
contexto e ao conjunto da Bíblia (DV 142).
Para não prejudicar uma reta leitura da Bíblia, é
preciso estar atentos para não cair, entre outros, nos seguintes perigos:
1º O fundamentalismo, que é fixar-se apenas no que as
palavras dizem "materialmente" sem respeitar o contexto nem a
contribuição das ciências bíblicas;
2º O intimismo, que é interpretar a Bíblia de modo
subjetivo, e até mágico, fazendo o texto dizer o que não era intenção dos
autores sagrados. Sobre isso, sigam-se as orientações do Magistério,
especialmente o recente documento da Pontifícia Comissão Bíblica sobre a
interpretação da Bíblia na Igreja.
Na Liturgia, especialmente na Eucaristia, celebra-se a
realidade fundamental da Páscoa: morte e ressurreição de Jesus Cristo, morte e
ressurreição do batizado com Cristo. Na ação litúrgica, devem encontrar espaço
todas as realidades da vida cotidiana do cristão, pois é com todos os aspectos
da sua pessoa que ele tem de passar deste mundo ao Pai. Ao participar na
celebração, o cristão terá presente suas aspirações, alegrias, sofrimentos,
projetos, bem como os de todos os seus irmãos. E colocará todas estas intenções
na oração que sua comunidade, com toda a Igreja, dirige ao Pai, com Cristo
Salvador, na unidade do Espírito Santo.
A fé não pode ser reduzida a uma busca de satisfação de
exigências íntimas e de resposta às necessidades imediatas. Nem se pode propor
a fé cristã sem a dimensão da cruz, inerente ao seguimento de Jesus Cristo (Lc
14, 25-35), caminho para a vida plena na ressurreição. É fundamental para a realização da vida cristã e da ação
pastoral o sentido comunitário da fé. A formação de pessoas e de comunidades
vivas e maduras na fé é resposta aos desafios da Nova Evangelização e da ação
missionária. A missão nasce da fé em Jesus Cristo e fortifica-se quando
partilhada (cf. RMi, 4 e 2)
A espiritualidade cristã integra o social e o
espiritual, o humano e o religioso. Não está, porém, isenta das ambiguidades e
mesmo distorções que podem caracterizar as reações do psiquismo humano, seja
individual, seja grupal. Por isso, evite-se alimentar um clima de exaltação da
emoção e do sentimento, que enfatiza apenas a dimensão subjetiva da experiência
da fé.
Para expandir o projeto de Deus, o cristão deve
comprometer-se com a criação de uma sociedade justa e solidária, eliminando o
pecado como gerador de divisão com Deus e os irmãos. A dimensão social da fé, à
luz da Doutrina Social da Igreja, requer a luta para debelar as estruturas de
pecado: pessoal, comunitário, social e estrutural, e assim estabelecer o Reino
de Cristo e de Deus (cf. LG, 5). Recomenda-se, pois, que membros dos grupos de
oração sejam animados a assumir projetos de promoção humana e social,
especialmente dos pobres e marginalizados.
"O Espírito Santo unifica a Igreja na comunhão e no
ministério. Dota-a e dirige-a mediante os diversos dons hierárquicos e
carismáticos" (LG, 4). O Espírito opera "pelas múltiplas graças
especiais, chamadas de carismas, através das quais torna os fiéis aptos e
prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem para a
renovação e maior incremento da Igreja" (Catecismo da Igreja Católica,
798). Os carismas devem ser recebidos com gratidão e consolação. E não devem
ser temerariamente pedidos nem se ter a presunção de possuí-los (cf. LG, 12).
Dom da cura: O Senhor dá a
algumas pessoas um carisma especial de cura, para manifestar a força da graça
do Ressuscitado. No entanto, as orações mais intensas não conseguem obter a
cura de todas as doenças. São Paulo aprende do Senhor que "basta minha
graça, pois é na fraqueza que minha força manifesta todo seu poder" (2Cor
12,9), e que os sofrimentos
que temos que superar podem ter
como sentido "completar na minha carne o que falta às tribulações de
Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja" (Cl 1,24).
Ao implorar a cura, nos encontros da RCC ou em outras
celebrações, não se adote qualquer atitude que possa resvalar para um espírito
milagreiro e mágico, estranho à prática da Igreja Católica (Eclo 38,11-12).
Nas celebrações com doentes, não se usem gestos que dão
a falsa impressão de um gesto sacramental coletivo ou que uma espécie de
"fluido espiritual" viesse a operar curas.
Orar e falar em
línguas: O destinatário da oração em línguas é o próprio Deus, por ser uma
atitude da pessoa absorvida em conversa particular com Deus. E o destinatário
do falar em línguas é a comunidade. O apóstolo Paulo ensina: "Numa
assembléia prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência para instruir
também aos outros, a dizer dez mil palavras em línguas" (1Cor 14,19). Como
é difícil discernir, na prática, entre inspiração do Espírito Santo e os apelos
do animador do grupo reunido, não se incentive a chamada oração em línguas e
nunca se fale em línguas sem que haja intérprete.
Poder do mal e
exorcismo: Cristo venceu o demônio e todo o espírito do mal. Nem tudo se pode
atribuir ao demônio, esquecendo-se o jogo das causas segundas e outros fatores
psicológicos e até patológicos. Quanto ao "poder do mal", não se
exagere a sua importância. E não se presuma ter o poder de "expulsar"
demônios. O exorcismo só pode ser exercido de acordo com o que estabelece o
Código de Direito Canônico (Cân. 1172 §
1. Ninguém pode legitimamente fazer exorcismos em possessos, a não ser que
tenha obtido licença especial e expressa do Ordinário local.§ 2. Essa licença
seja concedida pelo Ordinário local somente a presbítero que se distinga pela
piedade, ciência, prudência e integridade de vida.).
Por isso, seja afastada a
prática, onde houver, do exorcismo exercido por conta própria.
Procure-se, ainda, formar adequadamente as lideranças e
os membros da RCC para superar uma preocupação exagerada com o demônio, que
cria ou reforça uma mentalidade fetichista, infelizmente presente em muitos
ambientes.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
As
fontes do conceito Paulino do Espírito.
O
conceito paulino de Espírito tem três fontes:
1
– A revelação no cânon veterotestamentário;
2
– No judaísmo intertestamentário;
3
– No pensamento cristão primitivo.
Além
disso, a experiência paulina e a das comunidades cristãs que ele fundou sem
duvida desempenham papel importante em seu modo de pensar. O Espirito de Deus é
chamado “santo”, mas essa designação se tornou mais comum período
intertestamentário. As raízes intertestamentárias estão evidentes no fato de,
para Paulo, o Espírito ser singular e único. Falar do Espírito é falar da
presença e do poder de Deus (Is 31, 3; 34, 16; 40,13). Do mesmo modo que Deus é
também há um só Espírito de Deus (1 Cor 12,4-6.11.13; Ef 4,4-6).
O termo espírito ( hebraico rûah em
grego pneuma) é usado de modo crescente nos escritos judaicos mais tardios,
para anjos ou demônios. A partir da época primitiva o Espirito é associado à
profecia 9Nm 11,29; 1sm 10,6; 19,20-24; Mq 3,8; Ez 11,5; Jl 3,1-2; 1 Ts
5,19-20; 1 Cor 12,7-11). E, nos profetas, em especial, o Espirito tem caráter
moral, sendo associado a justiça, ao julgamento e ao modo de vida em aliança
(Is 4,4; 28,5-6; 59,21; 63,10; Ez 36,26-27; 39,27-29; Jl 3,1-1). O AT oferece
uma esperança que este Espirito, como poder de profecia, vida e obediência a
aliança, seja característica da futura era messiânica de bênçãos (Is 32,15;
44,3; Ez 36,25-27; 39,28-29, Jl 3,1-2) e essa esperança persistiu ate no
período do segundo Templo. Essa promessa profética fundamenta a visão paulina
do Espirito como parte normal da vida cristã,
A associação do Espírito com
sabedoria divina (1Cor 2,10-11) é um pensamento encontrado algumas vezes no AT
(Ex 31,3; 35,31; Nm 11,16-17; Jó 32,8; Is 11,2 42, 1-4) e desenvolvido no
judaísmo mais tardio ( Sb 7,22-8,1). Duas outras ideias que Paulo herda de sua
formação, embora não sejam exclusivas do pensamento hebraico, são a associação
do espirito com poder (Rs 2,9-15; Jz 6,34-35; 14,19; 15,14-15) e com a vida,
como a força que dá vida, que se origina com Deus (Gn 1.2; 6,3; Sl 104,29-30;Jó
32,8; Is 42,5; Ez 37,4-14).
Entretanto o conceito paulino de
Espirito não é simplesmente uma continuação do ponto de vista
veterotestamentário e judaico. Primeiro, o Espirito tem grande importância nos
escritos paulinos muito maior que seu lugar no AT. A importância crescente do
Espirito em Paulo com base na experiência que as comunidades cristas primitivas
tinham do Espirito em seu meio 9inclusive a experiência de Paulo), na percepção
da imanência de Deus durante o culto, na realização de milagres e na inspiração
profética, na experiência de coragem e sabedoria para anunciar o evangelho,
mesmo em circunstancias difíceis, e nos sentimentos de alegria. Para os
cristãos primitivos, essas experiências eram prova de que o Espirito estava
presente e atuante. E eles entendiam estas experiências como realização de
esperanças proféticas de que, na época do Messias, o Espirito se derramasse
sobre “Israel” (Ez 36,25-27; Jl 3,1-5; Paulo cita esta passagem em Rm 10,13).
Paulo demostra percepção desta esperança escatológica veterotestamentária ao se
referir ao “Espirito, objeto da promessa” (Gl 3,14; Ef1,13) para os cristãos
primitivos, a vinda do Espirito também era sinal de que o Senhor ressuscitado,
Jesus, era verdadeiramente o Messias (At 2,14-24.36.38-39; Jo 16,7-11).
Em contraste com grande parte do
pensamento helenístico, Paulo não considera o Espirito uma força ou um ser a à
disposição do fiel. Ao contrário dos “demônios” e dos espíritos que auxiliam os
mágicos, o Espírito Santo não é controlado por fórmulas mágicas ou ações. No
entanto, ele esta presente para ajudar o fiel a fazer a vontade de Deus. E,
enquanto na magia antiga acreditava-se que a ajuda sobrenatural só estava
disponível para os poucos que tinham conhecimentos esotéricos (independente de
seus motivos), o Espírito é dado livremente, com a única condição da fé em
Cristo como Senhor (1 Cor 12,3).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito de Deus.
Paulo dá como certo que o Espirito Santo é
Deus. A saber, o Espirito Santo não é apenas um de um exercito de
intermediários, mas, de acordo com o AT e a literatura judaica intertestamentária,
supõe-se que o Espirito seja singular, único em poder e em relação a Deus (1
Cor 2,11; Rm 8,9.11; 2 Cor 3,17, Ef 4,4).
Essa singularidade do Espírito é
usado como argumento teológico para unidade da Igreja: “todos nós fomos
batizados em um só Espírito, para formarmos um só corpo...todos nós bebemos de
um único Espírito” (1Cor 12,13).
Paulo nunca fala de espíritos
(plural) para os fieis (1 Cor 14,12 é mais bem entendido como citação paulina
de um dito coríntio: “somos zelotas para espíritos”, sem endossar o pinto de
vista que isto subentende). O Espírito representa Deus presente entre seu povo
– em Paulo quase sempre em ligação com discurso inspirado (em especial para
anunciar o evangelho, mas também profecia, encorajamento, exortação,
ensinamento) e com milagres (1Cor 12,4-11; 1 Ts 1,5; Gl 3,1-5).
Paulo nunca aborda diretamente a
questão da personalidade do Espírito Santo. Às vezes, o Espírito e Deus se
sobrepõem e tem funções aparentemente idênticas (como na distribuição de dons
espirituais a diferentes “membros” do corpo de Cristo, 1 Cor 12, 11.18.26). às
vezes, o Espírito esta separado de Deus e Cristo, como na formula triadica de 1
Coríntios 12,4-6 e na benção de 2 Coríntios 13,13 ou quando é dito que Deus
envia o Espírito ou marca os fieis por meio do Espírito (Gl 4,6; 2Cor 1,21-22;
5,5; Rm 5,5). O Espirito é descrito com características pessoais. Ele “guia” os
fieis (Gl 5,18; Rm 8,14, 8,4), “revela” o mistério do evangelho e suas
implicações (1Cor 2,6-16; Ef 3,5) e ajuda os fieis na oração (Gl 4,6; Rm
8,15.26-27; 1Cor 14,14-16). O Espirito tem “desejos” (embora a “carne” também
tenha, sem que a “carne” seja necessariamente a força pessoal: Gl 5,16-17) e,
em Efésios pode ser “contristado” (4,30). Paulo não tem a intenção de que
nenhuma dessas observações sela comentário direto a respeito da personalidade
do Espírito, mas elas suplementam seu pinto principal, em mais pragmático que
especulativo. Paulo não trabalha com definições de “pessoas” divinas como as
que surgiram na teologia cristã mais tardia. Contudo, parece que as sementes
desse pensamento estão presentes aqui. Afirme ou não a personalidade do
Espírito, Paulo está ansioso para que suas Igrejas saibam que tipo de
personalidade o Espirito tem: ele tem caráter de Deus e, mais precisamente, de
Jesus Cristo.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito e a Sabedoria.
O Espírito é o único meio pelo qual
a sabedoria de Deus se comunica aos seres humanos, pois só o Espírito conhece a
mente de Deus (1Cor 2, 10-16). Paulo nega que qualquer tipo de “sabedoria”
originaria de baixo, do lado da humanidade, compreenda Deus e suas obras. Em 1
Coríntios 1,18-2,16, Paulo ataca as tentativas dos cristãos coríntios de
“corrigir” o evangelho, revisando-o a luz de correntes intelectuais
contemporâneas (quer judaicas, quer gregas) – denegrindo especificamente o
papel da morte de Jesus na cruz. Nesta passagem, Paulo faz uma ligação muito
importante entre o espírito, a cruz e a sabedoria. Os fundamentos evangélicos
não podem ser alterados, pois não só os sistemas intelectuais humanos são
“loucura” aos olhos de Deus (1 Cor1,18-25); o problema é ainda mais radical. A
obra de Deus permanece misteriosa, incompreensível para os não-redimidos, que a
rejeitam (1 Cor 2, 6.8.14).
O Salvador crucificado é
precisamente o conteúdo da misteriosa sabedoria de Deus, uma sabedoria que não
quer ser entendida separada do Espírito (1Cor 1,23-24; 2, 2.6-12). Assim, o
Espírito permanece como a única ligação para conhecer Deus e aceitar o
evangelho. Os que procuram adulterar o papel da cruz (ou os elementos
fundamentais do evangelho) só demostram serem, na verdade, pessoas sem o
Espírito, “carnais” (1 Cor 2,14; 3,1). Essa ultima observação é dirigida aos de
Corinto que se consideravam “espirituais” e procuravam revisar a mensagem apostólica. Quando vista
em contexto histórico e literário, esta passagem tem relevância continua para o
Igreja, que em todas as épocas enfrenta exigências das forças intelectuais e
religiosas dominantes para que modifique algum aspecto da essência evangélica
(1Cor 2,6-16 não é um anúncio de conhecimento místico para uma elite cristã,
mas é a defesa do evangelho apostólico como verdadeiramente “espiritual” e do
Espírito como o que o comunica e esclarece.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito como poder divino.
Paulo herda do AT e do judaísmo
intertestamentário o conceito do Espírito como poder de Deus. Ele atribui seu
sucesso evangelístico à presença efetiva do Espírito e sugere mais de uma vez
que milagres acompanhavam sua pregação, embora não os enumere (1Ts 1,4-6; 1Cor
2,4-5; Rm 15,18-19. Gl 3,2). Ele espera que nas assembleias cristãs o Espírito
inspire não só a palavra falada, mas também as habilidades e os acontecimentos
“sobrenaturais” (1Cor 12,7-11.14; Gl 3,5). Naturalmente, essa é apenas uma
faceta do entendimento que Paulo tem do Espírito e não deve ser entendida
isoladamente. Paulo jamais invocava a obra do Espirito apenas para impressionar
ou entreter. Muitas das passagens paulinas falam do poder do Espírito
relacionada diretamente ao propósito de evangelismo ou de viver a nova vida em
Cristo.
A recepção do Espirito pelos fieis é
às vezes, descrita em termos como “encher” ou “derramar (sobre)”, o que levou
diversos biblistas a afirmar que Paulo e os cristãos mais primitivos imaginavam
o Espirito como um fluido que enche fisicamente, embora nos escritos paulinos
“saciar” seja só uma imagem entre as outras, e ocorra apenas três vezes (1Cor
12,13; Ef 5,18; Tt 3,4-5). Essa linguagem é evocada em parte ecoando
propositadamente o uso as septuaginta e é mais bem entendida como metáfora (Jl
3,1-2 “derramarei meu espirito”, repetido em At 2, 33; e Mq 3,8: “Eu...graças
ao Espirito do Senhor...estou cheio de força”).
Em Efésios, a única ligação
explícita entre Espírito e poder foi incorporada: é para o “homem interior” e
esta associada ao desejo de que Cristo habite os corações dos leitores pela fé
(Ef 3, 16-17). Em outra passagem de Efésios, o autor fala da força de Deus (=
Espírito?) como instrumento de ressureição de Cristo (Ef 1, 19-20). Do mesmo
modo, em 2 Timóteo 1, 7, 0 Espírito dado a Timóteo deve ser a base de uma
coragem divinamente inspirada a respeito do evangelho e de sua associação com
Paulo preso (“não te envergonhes, portanto, de dar testemunho de nosso Senhor e
não te envergonhes de mim, preso por causa dele”, 2 Tm 1,8) e também a fonte do
poder divino para sofrer junto ( com Paulo ou com Cristo?) “pelo evangelho” (2
Tm 1,8). Essas funções lembram o papel do Espírito na proclamação do Evangelho.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito de Cristo
O Espírito tem o caráter de Cristo.
Um aspecto notável do ensinamento paulino a respeito do Espírito que o
distingue da fé israelita e judaica é a intima associação do Espírito com o
Senhor Jesus ressuscitado, o “caráter de Jesus” do Espírito. Por isso é chamado
o “Espírito de Cristo” ou o “Espírito do Filho de Deus” (Rm 8,9; Gl 4,6). O
Espírito transforma os fieis a partir do coração para que tenham o caráter de
seu Senhor Jesus Cristo (2 Cor 3,3.18; Ef 3, 16-17). E estar na comunhão de
Filho de Deus, Jesus Cristo (1 Cor 1,9), é o mesmo que estar em comunhão com o
Espírito Santo (2 Cor 13,13; Fl 2,1).
Por
ser de Cristo, o Espírito é associado não só ao poder e a benção, mas também à
cruz de Cristo (1Cor 2, 1-16), à humildade e ao serviço com os outros, em
harmonia como caráter do mestre (1 Cor 12-13). Os coríntios têm de aprender que
ser um homem espiritual significa não gloria, mas fraqueza e sofrimento (2 Cor
4,7-18; 3, 7-8; 11,16-12,10). A vida terrena de Jesus é modelo para a maneira
como o Espírito atua nos fieis: “Ele (Cristo), sem duvida, foi crucificado em
sua fraqueza, mas esta vivo pelo poder de Deus. E nós também somos fracos nele,
mas estaremos vivos com ele pelo poder Deus para convosco” 92 Cor 13,4). O
poder de Deus equivale ao Espírito de Cristo. Este caráter de Jesus do Espírito
explica por que o sinal supremo da presença do Espírito, o elemento principal
do “fruto do Espirito” (Gl 5,22), é o amor. O maior ato de amor Deus foi
mostrado à criação na morte de Cristo por sua redenção; e esse amor “foi
derramado” nos corações dos fieis pela presença do Espírito (Rm 5, 5-8).
Dede a ressureição e Ascenção, Jesus
agora se relaciona com sua Igreja e como mundo por intermédio do Espírito.
Cristo só pode ser experimentado (neste tempo, antes de sua volta) por
intermédio do Espírito. O Espirito marca os cristãos como membros do corpo de
Cristo (1Cor 6,15-20); ele anuncia que os fieis não pertencem a si mesmos, mas
ao Senhor que os comprou. Como Senhor da Igreja, Cristo a conduz por meio do
Espirito na profecia, nos dons de ensinamento e liderança, ou por outros meios.
O elo entre Jesus e o Espírito é tão intimo que para Paulo era impossível ter um
sem o outro: “Se alguém não tem o Espirito de Cristo, não lhe pertence” (Rm
8,9; 1 Cor 12, 12-13). Dai que, ser cristão é ser verdadeiramente um “homem
espiritual” (1Cor 2,10-16), habitado pelo Espírito.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Distinções
entre o Espírito e Cristo.
Paulo distingue claramente os dois: somente
Jesus é descrito como o Filho do Pai (Rm 1,3; Gl 4,4); somente ele teve uma
natureza humana (Rm 1,3; 8,3; Gl 4,4; Fl 2,7); somente Jesus Cristo morreu “por
nossos pecados” (1Cor 15,3; Rm 5,8; 2Cor 5,15), ressuscitou e esta sentado à
direita de Deus (Cl 3,1; Fl 2,9). Isso nunca é dito do Espírito. Em nenhuma de
sua cartas Paulo explica em detalhes como o Espírito e Cristo se relacionam,
mas algumas dicas sobre seu modo de pensar estão presentes;
1
– O Espírito só vem em resultado da Fé em Cristo e, de outra maneira, não é
posse da humanidade em geral (Gl 3,1-2).
2
– O Espírito é conhecido pelo fato de promover a confissão de Jesus como Senhor
na Igreja( 1 Cor 12,3) e de dar testemunho do caráter e da verdade a respeito
de Jesus (1Ts 1,6.8; 4,7-8). O Espírito é conhecido por que manifesta o caráter
de Cristo em si mesmo e naqueles os quais ele habita.
3
– O Espírito traz os fieis uma nova relação com Deus como filhos, realidade que
foi alcançada para eles por Cristo: “Deus enviou aos nossos corações o Espírito
do seu Filho, que clama: Abbá – Pai!” (Gl 4,4-6; Rm 8,14-16)
4
– A vinda do Espírito é, para a Igreja, obra divina historicamente subsequente
à obra de Cristo (Gl 4,4-6) e considerada dependente do que Ele realizou.
5
– O Espírito une todos os fieis a Cristo: eles são “um só espirito” com ele
(1Cor 6,17) e foram batizados no (ou pelo) Espírito no corpo de Cristo, onde
servem no poder do Espírito e sob sua orientação (1Cor 12, 4-13).
6
– Em 1 Cor 12 vemos que o Espírito fortalece, organiza e orienta o culto
cristão e a comunidade cristã, e essa orientação tem autoridade igual a Deus (1
Cor 12, 11.18.28) ou de Cristo já que o corpo que os fieis servem é o de Cristo
A
obra do Espírito e a vinda do Espírito para os fieis dependem do Filho e, em
ultima instancia, do Pai. Contudo, o Espírito não é considerado um emissário
menor, como um dos anjos, ele é, em sentido real, a presença de Cristo com os
fieis.
O Espírito tem um lugar muito
importante na teologia paulina, porque possibilita a união do Jesus Histórico,
que ressuscitou dos mortos, com a Senhor celeste, ao mesmo tempo presente entre
seu povo. A corporalidade de um Jesus ressuscitado é potencialmente difícil de
maneiras: 1) parece dar a Jesus uma natureza corruptível (porque ele
compartilhou a existência material) e com a mesma gravidade, 2) faz Jesus uma
figura distante, exaltada no céu, mas separada dos sentimentos e das
necessidades de seu povo na terra. Paulo evita essas ciladas e preserva a
natureza exaltada de Jesus em um novo corpo e ao mesmo tempo sua presença
imanente com os fieis no Espírito (“Corpo espiritual”, 1Cor 15,44, não
significa “um corpo feito de espírito” ou uma existência incorpórea; indica,
antes, um corpo apropriado para a existência da vida de ressurreição –
simultaneamente corpórea e “espiritual”).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito e a missão.
Como o espirito de Cristo, o
Espírito Santo tem intima ligação com a mensagem evangélica. O Espírito
fortalece e estimula a missão cristã. Isso esta brilhantemente descrito nos
Atos dos Apóstolos, onde a vinda do Espírito está associado ao inicia da
proclamação pós-pascal do evangelho (At 2), com sua infusão de poder (At
4,8.31; 6,10; 8,29; 10,44) e com a orientação de Pedro, Paulo e Barnabé em
pontos chave (At 10, 19-20; 16,6-10). O próprio Paulo escreve a Igreja de Roma
que ele foi capacitado para conduzir os gentios a Deus pelo que ele disse e fez
“pelo poder dos sinais e dos prodígios, pelo poder do Espírito” (Rm 15,18-19).
Ele se refere tarefa apostólica como “ministério do Espirito” ( 2Cor 3,8),
grande parte do qual era evangelismo. O Espírito acompanhou sua pregação
missionária inicial 1) confirmando a verdade da mensagem no coração dos
ouvintes, 2) fortalecendo Paulo para efetuar “sinais e prodígios” (Rm 15,18-19;
2 Cor 12,12), 3) satisfazendo os fieis de tal maneira que a presença dos
Espírito era inconfundível. Em três de suas cartas, toda para comunidades
diferentes, ele lembra aos leitores a viva experiência inicial que tiveram do
Espírito no contexto de ouvir o evangelho e a conversão (1 Ts 1,4-6; Gl 3,1-3;
1Cor 2,4-5). Paulo pressupõe que esses encontros iniciais com o Espírito servem
para confirmar a realidade da conversão dos leitores e a validade do evangelho
como verdadeiramente de Deus. Por sua vez, o Espírito dá aos leitores coragem e
sabedoria para testemunhar a respeito de Jesus (1 Ts 2,2; 1. 5-6)
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito e a nova vida do Cristão.
Mais que qualquer autor do NT, Paulo
liga o conceito do Espírito dado para habitar nos fieis com levar uma vida
crista. O Espírito não é só poder de Deus que convence os fieis da verdade do
evangelho, não só promovendo sua pregação, mas o Espírito é o poder da nova
criação para os que vivem a fé em Cristo Jesus. os cristãos que antes estavam
afastados de Deus no apenas entram no registro celeste dos redimidos ; o
Espírito habita neles e os fortalece para levarem uma vida agradável a Deus (Rm
8,1-4; 12, 1; 1 Ts 4,1; 2Cor 5,9; Ef 5,10). Essa vida é descrita como
“conduzida pelo Espírito” (Rm 8, 14) ou como andar “sob o domínio [impulso] do
Espírito” (Rm 8,4; Gl 5,16.25).
O contrário de andar sobre o domínio
Espírito é andar “sob o domínio da carne” e, em Paulo, “carne” é muitas vezes
posta em contraste com “Espírito”. A carne representa a pessoa caída; o
egoísmo, a arrogância, a obstinado ignorância da vontade de Deus ou o desafio
total desta vontade. O Espírito opõe-se completamente aos princípios da carne e
do pecado pois “a carne tende para a morte, mas o Espírito tende para a vida e
a paz” (Rm 8,6). O Espírito dentro dos fieis elimina o poder do pecado de modo
que se possa dizer que o cristão cumpre a lei (Rm 8,1-4.12-15).
Estar
no Espirito se expressa pelo fruto do Espirito: amor, alegria, paz etc. (Gl
5,22-23) a imagem do fruto harmoniza-se com o caráter benevolente das novas
possibilidades dadas por Deus, como frutos da terra que crescem por seu poder
sustentador e criativo. E, em Gálatas 5,22-23, esse fruto é posto em contraste
explicito com as obras da carne. Se se procura uma prova da ação do Espírito e
da maturidade do fiel com base na Escritura, certamente ela se encontra no
fruto do Espírito, que manifesta o caráter de Cristo sendo formado na pessoa .em
1 Coríntios 13 Paulo critica a ideia de que qualquer manifestação espiritual é
de valor á parte do símbolo mais importante do Espírito de Cristo, o amor.
Uma pessoa não recebe simplesmente o
Espírito como individuo. Proclamar Cristo como Senhor acarreta ser “batizado em
um só Espírito, para formamos um só corpo” (1Cor 12,13) significa um chamado a
uma existência unida, para fazer parte de uma nova rede social dirigida pelo
Espirito. Portanto as mudanças que o Espírito provoca e os dons espirituais que
ele fornece ao individuo não são só para o aperfeiçoamento próprio; os fieis
devem usa-los para o beneficio de todos os cristãos (1 Cor 12, 7; 14,5.26). o
Espírito é a força unificadora e criativa que dá origem à comunidade cristã,
expressa no termo Koinonia (comunhão), que aponta para uma participação mutua
no Espírito e para uma solidariedade (comunidade) criada pelo Espírito (2Cor
13,13). Nessa nova comunidade, o Espírito confere dons diferentes a pessoas
diferentes que devem se reunir e trabalhar juntas, como os vários membros de um corpo natural,
formando assim o corpo místico de Cristo na Terra para servir ao Senhor (1 Cor
12, 4-31).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito e a escatologia.
Paulo considera o Espírito dado aos
fieis um sinal escatológico, o que significa que a restauração e a salvação de
seu povo por Deus já começou. Para Paulo o Espírito representa a invasão do fim
dos tempos no presente.
O que os fieis receberam quando o
reino messiânico chegar plenamente, o julgamento tiver passado e todos os
inimigos de Deus estiverem derrotados (Rm 8, 18-25; 2 Cor 1,22; 5,5; Ef 1,
13-14; 4, 30).
Assim,
no presente, o Espírito é simultaneamente parte da vida e do poder do tempo
futuro, e um sinal que aponta além do presente, e diz aos fieis que a plenitude
da época messiânica ainda não chegou. “ Pois a criação espera com impaciência a
revelação dos filhos de Deus...também nós. Que possuímos as primícias do
Espírito, gememos interiormente, esperando a adoção, a libertação para o nosso
corpo” (Rm 8,19.23). em todas as suas cartas, Paulo mantem esta tensão em sua
visão do Espírito: não é a plenitude do Reino de Deus, contudo é uma
antecipação da “glória” futura, apontando continuamente para a redenção
escatológica do corpo.
O Espírito é ele mesmo uma invasão
dos poderes do tempo que há de vir e uma garantia da realidade desse tempo
junto com o papel do fiel nele.
Essa ligação do poder e da presença
do Espírito como tempo futuro está também manifestada na alegria e na esperança
que o Espírito inspira nos fieis (Gl 5,22; Rm 15,13). Essa esperança é a
certeza de que os fieis não ficarão desapontados, de que o penhor do Espírito
será na verdade confirmado pela participação na glória de Deus e na renovação
de sua inteira existência ao lado da renovação de toda criação (Rm 5,2.5;
8,23-25). Por isso, uma “esperança” que tenha referencia só a esta existência
presente é um gracejo cruel que termina em uma existência sem sentido (1Cor
15,19).
O Espírito é também o poder do tempo
futuro manifestado para os fieis em sua luta com as forças deste tempo que
estão em inimizade com Deus. Paulo diz ao mesmo tempo: “é pelo Espírito, em
virtude da fé que esperamos firmemente se realize o que a justificação nos faz
esperar”, contudo, Paulo também exorta os fieis: “andai sob o impulso do
Espírito e não façais mais o que a carne deseja” (Gl 5,5.16). Com efeito, os
cristãos no Espírito estão libertos dos poderes mortais deste tempo (Rm 8,2.6).
Por isso, somos trazidos de volta à ética e a natureza de Cristo do Espírito, o
que mostra como, para Paulo, todo as essas facetas estão ligadas.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito e o culto.
Paulo
informa aos cristãos coríntios que, como um todo e individualmente, eles são
templo de Deus: “Acaso não sabeis que sois tempo de Deus e que o Espírito de
Deus habita em vós?” (1Cor 3,16; 6,19). Essas palavras estabelecem que o culto
não é facilitado por um lugar, um edifício ou objetos santos, mas pela presença
do Espírito de Deus. “Pois os circuncisos somos nós que prestamos o nosso culto
– pelo Espírito de Deus, que fazemos consistir a nossa glória em Jesus Cristo”
(Fl3,3). O lugar do culto é o coração humano, purificado, renovado e
acompanhado do Espírito (Jo 4,23-24), ou a comunidade cristã como santuário do
Espírito (1Cor 3,16).
O fato de ser o Espírito que
distribui os dons, significa serem eles benefícios dados pela graça generosa de
Deus que não podem ser usados como símbolo de posição social nem de
realizações. Foram concedidos como o Espírito deseja, não como os seres humanos
desejam.
Paulo exorta os cristãos a tomar
cuidado com a maneira que como usam essas capacidades dadas pelo Espírito, em
ultima instancia, a edificação (construção) do corpo é obra do próprio
Espírito.
A classe mais notável de ações que o
Espírito fortalece no culto é a do discurso inspirado de vários tipos. A
profecia é o mais obvio (1 Cor 12,10; 14,1-5.39); envolvia instrução, exortação
moral e correção da congregação (1Cor 14,3). É um dos dons espirituais mais frequentemente
mencionados, estreitamente ligados à presença do Espírito, e Paulo encorajou
sua prática. 1 Tessalonicenses 5,19-20 deixa parecer que denegrir ou proibir
seria equivalente a “extinguir” o Espírito. Outros dons de discurso inspirado
incluem uma “palavra de conhecimento” ou sabedoria (1Cor 12,8; uma delas ou
ambas equivalem ao ensinamento, que não é mencionado nesta lista, mas esta
incluída em 1 Cor 12, 28-29); o ensinamento também é considerado inspirado pelo
Espírito (1Cor 12, 28-29; 14,19.26); como oração – quer “no Espírito” quer não
(1 Cor 14, 2.14-19) – e a glossolalia com a interpretação que a acompanha (1Cor
14,1-5.13-19.39). até entoar hinos deve ser entendido no contexto geral como
algo movido pelo Espírito, que conduz a Igreja em seu culto, inspirando música
e louvor (1Cor 14,15.26). Efésios 5,18-19 também faz ligação entre estar repleto
do Espírito Santo, na edificação e o culto (salmos, hinos e cânticos do
Espírito).
Fora de 1 Coríntios há, poucas
referencias ao papel do Espírito no culto. Fora de 1 Coríntios, o aspecto mais
frequente associado ao Espírito é a oração. O Espírito que marca os cristãos
como filhos de Deus inspira a confiante oração “Abbá” dos redimidos (Rm
8,15-16; Gl 4,6). E ele ajuda os fieis em suas orações, conduzindo-os para
rezarem apropriadamente (Rm 8,26). Ao mesmo tempo, o próprio Espírito reza em
beneficio daqueles nos quais ele habita (Rm 8,27). Também em Efésios, o
“acesso” a Deus na oração é concedido pelo Espírito (Ef 2,18) e os fieis são
exortados a adotar como prática constante essa oração que o Espirito suscita
(Ef 6,18). E o sinal da Igreja é que, como verdadeiro Israel, a comunidade
presta culto pelo Espirito (Fl 3,3).
O Espírito fortalece diferentes fiéis
com dons que beneficiam outros e ajudam no culto; que ele organiza a
distribuição de dons de acordo com as necessidades dos fieis e inspira-os a
usa-los corretamente (1Cor 14, 37-40). Isso não significa que tudo que é feito
com a ajuda do Espírito no culto deva ser com espontaneidade (1Cor 14,15), com
premeditação resoluta e criativa, ou com fidelidade a tradição apostólica (como
no ensinamento) é exatamente tão inspirado e espiritual quando algo feito sob o
impulso repentino (1Cor 15,1-8; 1 Tm 3,16).
O Espírito estimula os fieis que ,
na oração, tenham coragem de falar com Deus com que agora reconciliados como
filhos amados. Ele inicia o impulso embaixo e traz de cima a resposta amorosa
de Deus. De maneira ideal, o culto é uma sinfonia de doxologia conduzida pelo
Espirito, para louvar a Deus, proclamando o que ele fez e faz, e qual deve ser
a resposta humana.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
Espírito de Deus e a espiritualidade.
Se deixarmos o próprio Paulo
determinar o sentido da palavra espiritualidade no uso cristão, então não
podemos falar de espiritualidade de Paulo sem reconhecer que a espiritualidade
paulina baseia-se na comunidade trinitária divina – Deus Pai, o Filho Jesus
Cristo e o Espírito Santo. Para Paulo, o Espírito Santo estabelece e dirige a
glória e a base do espírito humano (Rm 8,1-17; 1 Cor 2, 12-16; 12, 1-11; 2 Cor
1, 21-22; 5,5; Gl 3, 1-6; 4,1-7).
A proclamação paulina da salvação e
sua instrução a respeito da missão de Deus no mundo baseia-se no entendimento
de que o Espírito Santo, prometido no AT como aspecto decisivo do tempo
escatológico de salvação, opera fortemente no mundo. Isto esta evidente de
maneira mais decisiva no fato de o Espírito ressuscitar Jesus, o messias de Deus,
da morte para a vida e agora ser o mediador presença do Cristo ressuscitado e
exaltado para a comunidade dos fieis (Gl 4, 1-6; Ef 1,13).
O apostolo também associa o Espírito
Santo ao ato inicial da fé do fiel 9Gl 3,1-6; 4,1-7; 1 Cor 12,3; Rm 8,12-17) e também
como a confirmação e p estabelecimento contínuos dos fieis como filhos e filhas
de Deus em uma comunidade do Espírito (2 Cor 13,13; 1 Cor 12,14) que com oração
e os lábios eleva a oração “Abbá, Pai” 9Rm 8,15; Gl 4,6).
A espiritualidade de Paulo define-se
como um grande e sincero “sim a Deus”, a resposta do filho de Deus ao chamado
de Deus no Espirito Santo. Expressando-o em ato e atitude, o fiel vive em
obediência a Jesus Cristo e a imitação dele, o verdadeiro Filho de Deus, e anda
no padrão disciplinado e amadurecido da obediência do amor de Deus.
Essa resposta humana é suscitada e se
baseia no irresistível “sim” de Deus ao fiel – um “sim” que se manifesta de
maneira suprema no Filho de Deus e por meio dele (2 Cor 1, 18-22). Essa
obediência da fé (Rm 1,5; 16,26) que age pelo amor (Gl 5,6) é possibilitada
pelo Espírito de Deus (Rm 8,1-17), que faz Cristo presente para o fiel e torna
a vontade divina eficaz e fecunda na fé viva do fiel (Gl 5, 22-23).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
fruto e os dons do Espírito.
Estes dois aspectos são
significativos da descrição paulina da pratica do Espírito. Com os dois
aspectos são obra Espirito único de Deus. O fruto do Espirito deve ser evidente
na vida comum do fiel e no exercício das responsabilidades de rezar, ouvir a
Palavra e participar da vida da comunidade. O exercício dos dons do Espírito
esta sujeito ao controle do fruto justificado do Espírito. E o fruto de
Espírito é produzido para florescer e crescer na comunidade onde são exercícios
os dons do Espírito santificante. A relação entre Fruto e Dom é para santificar
e edificar a Igreja.
Em Gálatas 5, 22-23 é o lugar do
ensinamento a respeito do fruto do Espírito. Embora a lista do fruto do
Espirito não apareça ser desenvolvida, representa apenas uma parte do fruto
justificado na vida humana, como Paulo a entende, os primeiros três frutos –
amor, alegria, paz – desempenham papel importante no ensinamento paulino.
Quatro pontos são importantes para
entender os dons na espiritualidade paulina:
1)
Os dons do Espírito são ricamente variados e concedidos generosamente à
comunidade que esta sendo edificada no mundo. Em Rm 12, 4-8 , Paulo esclarece a
natureza variada dos dons, em especial, os dons semelhantes a funções da vida
comum – serviço, generosidade e misericórdia – aparecem ao lado de dons mais
semelhantes ás responsabilidades privilegiadas de oração, Palavra e comunidade,
a saber, a profecia, ensinamento, exortação e liderança. Os primeiros parecem
ser expressão concreta do fruto do Espírito somente quando a Igreja reconhece o
valor transcendente de cada um, e de todos os dons do Espírito que operam
juntos, só então o corpo de Cristo é edificado.
2)
Os dons são concedidos para ser exercidos como responsabilidade privilegiada.
Isso está de acordo com a estrutura da vida cristã como obediência de fé e é
congruente com a espiritualidade como o
“Sim a Deus” do fiel.
3)
O exercício dos dons é o solo fértil no qual floresce o fruto do Espírito.
Proclamação, ensinamento fiel, exortação, liderança – todos exercícios dos dons
do Espírito – levam a uma generosa oferenda dos frutos para a vida de
comunidade. 4) Os fieis são capacitados para avaliar a autenticidade de sua
pratica do Espírito pela medida na qual os frutos do Espírito são evidentes em
suas vidas. A exortação no poder do Espírito proporciona á comunidade de fieis
a sabedoria pela qual ela deve julgar a eficácia de sua pratica do Espírito.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
papel da mente na oração.
Romanos 10, 9-14 liga salvação à fé,
à confissão e à oração. A referência à oração, com emprego de “invocar o nome
do Senhor” é de extrema importância. Enfatiza a responsabilidade do individuo
pata responder ao evangelho, revela o entendimento que Paulo tem da fé e
esclarece o papel que ele atribui á mente na oração. Em Romanos 10,14, o
apóstolo de maneira certeira, 1) o conhecimento de Deus, 2) a fé baseada neste
conhecimento, 3) a oração que procede desta fé. É evidente que Paulo não
considerava a fé da qual se origina a oração autentica uma espécie de salto no
escuro. Para ele, a oração vem de uma fé inteligente ou racionalmente formada e
se baseia na certeza de que Deus não é “desconhecido” (At 17,22-28), mas antes
revelou-se na criação, na história, em Cristo, na Escritura e no Evangelho. As
tendências modernas de separar a fé da razão não encontram nenhum apoio aqui.
A respeito do uso do intelecto para
rezar ocorre me 1 Coríntios 14,14-17: “se eu ora em línguas, eu estou
inspirado, mas a minha inteligência nada produz. Que fazer, então? Eu rezarei
inspirado pelo Espírito, mas rezarei também de modo inteligível... Pois, se
somente a inspiração atua quando pronunciais uma benção, como aquele que faz
parte dos simples ouvintes poderá dizer ‘amém’ à tua ação de graças, já que não
saber o que esta dizendo? Sem duvida a tua ação de graças é notável, mas o
outro não é edificado”. O apóstolo agradeceu a Deus por falar em línguas” mais
do que todos vós”(1 Cor 14,18), e em 2 Coríntios 12,1 ele proclama “visões e revelações”
(talvez associadas a oração) durante as quais ele ouviu “coisas inexplicáveis”.
Mas ele parece ter considerado um estado mental racional menos sujeito ao abuso
ou a ser entendido mal durante a oração, principalmente em reuniões públicas.
Paulo considerava a vida de oração
neste mundo uma luta interminável contra os poderes “deste mundo de trevas , os
espíritos do mal que estão nos céus” (Ef 6,12; 2 Cor 2,11). Ele achava que a
perseguição e a oposição a seu ministério eram manifestações dessa hostilidade
e pedia orações para combatê-la (Rm 15,30; 2 Cor 1, 8-11). Ele estava
convencido de que os fieis precisavam da armadura sobrenatural de Deus para
resistir à tentação e “enfrentar as manobras do diabo”. Assim, ele exortava:
“Que o Espírito suscite a vossa oração sob todas as suas formas, vossos
pedidos, em todas as circunstancias; empregai as vossas vigílias em uma
infatigável intercessão por todos os santos” (Ef 6,18). Entretanto Paulo não
acreditava que a perseverança dependesse, em ultima instancia, da capacidade
humana: Suas orações expressavam a certeza de que Deus “vos confirmará ate o
fim, para que sejais irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Cor
1,8). Ele rezava para os filipenses, pois tinha convicção de que Deus “que começou
em vós uma obra excelente prosseguirá em sua conclusão até o dia de Jesus
Cristo (Fl 1,6). Mas, conhecendo a inclinação humana para “discórdia, ciúme,
violências, rivalidades, maledicências, mexericos, insolência, agitações”,
dizia aos coríntios: “Receio que, à minha próxima passagem, o meu Deus me
humilhe diante de vós e eu tenha de chorar por muitos daqueles que pecaram
anteriormente e não se converteram de sua impureza, de seu desregramento e de
sua devassidão” (2 Cor 12,20-21). Ele os exortava a fazer “autocritica” e
dizia: “Rogamos a Deus que não façais nenhum mal” (2 Cor 13,5.7).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
A
oração e a vontade de Deus.
Para
Paulo, a “luta” da oração não era tentativa de forçar Deus a mudar sua vontade.
Rezar conforme a vontade de Deus era essencial para Paulo, porque ele entendia
toda atividade do mundo em termos de bem e mal. Pela oração, o fiel declara que
Deus e seu mundo estão em constante conflito. A oração é “em sua essência,
rebeldia – rebeldia contra o mundo e sua queda, a recusa absoluta e perene de
aceitar como normal o que é universalmente anormal. [A oração é]... a recusa de
toda programação, todo esquema, toda interpretação que seja em desacordo com a
norma originalmente estabelecida por Deus” Assim a oração é verdadeiramente uma
luta.
Mas Paulo não imaginava uma luta
contra Deus para curvar sua vontade aos desejos pessoais ou às necessidades dos
outros. A oração era, antes, parte da luta do fiel para discernir, afirmar e
participar as realização da vontade de Deus contra a influencia do poder do mal.
O compromisso de viver e também de rezar conforme a vontade de Deus constituía
a essência daquilo que Paulo queria dizer quando conclamava os leitores a rezar
‘em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5,20). Os fieis eram exortados não
apenas a rezar, mas a erguer para os céus mãos “santas” (1 Tm 2,8). Por causa
da alta consideração do apostolo pela soberania de Deus, ele não imaginou que
as respostas à oração humana pudessem alguma vez ser contrarias à vontade de
Deus. Ele disse aos romanos que pedia “continuamente, nas minhas orações, que
eu tenha enfim, por sua vontade, a oportunidade de ir ter convosco” (Rm 1,10),
e mais tarde exortou-os a rezar: “Assim eu poderei chegar até vós na alegria,
pela vontade de Deus, e tomar algum descanso convosco” (Rm15,32).
A prioridade da vontade de Deus era
ressaltada para o apostolo pela realidade de oração importuna, persistente, mas
não respondida em sua vida: “três vezes roguei ao Senhor” diz ele em 2 Coríntios
12,7-10, quis “um espinho [que] foi posto na minha carne, um anjo de Satanás encarregado
de me bater” fosse afastado. Por esse tipo de experiência, ele veio a entender
que 1) adversidade, sofrimento, insultos e perseguições eram oportunidades para
o poder de Deus tornar-se “perfeito” ou completamente manifesto, por meio da
fraqueza humana. Além disso 2) sofrer na vontade de Deus produz perseverança,
caráter e esperança que não engana (Rm 5,3-5). E, finalmente, 3) o sofrimento e
“nossas tribulações de um momento são leves com relação ao peso extraordinário
da gloria eterna” (2 Cor 4,17; Rm 8,18) assim, ele exortava à “paciência”
enquanto os cristãos esperavam e rogavam pela realização final da “adoção” , a
libertação para o nosso corpo (Rm8,23).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
A
intercessão do Espírito.
Em Romanos 8, 26-27, Paulo revela
que “o Espírito vem em socorro de vossa fraqueza, pois nós não sabemos rezar
como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos
inexprimíveis, e Aquele que perscruta os corações sabe qual é a intenção do
Espirito pelos santos”. O ponto central aqui, a saber, a certeza de que a
oração oferecida pelo Espírito está de acordo com a vontade e Deus. Para Paulo,
a questão primordial é pedir conforme a vontade de Deus (1 Jo 5, 14-15). A
intercessão do Espírito do intimo dos fieis na Terra compara-se à constante
intercessão dos fieis da parte do próprio Cristo nos céus (Rm 8,34). A
expressão “gemidos inexprimíveis”, em Romanos 8,26, é muitas entendida
como alusão ao dom dos fieis de falar em
línguas durante a oração em circunstâncias difíceis.
Rezar
“no Espírito” significa “orar naquela consciência de Deus que o Espírito traz,
ser capaz de aproximar-se dele com certeza confiante como um filho se aproxima
de pai”.
Paulo exortava a Igreja “carregai os
fardos uns dos outros” (Gl 6,2), expressão muitas vezes explicada popularmente
com apelo ao salmo 55,22 que exortava a intercessão. Mas é provável que devamos
dar mais ênfase ao aspecto da mutua
preocupação em Cristo, expressa no ato de carregar o fardos como as tentações dos outros (Gl 6,1). A famosa
invocação paulina em 2 Coríntios 1, 3-4, que descreve Deus como “Pai das
misericórdias e o Deus de toda consolação, ele nos consola em todas as nossas
tribulações, para nos tornar capazes de consolar todos os que estão na
tribulação”, parece apoiar isso.
A intercessão de Paulo pede maior
conhecimento de Deus, esclarecimento espiritual, melhor entendimento do que
significa estar “em Cristo’ e a certeza do “poder incomparavelmente grande” de
Deus. O objetivo de Paulo é que seus convertidos imitem Cristo e sejam
“cumulados” até receberem “toda a plenitude de Deus” (Ef 1,19; Cl 1,19). O
missionário-pastor não é um ascético nem indiferente à importância dos assuntos
práticos da vida cotidiana. Mas, em termos que recordam as palavras de Jesus,
ele exorta os fieis a viverem (e rezarem) de uma forma que dê prioridade aos
valores da vida presente e futura: “o exercício corporal é de escassa
utilidade, ao passo que a piedade é útil para tudo. Não possui ela a promessa
da vida, tanto da vida apresente como da futura?” (1Tm 4,8).
A intercessão do apostolo em Efésios
conclui uma doxologia (Ef 3, 20 -21) que resume bem a certeza que Paulo tem na
eficácia de toda oração oferecida no Espírito segundo a vontade de Deus:
“àquele que pode, por seu poder que age em nós, fazer além, infinitamente além
do que nós podemos pedir e conceber, a ele a glória na Igreja e em Jesus
Cristo, por todas as gerações, nos séculos dos séculos. Amém.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Paulo
e a magia.
A crença em deuses , demônios,
espíritos e várias outras formas e poderes sobrenaturais era característica
proeminente da concepção de mundo do século I DC. Pela prática comum da magia,
a pessoa encontrava proteção contra este domínio e ate adquiria controle sobre
ele. Os que se tornavam cristãos e entraram para as Igrejas cristãs primitivas
eram tentados a trazer com eles as crenças e as praticas magicas, como vemos no
relato que os Atos fazem de um incidente em Éfeso (At 19,18-19). Essas pessoas
precisavam de perspectiva do seu passado e de uma atitude mudada em relação a
ele à luz da interpretação paulina do Evangelho.
No mundo do tempo de Paulo, a magia
não era uma forma de entretenimento que consistia no uso habilidoso de truques
ilusórios. Era coisa muito mais seria e correspondia de modo muito próximo
aquilo que hoje chamamos de bruxaria, feitiçaria ou ocultismo. A magia baseava-se
na crença em poderes sobrenaturais que eram reunidos e utilizados pela
apropriação da técnica correta. Portanto, definia-se como método para manipular
poderes sobrenaturais para realizar certas tarefas com resultados garantidos.
Os mágicos não buscavam a vontade divina em uma questão, mas invocavam a
divindade para fazer exatamente o que eles determinavam.
A magia era ilegal no império romano
e considerada aberrante do ponto de vista social, fora dos limites da pratica
religiosa aceitável. Acusar outro individuo ou grupo de praticar a magia era
instrumento poderoso de controle social no mundo antigo. Embora os motivos dos
que acusam os outros de magia e feitiçaria precisem ser avaliados com cuidado.
Os que usavam a magia tinham
objetivos pessoais. Não há exemplos remanescentes de pessoas que usaram a magia
para realizar a vontade de uma divindade. A magia era, antes, usada
precisamente para influenciar a vontade de uma divindade ou um espírito. A magia
era usada para proteção contra os maus espíritos.
No tempo de Paulo muita gente estava
convencida de que mudar o curso de suas vidas era diretamente afetado pelo
alinhamento dos astros no céu por ocasião de seu nascimento. Os praticantes da
magia acreditavam que um destino injusto podia ser alterado influenciando-se essas divindades com formula mágica
apropriada. Além disso, por meio da magia, uma divindade proeminente podia ser
invocada para desviar as garras do destino.
A magia era também usada com
propósitos menos honrosos. Espíritos eram invocados para forçar a atração
física de outra pessoa, para alcançar as boas graças e influenciar pessoas,
para curar vários tipos de doenças e para conseguir a aparição de uma divindade
que revelasse um conhecimento especial. Havia também um tipo mal de magia que procurava
causar dor e mal em adversários e inimigos.
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– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
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– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
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– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Paulo
e magia em Atos.
Lucas relata um incidente no qual
Paulo enfrentou um mago (At 13,4-12), esse mágico era judeu, mas estava ligado
ao procônsul pagão da ilha de Chipre. Paulo encontrou na ilha no início de sua
viagem missionária. Quando o procônsul mostrou interesse pelo Evangelho que
Paulo anunciava, Elimas (o mágico) opôs-se com veemência a Paulo. Segundo
Lucas, Paulo denunciou Elimas como filho do diabo e o senhor imediatamente
cegou o mágico.
Os Atos relatam outro episódio
dramático ocorrido durante o ministério paulino em Éfeso (At 19, 13-20). Lucas
narra uma situação envolvendo exorcistas judeus itinerantes que invocavam o
nome de Jesus como parte de seu rito mágico para o exorcismo. Certa ocasião,
eles falharam tragicamente quando aplicaram esse método a um homem endemoniado.
Lucas diz que eles foram fisicamente atacados pelo homem e forçados a fugir da
casa seminus e cobertos de chagas. Quando se espalhou a noticia entre os
cristãos, os que continuavam a praticar magia amontoaram seus livros caros de
formulas mágicas e encantamento e os queimaram.
Esse relato reforça a fama de Éfeso
como uma espécie de centro para práticas mágicas durante o século I. É também
importante para entender a formação pré-cristã de muitos convertidos paulinos.
Os cristãos primitivos enfrentavam uma forte tentação de combinar as crenças e
as práticas de magia com o cristianismo. Esta claro que Lucas considerava a
magia um mal e o domínio do diabo. A esse respeito, Lucas também reflete corretamente
as convicções de Paulo.
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– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
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– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
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– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Paulo
e a magia nas cartas.
Se Gálatas 5,20 é indicação da
atitude geral de Paulo para com a magia, concluímos que ele a julgava
inconsistente com a vida do Espírito. Ali ele condena severamente a ‘magia” no
mesmo nível da idolatria; ambos são obras da “carne”, que não devem fazer parte
da vida do fiel. (cf. Ap 21,8 onde se afirma que os que praticam a magia experimentarão
a “segunda” morte”).
Em 2 Timóteo 3,13, diz: “Quanto aos
homens maus e aos impostores (charlatão ou trapaceiro), eles progredirão no
mal, enganando os outros e sendo eles mesmos enganados”. Embora seja possível
quem em 2Tm 3,13 faça referencia a um mágico, do mesmo tipo que Apolônio de
Tiana, já que em 2 Tm os trapaceiros são comparados com mágicos que se opunham
a Moises. Mais uma vez a pratica da magia é vista sob a pior luz possível.
Os praticantes de magia estavam
obsessivamente interessados em poderes sobrenaturais por razões práticas. As
cartas paulinas, em especial Colossenses e Efésios, dão aos leitores uma nova
visão do domínio dos espíritos. Paulo jamais nega a existência real de maus
espíritos; ao contrário, ele tem o cuidado de descrevê-los como subordinados ao
controle do príncipe do mal, Satanás (Ef 2,2). O que é mas importante, Cristo
derrotou todas estas essas forças por sua obra na cruz (Cl 2,15) e é agora
exaltado bem acima delas em uma posição de soberania (Ef 1,20-22). Contudo, os
poderes ainda exercem influência e são hostis à Igreja. A parusia de Cristo
porá um fim na tirania deles sobre o mundo (1 Cor15,24;Ef 1,10; Cl 1,20). Por
causa de sua perigosa hostilidade à igreja, esses poderes não devem ser
invocados nem manipulados pelos cristãos, que devem resistir a eles pelo poder
de Deus (Ef 6,10-20).
Em Éfeso, Paulo declara a supremacia
de Cristo sobre todos poderes espirituais, na verdade sobre “qualquer outro
nome capaz de ser nomeado” (Ef 1,19-23; 4,8-10). Para os que viviam em
constante medo das terríveis façanhas dos maus espíritos, isso proporcionava
muito consolo. O destino não esta nas mãos de poderes caprichosos, mas é
determinado pelo Pai amoroso que “nos escolheu nele antes da fundação do mundo”
(Ef 1,4). A vontade e o propósito desse Pai celestial benevolente se realizam
na história (Ef 1,5.10.11; 2,10); ele não é uma divindade para ser manipulada
conforme as extravagancias carnais da pessoa. Aproximamo-nos de Deus com
humildade e gratidão e rezemos de acordo com sua vontade (Ef 3,14-19; 1,15-19).
Em contraste com as tentativas egoístas de usar o poder divino da magia, Efésios
enfatiza a recepção do poder divino pelo fiel para manifestar amor aos outros
de maneira abnegada (Ef 3,16-17; 5,2).
A carta também da uma nova
perspectiva dos poderes ao realçar seu conluio com o diabo e expor seu objetivo
de atacar a Igreja (Ef 2,2; 4,7; 6,12). Efésios garante aos fieis a
disponibilidade do poder de Deus para resistir a essas forças. Segundo Paulo,
não obtemos o poder de Deus por meio de magia e formulas, mas em virtude de uma
estreita união com o Cristo ressuscitado (Ef 2,5-6; 6,10).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
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– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
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– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Milagres
na missão paulina.
Paulo reluta em chamar atenção para
seus milagres da mesma maneira que os adversários (1Cor 1,22; 2Cor 12,12),
“sinais e prodígios” eram os milagres que ele realizava pelo poder do Espírito
e estavam integralmente associados a sua pregação para fazer parte do novo Êxodo
para a liberdade possível no tempo de Cristo. Assim, o Evangelho é, em parte,
formado pelos milagres que eram
realizados (Rm 15,18-19; 1 Ts 1,5).
A função dos milagres na missão de
Paulo é vista, por exemplo, em 1 Cor 2, 1-5, em que Paulo explica que, embora
tenha vindo aos coríntios fraco, receoso e todo tremulo, sem palavras
persuasivas nem de sabedoria para proclamar somente Jesus Cristo, e Jesus
Cristo Crucificado, sua mensagem é uma “demonstração” de Espírito e poder, afim
de que a fé dos coríntios se baseie não na sabedoria humana, mas no poder de
Deus (1Cor 2,4). Ao relacionar sua fraqueza, seu receio e palavra com a
demonstração do evangelho, Paulo provavelmente se refere não só ao encontro dos
coríntios com o poder de Deus transformas suas vidas em conversão, inclusive a
recepção do Espírito acompanhado pelos dons espirituais, mas também aos
milagres envolvidos em sua missão como demonstração ou prova do seu evangelho
(2 Cor 12,9-10; 1 Ts 1,9).
Além disso, em 1 Tessalonicenses
1,5, talvez para se defender contra a acusação de trazer uma mensagem sem
demonstrar sua eficácia, Paulo diz que seu evangelho entre eles não ficou só no
discurso, mas também no poder e no Espírito Santo e na plena convicção, o que
mostra que, para ele, sua missão incluía não só proclamação mas também milagres
e a convicção intima produzida pelo Espírito Santo.
Paulo descreve uma das manifestações
da presença do Espírito no fiel (1 Cor 12,7) como “poder de operar milagres” ou
simplesmente milagres. O dom dos milagres diferencia-se da cura (1 Cor 12,9),
embora pudesse se referir a exorcismos. Paulo não achava que a habilidade de
realizar milagres era concedida a todos (1 Cor 12,9). A mudança na forma como
os dons estão relacionados em 1 coríntios 12, 28 (1 Cor 12, 8-10) significa que
o dom dos milagres está menos estritamente associado a fieis em particular que
a designação por Deus de apóstolos, profetas e homens encarregados do ensino.
No entanto, os milagres são importantes o suficiente para ser relacionados imediatamente
após esses ministérios primordiais.
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– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
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– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
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Milagres
de Paulo em Atos.
As narrativas de milagres associadas
a Paulo são aspecto importante da descrição de Paulo nos Atos. Em Atos 13,4-12,
o procônsul acredita quando vê Paulo fazer o mágico Elimas ficar
temporariamente cego por se opor a ele.
Em Atos 14,4-18, por terem curado um inválido,
Paulo e Barnabé são saudados como deuses que desceram em forma humana, e os
dois aproveitaram para anunciar a Boa Nova.
Em Atos 16,16-18, o exorcismo do
espírito de adivinhação de uma jovem criada resulta na conversão do carcereiro
e de sua casa. Atos 19, 11-12, resumo do ministério paulino, menciona que seus
lenços eram levados aos doentes para que fossem curados ou libertos de maus
espíritos. Isso contribui para que a Palavra do Senhor cresça e aumente seu
poder (At 19,20).
Na ressureição de Êutico em Atos 20,
7-12, a descrição de Paulo é a de u homem de Deus como Elias (1 Rs 17, 17-24) e
Eliseu (2 Rs 4, 32-37). Em resultado de Paulo curar o pai de Públio de febre e
disenteria em Atos 28,7-10, é relatado que todos os habitantes de Malta
trouxeram seus doentes para serem curados.
Paulo também é descrito como objeto de
milagres: recupera a vista 9At 9,8.18; 22, 11-13), é libertado da prisão (At
16, 25-34) e não sofre nenhum mal, apesar de uma víbora se prender em sua mão
(At 28, 3-6).
Essas narrativas, que abrangem temas
teológicos dos Atos, não descrevem apenas Paulo como milagreiro, como nas
cartas, mostra que ele proclama um evangelho que inclui o milagroso e uma
mensagem a respeito do poder de Deus.
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AS
visões paulinas.
Apesar de Paulo ter tido
experiências visionárias,, ele raramente as menciona. É difícil descrever o
conteúdo das visões paulinas ou determinar o papel que desempenham em sua
religiosidade pessoal. Embora seu chamado ao ministério viesse em forma
visionária (Gl 1, 11-12.16), ele abertamente rejeitava as visões como critério
de autoridade apostólica.
Na narrativa dos Atos, a experiência
paulina na estrada de Damasco é descrita três vezes (At 9, 1-9; 22,6-11; 26,
13-19) – em duas delas, o próprio Paulo descreve o acontecimento; outras
passagens de Atos descrevem Paulo como homem encorajado, dirigido e guiado por
experiências extáticas semelhantes a visões (At 9,12; 16,9-10; 18, 9-11;
22,17-21; 23, 11; 27,23-24). É importante entender esses relatos em sua ligação
com o plano teológico de Lucas, que era diferente do paulino. A atitude paulina
para com as visões é diferente da de Lucas. Lucas enfatizava as visões como
parte de sua apologética da missão as gentios: esta é obra de Deus e, assim, as
visões confirmam o ministério paulino no chamado e no desempenho. Paulo defende
a missão para com os gentios e o papel que desempenha nela porque a Palavra foi
proclamada e a Igreja estabelecida (2 Cor 3,2-3; 12,12; Rm 15,18-20). As
experiências extáticas têm valor somente na medida em que revelam essa obra
(1Cor 14, 26.30-33). Por essa razão, assumem papel secundário no entendimento
paulino de ministério.
Paulo esta disposto a mencionar
visões quando sofre ataques, embora sempre com reticencias. Em Gálatas 1,
12.16; 2,2, ele menciona revelações em resposta à acusação de que não recebera
credenciais apropriadas em Jerusalém (e diz que sua missão “foi revelada” pelo
Senhor). Em 2Corintios 12,1-4, ele mudou a ênfase, criando uma paródia irônica
das reinvindicações dos “superapóstolos” com representantes que se opunham ao
seu trabalho; Paulo tem respeito pelos lideres embora condene os que alegavam
representá-los (2 Cor 11,5.13-15; 12,11). Nesse contexto Paulo afirma que suas
“revelações eram extraordinárias” (2 Cor 12,7). A principal delas é a viagem ao
céu em 2 Coríntios 12,1-4.
Paulo não se orgulha destas visões e
insiste que elas não constituem um critério para a autoridade apostólica. Paulo
repele qualquer auto exaltação por causa destas visões, ele chama atenção para
o erro no qual seus adversários caíram: ele os iguala ponto por ponto, mas
esses são os pontos errados. Para assegurar essa posição, ele apresenta sua
“defesa” com grande relutância (observa-se o uso da terceira pessoa no singular
[2 Cor 12, 2-5] o recurso repetido a apologias em 2 Cor 11, 30-33; 12, 1.5.6 e
a ênfase equivalente na humilhação, no sofrimento e na fraqueza [ 2 Cor
11,32-33; 12, 7-9.10] simbolizada no crucificado [2 Cor 13,1-4]).no fim, são essas
limitações, e não as visões, que representam as credenciais apropriadas para o
ministério.
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Anjos
em Paulo.
A palavra anjo deriva do grego
angelos, pelo latim angelu, e é frequentemente usada para traduzir essa palavra
grega, que significa “mensageiro”. A palavra hebraica mal’ak, ou mensageiro
podia ser usada como referencia a um emissário humano ou espiritual. Cada um
dos catorze usos de angelos (quase sempre no plural) nas cartas paulinas parece
presumir ou referir-se a uma comparação com um ser ou seres sobrenaturais bons
ou maus.
Em diversos casos, os anjos são
citados como observadores ou testemunhas de Cristo ou dos fieis. A idéia de
anjos que acompanham Deus e o Cristo exaltado aparece em 1 Timóteo 5,21, onde Timóteo
é exortado “na presença de Deus e de Cristo Jesus, bem como dos anjos eleitos”,
a observar as normas da disciplina da Igreja.
Em 1 Cor 11, 10, Paulo instrui que
“a mulher deve trazer sobre a cabeça uma marca de autoridade, por causa dos
anjos”. Para Paulo, a questão é a ordem correta na adoração, em que as mulheres
e também os homens oram e profetizam (1 Cor 11, 4-5). A sugestão que os anjos,
como filhos os “filhos de Deus” de Gêneses 6,2, podem ser sexualmente tentados
pelas cabeças descobertas das mulheres (o cabelo feminino sendo atração sexual)
ou que as mulheres estariam sujeitas a investida de anjos demoníacos malignos não
tem apoio exegético convincente e presume que a “autoridade” sobre a cabeça
da mulher seja uma cobertura de cabeça. A cabeça coberta da mulher não só
indicava dedicação ao marido como também respeitava a obrigação judaica do
homem divorciar-se da mulher que aparecesse na rua com a cabeça descoberta
(ketubot 7,6). A observância desse costume tinha importância especial em uma
Igreja domestica que se reunia junto da sinagoga (At 18,7), onde “mensageiros”
poderiam relatar um comportamento ou traje improprio (1Cor 11, 10). Entretanto,
em 1 Coríntios 11, 16, Paulo indica que a Igreja não tem esse costume universal
e a mulher tem o direito de escolha; mas ela esta obrigada a respeitar a sensibilidade
alheia. 91 Cor 7, 37; 8,9; 9,4.5.12).
O interesse de Paulo na ordem litúrgica
sugere que os anjos preocupam-se com a manutenção dessa ordem. Indícios de
qumran atestam a crença judaica na presença de anjos “na congregação”, razão
pela qual o portador de deficiência física devia ser excluído da assembleia.
Entendimento semelhante pode ter sido introduzido em Corinto, com a
“autoridade” sobre a cabeça da mulher a fim de satisfazer os requisitos
angelicais para a ordem correta.
Em 1 Cor 13,1, Paulo refere-se a falar
“em línguas, a dos homens e a dos anjos”. Talvez isso aluda ao discurso
profético, ou a falar em línguas, e sugira, mais uma vez, uma relação entre
adoração inspirada pelo Espírito e a dos anjos.
Em 2 Cor 11,14, Paulo adverte que
até Satanás se disfarça de anjo de luz. Paulo toma a tradição judaica de Satanás
se disfarçando (Genesis) e aplica a seus adversários em Corinto que se tinham
disfarçado de apóstolos. Na verdade Paulo afirma que els são servos de Satanás
(2 Cor 11,15) é um emprego metafórico da idéia de anjo.
Embora Paulo tivesse em alta conta
os anjos, chegando a comparar sua calorosa acolhida pelos gálatas à “um anjo de
Deus” (Gl 4,14) ele também empregou os anjos como contrastes para a insuperável
glória do evangelho de Cristo. Se Paulo “ou um anjo do céu anunciasse um
evangelho diferente” (Gl 1,8) do que lhes foi anunciado anteriormente, esse
evangelho deveria ser considerado anátema (errado).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
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– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
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– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Línguas
– Glossolalia – Xenolalia.
Em 1 Cor 12 10 a frase “hetero gene
glosson” foi traduzida como “o dom de falar línguas” (TEB), “a diversidade de
línguas” (CNBB), “o dom de falar línguas” (BJ), “a variedade de línguas” (Ave
Maria – Vulgata), “falar línguas estranhas” (Vozes), “a variedade de línguas”
(Bíblia Africana); “ falar línguas diferentes” (Bíblia do Peregrino); “falar em
línguas estranhas” (Bíblia na linguagem de hoje); “ “mukwavo vanamuhane
kuhanjika malini eka naeka” (Mukanda Wakalunga – Luvale). A diversidade de
traduções representa a dificuldade de lidar com este tema. A variedade “idioma”
(não encontrada em traduções brasileiras) sugere que o evento de Pentecostes de
Atos 2, 5-11, onde a multidão ouviu os 120 falarem em diversos idiomas humanos
(xenolalia) diferentes deles, dá a base para essa interpretação.
O fato de Paulo não mencionar falar
em línguas em nenhuma carta além de 1 Coríntios deu origem a duas explicações:
1) esse fenômeno era tão difundido entre as igrejas que Paulo não viu
necessidade de mencioná-lo, exceto onde era mal usado (em Corinto), ou 2) Paulo
decidiu não mencionar para os romanos esse carisma “problemático” (Rm 12, 6-8)
e aos efésios (Ef 4,11), quando tratou de outros fenômenos carismáticos, porque
não queria encorajar o uso nem a propagação desse dom.
Os que defendem a presença desse
carisma apelam não só a presença de línguas em Corinto, mas também a passagem
como atos 2, 1-4 (Jerusalém), Atos 10, 44-48 (Cesaréia) e Atos 19, 1-6 (Éfeso).
Os que defendem que Paulo não se interessava em ver este carisma difundido
citam a preferencia paulina por fenômenos proféticos inteligíveis ( 1 Cor 14,
1-5.18-19) ao lado do seu silencio respeitoso do assunto onde, de outro modo,
ele seria apropriado (Rm 12 e Ef 4).
Paulo reconheceu por experiência
própria que a capacidade de falar em línguas era uma coisa boa. Afirmou que
falava em línguas (1 Cor 14,18) e desejava que todos os destinatários tivessem
essa experiência (1 Cor 14,5), ele entendia que quem falava em línguas
edificava a si mesmo (1 Cor 14, 4). Afinal se dirigia a Deus (1 Cor 14, 2),
embora anunciasse coisas misteriosas. Quando interpretada apropriadamente,
permitia a comunidade de fé abençoar, agradecer ou louvar a Deus de uma forma
verdadeiramente inspirada pelo Espírito (1Cor 14, 15-17). Apesar de seu valor,
o dom de línguas também tinha limitações evidentes, tinha valor apenas
temporário. Ao contrario do amor, a capacidade de falar línguas irá acabar 91
Cor 13, 8). Exercido sem amor, abalaria os nervos ( como metal que ressoa ou um
címbalo retumbante, 1 Cor 13,1), seria uma expressão orgulhosa, arrogante,
rude, egoísta e irritada de insensibilidade para com a comunidade (1 Cor 13,
4-7). Exercida na comunidade mas sem interpretação apropriada, toda
manifestação de falar em línguas, quer por um individuo, quer de acordo com
toda comunidade leva a confusão (1 Cor 14, 17.23).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Diretrizes
para exercer o dom das línguas.
Para Paulo o dom de línguas ser
exercido em seu potencial mais pleno, afirma que certas diretrizes básicas
devem ser consideradas. A manifestação da graça concedida pelo Espírito Santo
deve refletir o caráter daquele que o concede. Se Deus é um Deus de paz, então
o uso desse dom deve refletir essa qualidade. Não para insensibilidade ás
necessidades dos outros.na verdade, exatamente o oposto deve ser verdade. Deve contribuir
para a unidade e a compreensão e ser exercido de maneira sensível ás
necessidades dos outros. Como Paulo imaginou isso?
O fato de Paulo escolher a metáfora
do corpo de Cristo para descrever a comunidade cristã ajudo-o essa metáfora era
consistente com seu reconhecimento de que os fieis são chamados a comunhão,
conceito fundamental para o que significa viver como discípulos de Jesus Cristo
(1 Cor 1,9). Não devia haver divisão no corpo (1 Cor 10, 23-24), mas sim
edificação (1 Cor 14,12), paz (1 Cor14,33), decência e ordem (1 Cor 14,40).
Paulo não defendia o abandono de falar em línguas sem nenhum motivo (1 Cor
14,39). Isso o faria sentir-se culpado de algo que ele não perdoava, a saber,
extinguir o Espírito (1 Ts 5,19), que soberanamente decidiu conceber seu
carisma a certos indivíduos no corpo de Cristo (1 Cor 12,11).
A teologia paulina deixa claro que,
embora a capacidade de um individuo falar em línguas traga edificação pessoal
(1 Cor 14,4), esse individuo deve participar com Espírito para o maior bem da
congregação, preferindo limitar sua ação de certa maneira.
O fato de 1) ser possível impor
limitações ao numero de pessoas que falam em línguas durante toda assembleia
especifica da comunidade crista (geralmente não mais que duas ou três), de 2)
casa um ter sua vez de forma ordeira e 3) de poderem preferir ficar em silencio,
falando tranquilamente com Deus (1Cor 14, 27-28), tudo parece indicar que os
que falam em línguas tem o controle total de suas faculdades. Tomam decisões
conscientes quanto ao seu comportamento e agem de maneira que, em ultima
instancia, contribui para o bem geral da comunidade.
As diretrizes paulinas, que ele
afirma não serrem menos que um “mandamento do Senhor” (1 Cor 14,37), põem a
responsabilidade primordial de “falar em línguas” diretamente nos ombros de
quem fala. Assim como a Igreja não deve proibir que se fale em línguas (1Cor
14, 40), também aquele que manifesta esse dom só deve agir de uma forma que
beneficie a Igreja toda e também o não-crente que ali estiver presente (1 Cor
14, 1.5.12.26.40).
Se não há um interprete presente,
mas a pessoa acredita ter sido inspirada para falar em línguas, ela tem duas
alternativas que beneficiam a Igreja:
1) assumir a responsabilidade de orar a
Deus para obter o dom de interpretação (1 Cor 14,13). Pedir o carisma que torna
a expressão em línguas inteligível para a comunidade não significa
necessariamente que o dom será concedido. O Espírito que distribui tais
carismas é, afinal soberano quanto a concessão deles (1 Cor 12,11). Mas se a
necessidade é genuína e o Espírito decido intervir, é claro que não há nenhum
mal em pedir. Quem faz isso não é culpado de presunção. A comunidade pode, no
final das contas, ser edificada (1Cor 14,5).
2) Fazer silenciosamente a Deus (1
Cor 14,28) uma oração que traga a edificação ao que fala e se dirige a Deus,
mas não contribui para a desordem e a confusão na comunidade. O fato de Paulo
mencionar essa opção leva alguns a acreditar que falar em línguas tem um papel legitimo
como “linguagem de oração” particular.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Paulo,
Pedro e as línguas.
Na verdade, talvez Paulo expressasse
seu dom de falar em línguas com muita frequência precisamente dessa maneira
silenciosa. Ele celebrou o fato de falar muitas vezes em línguas ( 1Cor 14,18),
mas em sua preferencia pessoal não era fazê-lo no contexto de uma comunidade
(1Cor 14,19). Isso sugere claramente que, quando Paulo falava em línguas, era
de maneira silenciosa, quer em um ambiente comunitário, quer em particular,
como parte de sua vida devota pessoal.
O único exercício de línguas que
Paulo condena com clareza como ilegítimo é exatamente o que os cristãos
coríntios parecem ter adotado – falar em línguas por falar em línguas, sem
interpretação e sem respeito pela vida e pela participação da comunidade.
É importante notar que em nenhum
parte Paulo afirma que falar em línguas é outra coisa além de um carisma, um
dom do Espírito Santo; Paulo não afirma que falar em línguas seja sinal do
batismo no Espirito. (1 Cor 12,13).
A insistência de muitos pentecostais
de que a capacidade de falar em línguas atua como sinal disponível para todos
os cristãos não se baseia em Paulo; em vez disso, apoia-se fortemente nos
escritos de Lucas, de modo mais notável em Atos 2,1-39; 10,44-48; 19,1-6).
Entende-se que Pedro considerava falar em línguas sinal ou prova da imanência
do Espírito de Deus que acabou de ser derramado, como a resposta do profeta
Joel (At 2,16-21 = Jl2,28-32). Paulo entendia que o dom das línguas também
indicava a presença de Deus na graça, permitindo ao locutor rezar de forma
inspirada pelo Espírito. Entretanto, quando era mal-usado em público, agia de
uma forma contraria a seu proposito divino. Transformava-se em sinal de
julgamento contra o não-crente, que o interpretava unicamente como sinal de
loucura (1Cor 14,23). O interesse de Paulo era que esse carisma fosse usado de
maneira positiva e edificante e não como sinal negativo. Em resultado, ao
considerar a conduta apropriada dos cristãos reunidos para o culto publico, Paulo
recomendava a fala inteligível que envolvia o conhecimento (1Cor 14,19) e, em
especial, o dom da profecia (1Cor 14,1.3-5).
A analise paulina de falar em línguas
se esclarece quando entendemos sua preocupação de que, quando se manifestar na
comunidade cristã, qualquer carisma tenha a finalidade de edificar essa
comunidade. Todas as ênfases improprias na experiência individual, em êxtases
ou manifestações que sejam ininteligíveis para a comunidade toda devem ser
evitadas como apropriações indevidas da graça divina na vida da comunidade
cristã e inconsistentes com o caráter de Deus que soberanamente a concede a
diversos membros da Igreja.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
O
ministério nas Igrejas paulinas.
Para o apóstolo Paulo, o ministério
incluía tudo o que Cristo exaltado fez e faz por intermédio de seu povo para edificar
sua Igreja, isso incluía o exercício apropriado dos dons par ao ministério, que
Cristo concedeu a todo seu povo, e também o ministério dos que, como Paulo,
foram divinamente designados para estabelecer e educar as Igrejas. Também
incluía as designados por ação humana para exercer papeis de liderança nas
Igrejas.
As Igrejas que Paulo fundou eram
comunidades “carismáticas”, formadas por indivíduos que tinha recebido, todos
elas, dons de ministério a ser exercido para o bem comum (1Cor 12 7.11). Algumas
pessoas eram designadas diretamente por Deus para exercer um papel de liderança
na Igreja, e sua função era pôr os outros membros em condições de exercer seus
ministérios. Há também indícios de ministérios mais “oficiais”, os dos
epíscopos (supervisores), anciãos e diáconos e também o dos delegados apostólicos,
designados por ação humana.
Nas cartas paulinas há muitas
indicações de que mulheres trabalhavam ao lado dos homens pela causa do
evangelho. Primeiro há o exemplo extraordinário de Priscila. Ela e o marido,
Áquila, eram colaboradores de Paulo e arriscaram a própria cabeça para salvar-lhe
a vida. A Igreja se reunia na casa deles, e todas as Igrejas dos gentios lhes
eram gratas (Rm 16,3-4; 1 Cor 16,19; 2 Tm 4,19). Havia também Evódia e Síntique,
colaboradoras de Paulo no anuncio do Evangelho, que trabalhavam na comunidade
de Filipos (Fl 4,2-3), a diaconisa Febe, que servia a Igreja de Cencréia (Rm
16,1-2) e Trifena e Trifosa, trabalhadoras do Senhor ás quais Paulo enviou
saudações (Rm 16,7).
Nas cartas pastorais foram dadas a
Timóteo e a Tito instruções a respeito das qualificações dos que iam ser
designados epíscopos, diáconos e anciãos (1 Tm 3,1-7.8-13; Tt 1,5-9). Esses
ministros era designado por Paulo e seus delegados (Tt 1,5; At 14,23). As funções
do epíscopo incluíam ensinar e governar a casa de Deus (1 Tm 3,2.5). parece que
a tarefa dos anciãos era presidir a Igreja (1Tm5, 17), e que alguns deles se
dedicava a pregar, ensinar e refutar os que contradiziam a sã doutrina (1Tm
5,17; Tt 1,9). Não é dada nenhuma informação quanto a tarefa dos diáconos.
Paulo via seu ministério
primordialmente como apóstolo de Cristo, a quem fora atribuída a
responsabilidade de conduzir os gentios a obediência da fé. Era um ministério
realizado por palavras e ações e no poder do Espírito Santo. Seu ministério era
motivado pela percepção do amor de Cristo por todos (2 Cor 5,14) e pela
consciência da obrigação que ele tinha de realizar o encargo a ele confiado (1
Cor 9, 16-17).
O elemento essencial do ministério
paulino era a anúncio do evangelho (1Cor 1,17). Esse, ele reconheceu, era o
meio pelo qual Deus decidiu se fazer conhecido das pessoas (1Cor 1,21); esse
era o poder de Deus para a salvação (Rm1,16; 1 Cor 1, 18). Ele tinha obrigação
de anunciar esse Evangelho e enfrentaria terríveis consequências se não o
fizesse (1 Cor 9, 16-17). A única opção que ele tinha era anunciá-lo,
gratuitamente ou não, e ele conscientemente decidiu fazê-lo gratuitamente (1Cor
9,18; 2Ts 3,8).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Doença
e cura nos escritos paulinos.
O apóstolo Paulo considera fraqueza,
a doença e outras tribulações parte da ordem natural caída ( 2 Cor 4,17), parte
do seu sofrimento como servo de Cristo (2 Cor 11, 23-12,10), motivadoras no
anuncio do Evangelho (Gl 4,13-14) também mensageiras de Satanás (2 Cor 12,7).
Além disso a doença e descrita como julgamento de Deus ou castigo pelo pecado
(1 Cor 11, 27-32), embora Paulo nunca aplique essa interpretação a sua doença
ou a seu sofrimento. A menção de Lucas, o médico amigo (Cl 4,14), demostra uma
atitude favorável para com a profissão medica (Sr 38,1-15).
Paulo não considerava a doença uma
coisa que o Senhor sempre cura, embora a fraqueza remanescente torne mais
evidente o poder de Cristo em sua vida, a ponto de Paulo se orgulhar de sua
fraqueza (2Cor 12,9-10). Os gálatas era tentados e rejeitar Paulo porque sua
doença contrastava com os milagres que ele operava (Gl 3,5). Em bora a doença
de Paulo possa não ter sido grave o bastante para ser mencionada na lista de
provações em 2 Coríntios 11, 24-27., ela fez com que Paulo pregasse aos gálatas,
e eles o recebessem como a Cristo (Gl 4,14). Assim, até a doença é oportunidade
para anunciar o Evangelho.
Paulo não adota uma atitude
triunfalista em relação a doença e à cura, embora esteja convencida de que nada
nos separa do amor de Deus (Rm 8,35-39), e uma das expressões da presença do
Espírito Santo é o dom da cura.
As únicas vezes que Paulo se refere diretamente
à cura da doença é quando menciona os dons ou “carismas de cura” em suas listas
de dons do Espírito (1Cor 12, 9.28.30).
Em 1 Cor 12, 30 Paulo talvez queria
ressaltar que o poder de curar não é inerente à pessoa e esta recebe o carisma
para ocasiões de cura especificas e diferentes. Como não ouvimos Paulo falar de
portadores de cura em tempo integral, e como o dom da cura em tempo integral, e como o dom da cura é
mencionado somente no contexto de dons para a comunidade local de fieis, é
provável que Paulo não pense em portadores do dom de cura itinerantes.
Paulo faz poucas referencias ao fato
de ter o dom da cura (Gl 3,5). Entretanto entendemos que a frase tradicional
que ele usa para descrever seu trabalho “sinais e prodígios” (Rm 15, 18-20; 2
Cor 12,12; 2 Ts 2,9). Paulo enfatiza que Deus é o autor de suas curas. D
perspectiva paulina, esses sinais e prodígios, juntamente com sua mensagem, são
Cristo, que opera por meio dele, e eles identificam-no como apóstolo, ale, de
ajudarem a conquistar a obediência dos gentios.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
A
cruz e a vida cristã em Paulo.
Como a cruz afeta a vida
cristã? Talvez seja aqui que as plenas
implicações de uma teologia da cruz fiquem claras. A cruz forma a vida cristã,
fato que Paulo desenvolve em uma série conveniente de passagens de sua vida,
nas quais ele relata a maneira que ele foi moldado pela cruz e harmonizou-se
com o padrão do Cristo crucificado. Em uma serie importante de passagens, Paulo
indica a maneira pela qual é possível esperar que a cruz afete a vida dos
fieis.
Em 2 Coríntios 4, 7-15 Paulo indica
a forma como a cruz de Cristo infunde-se na sua existência. Ser alguém que crê
é trazer as marcas de tribulações, conflitos e rejeições. A ideia principal é
expressa na sentença : “sem cessar trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus”
(2Cor 4,10). Para Paulo, Cristo e sua cruz são a causa e o paradigma do
sofrimento do fiel. Há uma forte sensação de que o fiel participa da vida – e daí
dos sofrimentos – de Cristo, idéia que talvez Romanos 8,17 expresse mais
plenamente (Cl1, 24).
Em Gálatas 6,14 “Eu, por mim, nunca
vou querer outro titulo de glória que a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo; por
ela o mundo esta crucificado para mim, como eu para o mundo”. Essa passagem
significativa trata da critica dos que, por razoes mundanas, desejam forçar os
cristãos a adotar estilos de vida estranhos ao evangelho. O mundo é
considerando um poder que invade a vida dos fieis onde não tem nenhuma autoridade
para fazê-lo. A passagem subentende uma relação orgânica entre a crucifixão de
Cristo , a de Paulo e a do mundo. Por causa da cruz, Paulo morreu para o mundo
e o mundo morreu para ele. “Os que pertencem ao Cristo crucificaram a carne”.
(Gl 5,24). O poder que o mundo outrora exercia sobre ele foi rompido. Paulo
agora participa de uma nova criação que existe graças a crucifixão, na qual a
autoridade e o domínio do mundo foram destruídos – não, mais que isso: o mundo
foi crucificado.
Em Filipenses 3,8-12 se baseia na
idéia de participar da ressurreição e dos sofrimentos de Cristo por causa da
relação dos fieis com ele. Paulo expressa o desejo ardente “de conhece-lo
[Cristo] e ao poder de sua ressurreição e à comunhão com seus sofrimentos, de
tornar-se semelhante a ele em sua morte (Fl 3,10). Conhecer Cristo é conhecer
seus sofrimentos.
Para Paulo a fé começou com a cruz e
para ela que se volta continuamente como ponto de referencia fundamental, para
ser nutrida pelo Cristo crucificado. Pela participação em Cristo, o fiel
compartilha seus sofrimentos e sua morte um dia – mas ainda não” – participará
de sua gloriosa ressurreição. E essa
esperança vai nos manter e precisa nos manter na busca da fé. Os fieis tem
vislumbres dos domínios celestes, até ouvem as vozes distantes dos anjos – mas
permanecem aqui, dedicados a Cristo crucificado, em meio a um mundo sofredor.
Os domínios celestes permanecem no futuro, embora sua musica distante seja
ouvida agora. A cruz representa a imagem da vida cristã no mundo, exatamente
como representa a esperança além deste
mundo, que os fieis partilham com Paulo.
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
4
– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?
Culto
e adoração em Paulo.
Para entender o culto nas Igrejas
paulinas encontra-se nas afirmações a respeito da graça divina para satisfazer
a necessidade humana e cósmica e o papel fundamental atribuído a Jesus Cristo,
o Senhor outrora crucificado e agora
ressuscitado, exaltado e glorificado, como chefe e soberano de toda criação (Fl
2, 6-11; Tm 3,16). Essa duas afirmações estão no centro da prática paulina de
culto, vista em seus louvores, orações, e confissões de fé e abordada no tipo
de atividade celebrativa à qual ele esperava que suas comunidades de
dedicassem.
O ensinamento paulino está espalhado
por toda aa sua correspondência e, embora haja algumas sugestões de que ele
incorporou partes de um padrão de culto estabelecido não há nada definido.
A oração e a ação de graças estão sempre
unidas. Os cristãos são aconselhados a não extinguir o Espírito, em especial a
não desfazer as palavras dos profetas, mas são advertidos de que devem
discernir os espíritos. Acima de tudo nada de inconveniente deve entrar na
comunidade, o q sugere um controle de praticas desenfreadas de culto (1Ts
5,16-22).
Formas triadicas de oração, louvo e
confissão também podiam aparecer lado a lado (2Cor 1,20-21; 1 Cor 12,4-11; Ef
4,4-6), como as pessoas da divindade eram associadas a vários ministérios e
ocupações. Em Efésios 1, 3-14, há um formato trinitário quando é dito que o Pai
escolheu os fieis, o Filho de seu amor para redimir e o Espírito para autenticar
a salvação na experiência humana 9Ef 4,30; 2 Cor1,20-22; 5,5).
Paulo tomou e enriqueceu diversas
tradições que tinham haver com uma ceia realizada em obediência à intenção do
Senhor “ na noite em que foi entregue” à morte (1 Cor 11,23). Era uma refeição
comum baseada nos costumes judaico de confraternização à mesa, incluía as
orações judaicas pela comida e pela bebida (agora com caráter cristão) quando o
pão e a taça eram consumidos, seguindo o modelo da sala superior, a presença do
Senhor era recordada “em memoria de mim”; e o rito simples apontava além de si mesmo
para uma esperança futura no Reino de Deus que havia de vir. O que Paulo fez em
resposta direta, evidentemente a problemas sócias em Corinto, foi enriquecer e
aplicar essas idéias básicas com uma consequência prática, a separação entre
refeição fraterna (uma refeição compartilhada) e um serviço eucarístico mais
solene. A razão para essa separação estava nos abusos correntes em Corinto,
onde o excesso de comida e bebida levava ao deleite e, como chegavam tarde, os
fieis pobres não participavam da refeição social (1Cor 11, 17-22). Assim Paulo
cura este mal ao instituir “um só pão” que exprime “um só corpo” (1Cor
10,16-17) e em mostrar o caminho pelo qual a dimensão de comunhão no Corpo e
Sangue do Senhor dava fim as divisões e a preocupação egoísta na comunidade.
No culto, os fieis ativamente buscar
o bem de toda comunidade e desse modo glorificar a Deus (1 Cor 10,31) e
usufruir sua presença, ao mesmo tempo em que recordam que Deus está realmente
no meio da comunidade em julgamento santo e graça renovada (1Cor 14,25; 5,3-5;
11,29-32; 16,22).
1
– Em que este texto ajuda a minha pessoa?
2
– Em que este texto me ajuda na relação com minha família?
3
– Em que este texto me ajuda na vida de comunidade?
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– Em que este texto me ajuda a transformar a sociedade?