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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Os novos rostos da missão


Os novos rostos da missão

 

         Após o colapso dos colonialismos políticos, cresce sempre mais em toda parte o desejo de democracia, de participação, de plenitude e de paz. Nesse contexto, as culturas e as religiões ressurgem como fontes de identidade. Porém a religião é relegada à esfera privada, ao posso que a prática econômica e política reclama autonomia absoluta em relação aos valores éticos as guerras e tragédias mundiais, o indiferentismo religioso e o individualismo, fazem duvidar da eficácia da missão. Torna-se, então necessário refletir sobre o significado e o processo da missão.

A missão como mistério: A missão da Igreja emana da missão da trindade que é fonte de amor, de bondade e misericórdia, que chama a todos para partilhar gratuitamente de sua própria vida. É nesse contexto trinitário e cósmico que se funda a missão da Igreja. Esta é símbolo e seva da missão e como tal, chamada e enviada a descobrir, fortalecer e promover a missão divina e não a si mesma. Assim a tarefa da missão não é fazer mas, contemplar e discernir a presença e a ação de Jesus e do Espírito. Sendo fonte da comunicação, a trindade já sta em dialogo com as pessoas, nossa missão não é colocar-ns como intermediários, mas como facilitadores desse dialogo.

A missão como símbolo: Jesus e o Espírito não abandonam o mundo; pelo contrario, continuam presentes e atuantes no meio das pessoas. Conseqüentemente, nossa missão consiste em, como comunidade de crentes e seguidores de Jesus, visibilizar simbolicamente (explicitar) sua ação em todo lugar.

Missão global: Centra-se não apenas nas pessoas e nas comunidades, mas nas estruturas econômicas, culturais e sócio-politicas que lhes estão subjacentes. Estas est5uturas tem um a dimensão global, de tal  do que fatos ocorridos em determinado lugar podem ter conseqüências em toda parte do mundo. Nessa perspectiva, embora a missão seja necessária em toda parte do mundo, ela se torna urgente nos paises de primeiro mundo, onde se encontram os centros de decisão da política econômica mundial.

         Jesus Cristo como modelo de missão: Sendo Jesus nosso modelo e quem envia em missão, nosso caminho missionário deve ser como o seu: da profecia e do amor-serviço, num mundo marcado por conflitos pessoais, sociais e estruturais. A missão como profecia chama-nos a apresentarmos modos de vida alternativos. Implica em conflito com os poderes do mundo que excluem, oprimem e matam. Apóia-se unicamente no poder do amor não violento, da auto-doação, do dialogo e do respeito pela liberdade.

         A missão como redes de comunidade: O objetivo de toda ação missionária é a construção da comunidade humana, unida em amor  e serviço mútuo. Isto não significa a supressão das diferenças culturais, étnicas ou religiosas, mas sua integração. A Igreja-comunidade será símbolo e serva de tal fraternidade, tornando-se uma comunidade limiar. Essas comunidades abrirão fronteiras de modo a imergirem na vasta comunidade humana como fermento. Tem como limite o mundo, porém sem deixar de ser local. Essas comunidades são chamadas ao serviço global através de um trabalho em redes.

 

 

Fundamentos teológicos da missão


 

         A teologia da missão, a partir da CV II, acentua as “missões divinas” não apenas como o ponto de partida para a cisão; é toda a missão (origem e fim, motivação e método, identidade e sustentação) que está inserida na mistério trinitário e abastece-se no seu dinamismo missionário. A missão não significa, então, expansionismo ou extensão missionária da Igreja e, tampouco, um “mandato missionário” arbitrário e sem fundamento, porque ela se colaca primeiramente a serviço do amor trinitário em suas insondáveis manifestações, que são bem mais amplas que a estrutura da Igreja visível.

         A Evanglli Nuntiandi (1975) denunciou o descompasso entre a evangelização e o mundo contemporâneo e convocou a Igreja a inculturar-se no mundo de hoje, qualquer que seja o seu contexto, até atingir o núcleo mais profundo das culturas.

A missão abrange, portanto, toda família humana chamada a viver em comunhão plena com a trindade e entre si. A missão é obra de salvação integral das pessoas e envolve a comunidade. A comunidade trinitária é o paradigma da missão.

 

 

Métodos de evangelização


 

Não existe individuo ou povo sem cultura. Esta perpassa e marca todo pensamento e atividade humana. A própria fé não escapa dessa lei. O relacionamento entre o ser humano e o transcendente é condicionado por crenças, valores, representações atitudes, mitos e símbolos legados por uma determinada cultura.

         Assim surgem vários métodos no decorrer da história para tentar demonstrar a fé cristã. Tias métodos não significam uma evolução lógica no processo de evangelização, pode-se perceber um ou mais métodos dentro de uma mesma área missionária.

Aculturação: Conjunto dos fenômenos que aprecem como resultado de um contato prolongado e direto entre grupos humanos culturalmente diferentes. Nesse contato, alguns modelos culturais de um ou dois grupos acabam se modificando. O essencial desse método consiste na aceitação de que é possível dissociar o núcleo essencial e único da fé cristã, da roupagem cultural com a qual os séculos de ocidentalização tinham-no encoberto, e assim poder discernir nas outras culturas o núcleo substancial da mensagem cristã.

         Encarnação: Sugere que os teólogos deixem de tomar como ponto de partida u  corpo teológico já existente (ocidental) e trabalhem para fazer “emergir” sua obra diretamente do evangelho e das tradições religiosas e das aspirações fundamentais dos diferentes povos. Surgiram, desse modo, a “teologia negra” e a “teologia da libertação”.

         Contextualização: Rejeita uma inculturação que se apóia apenas sobre a tradição; ao contrario, ele apela para um quadro de referencia mais amplo. Querem se distanciar da concepção excessivamente extática e fechada que alguns métodos atribuem à cultua. Querem salientar que a tradição constitui apenas um componente de um contexto mais vasto que engloba outros fatores como a industrialização e a economia, a modernidade, a urbanização, as novas tecnologias, o pluralismo cultural e certos aspectos da secularização.Esses elementos devem ser levados em consideração, da mesma forma que os elementos tradicionais, já que juntos, eles compõem o cenário que condiciona a evangelização e interfere na reformulação da identidade cultural dos evangelizados.

         Libertação:  Nascida no meio intelectual latino-americano, a idéia se espalhou e alcançou outros continentes. Como conseqüência, nas Igrejas do terceiro mundo aparecem novos conceitos teológicos, inspirados e centrados na idéia de libertação. A primeira de todas s libertações é a libertação cultural que condiciona as outras libertações:econômica, política, social, religiosa... começar pela libertação cultural significa atacar o mal pela raiz, ir ao essencial.

         Explicitação: Trata-se de reconhecer no grande mosaico das culturas “as sementes do verbo” lançadas pelo Espírito. Daí que, a atividade missionária, não consiste em anunciar algo totalmente desconhecido e sim explicitar a imagem de Cristo que o precedeu e esta presente na historia dos povos em todos os tempos e culturas e sempre se manifesta nas aspirações da pessoa humana. É indispensável estar inculturado para poder explicitar.

 

A evangelização nas diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.

 

         Em sua trajetória as DGAE foram enriquecidas pelas contribuições de importantes documentos do CV II, de vários Sínodos e Encíclicas, sobretudo da Evangelli Nutiandi e da Redemptoris Missio, das Conclusões de Medellin, Puebla e Santo Domingo, alem de muitos documentos do episcopado brasileiro que tiveram grande repercussão na Igreja e na sociedade brasileira.

         As DGAE salientam a necessidade de integrar todos os seus elementos, de forma que ela implique não só o anúncio explícito do Evangelho, mas também a vida e ação eclesial; que contenha não apenas gestos sacramentais da comunidade cristã, mas também a promoção da justiça e libertação; que se configure não só como caminho da comunidade cristã “para” o mundo, mas também como acontecimento “no” mundo, no qual Deus atua; que se expresse como serviço e solidariedade, anúncio e testemunho, diálogo e cooperação ecumênica, comunhão com Deus e os irmãos.

         Evangelizar é cuidar, sustentar, defender e promover a vida em suas múltiplas expressões. É tudo que educa, humaniza, enobrece, aperfeiçoa e ajuda a crescer. É suscitar esperança e semear a paz no meio da violência e dos conflitos, é buscar a fraternidade e o bem comum; é criar condições de vida digna com oportunidades iguais, é descobrir as necessidades e se solidarizar, sobretudo com os pobres e sofredores.É promover a comunhão entre as pessoas e destas com as demais criaturas, pois todas vêm do mesmo Deus-comunhão.

 

 

Leitura comparada do Syllabus com a Gaudium et Spes.

 

         A constituição GS foi o marco referencial do reatamento das relações da Igreja com o mundo; um passo na reconciliação com a modernidade, com a qual a Igreja havia rompido definitivamente através do Syllabus. Desse modo, enquanto o Syllabus foi o ponto culminante da ruptura do dialogo Igreja-mundo , a GS fundamenta e reata o dialogo. Ao contrario da Syllabus que quer se impor ao mundo moderno como mestra da verdade, a Igreja da GS se oferece aos Homens sem o desejo de dominação; oferece seus bens próprios como resposta às aspirações do mundo moderno. A Igreja da GS aceita a condição fundamental para o dialogo,pode-se perceber tal fato em alguns pontos:

Sem clericalismo que absorva o “próprio mundo” a Igreja quer reencontrar, com os Homens, os valores autênticos do mundo; - Oferece Cristo enquanto solução dos problemas da cidade terrestre, ensinando, e por outro lado, aceitando também ser ensinada; - É Uma Igreja atenta à ação de Deus na História ... .

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