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quinta-feira, 24 de julho de 2025


A incensação do altar e a presença da imagem de Nossa Senhora no presbitério.
 
    Há “incensação do altar” têm profundo significado teológico, litúrgico e pastoral. Ambas expressam dimensões essenciais da fé católica: Cristo como centro da liturgia e Maria como figura da Igreja e presença materna na oração do povo de Deus. A seguir, apresento a explicação detalhada e fundamentada, com referências confiáveis.
 
A importância da incensação do altar
a) Consagração e finalidade
    A “incensação do altar” refere-se à dedicação litúrgica do altar a uma pessoa ou mistério sagrado (ex: Cristo, São José, Nossa Senhora, mártires). Segundo o Cerimonial dos Bispos (n. 866) e o Pontifical Romano, essa intenção é o título do altar, ou seja, para quem ele é dedicado.
    “O altar é Cristo. Toda vez que se celebra sobre ele, é o próprio Cristo que se oferece ao Pai.” Catecismo da Igreja Católica, n. 1383
    Portanto, o altar é o centro visível da celebração eucarística, símbolo do próprio Cristo. A intenção ou dedicação do altar expressa a união do mistério eucarístico com a vida dos santos ou títulos marianos, conectando o culto celestial com a realidade visível da comunidade.
 
b) Significado espiritual e pastoral
    •Identidade do altar: ajuda a comunidade a compreender que a liturgia acontece em comunhão com os santos, especialmente aquele a quem o altar foi dedicado.
    •Memória litúrgica viva: a intenção do altar pode ser celebrada como memória ou festa litúrgica (cf. Missal Romano, Introdução Geral, n. 302).
    •Evangelização e espiritualidade: recorda que cada celebração tem um contexto espiritual concreto.

A IMPORTÂNCIA DA INCENSAÇÃO DO ALTAR NA MISSA

A incensação do altar, embora possa parecer um gesto secundário ou apenas cerimonial, é um dos ritos mais simbólicos e teologicamente ricos da liturgia da Missa. Enraizado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, este gesto expressa a sacralidade do altar, a dignidade do mistério eucarístico e a oração da Igreja que sobe a Deus como incenso suave.


Fundamento bíblico e teológico

Desde o Antigo Testamento, o incenso é associado à adoração, à santidade e à presença de Deus. No livro do Êxodo, Deus ordena a Moisés que o altar do incenso seja usado constantemente diante da Arca da Aliança: “O incenso será queimado continuamente diante do Senhor por todas as vossas gerações.” (Ex 30,8)

No Salmo 141,2, lemos: “Suba a minha oração como incenso à vossa presença, e minhas mãos erguidas como oferenda da tarde.” No Apocalipse, o incenso aparece como símbolo da oração dos santos, oferecida diante do trono de Deus (cf. Ap 8,3-4). A Igreja, desde cedo, assumiu esse símbolo como expressão visível da oração que se eleva a Deus com reverência e entrega.

Assim, a incensação do altar na Missa não é apenas um gesto de honra, mas ato litúrgico de adoração e de consagração ao Mistério divino que se celebra.


O altar: Cristo, sacrifício e comunhão

A incensação do altar está intimamente ligada à sua identidade teológica. O altar não é apenas uma mesa: é símbolo de Cristo, pedra viva (cf. 1Pd 2,4) e do próprio sacrifício eucarístico. É sobre ele que: se torna presente o Corpo e Sangue de Cristo; se oferece ao Pai o sacrifício redentor; a comunidade se reúne como corpo místico em comunhão.

Incensar o altar é, portanto, reconhecer e venerar Cristo presente e atuante, que é ao mesmo tempo sacerdote, vítima e altar (cf. Prefácio da Dedicação do Altar).


Quando e por que se incensa

Segundo as Instruções Gerais do Missal Romano (IGMR, nn. 276–277), a incensação pode ocorrer nos seguintes momentos:

Na entrada da Missa solene, após a reverência ao altar e antes do beijo: o celebrante o incensa como sinal de dedicação e santificação do espaço sagrado.

Durante o Evangelho, ao incensar o livro: sinal de honra à Palavra de Deus.

Na apresentação das oferendas, ao incensar a cruz, o altar, o pão e o vinho, o sacerdote e a assembleia: expressa a purificação e a elevação espiritual da Igreja com Cristo.

Na exposição e bênção do Santíssimo Sacramento, se usa incenso como sinal de adoração.

Esse gesto é especialmente significativo em Missas solenes, festas, e nas celebrações mais importantes do calendário litúrgico, evidenciando a dignidade do mistério celebrado.


Dimensão espiritual e pedagógica

Incensar o altar:

Educa o coração para o sentido do sagrado;

Desperta a atenção interior ao mistério que se aproxima;

Relembra a dignidade da oração comunitária e do próprio corpo da assembleia, quando esta é incensada com respeito e amor

Além disso, a fumaça que sobe e se dissipa cria uma atmosfera de transcendência, recordando que estamos diante do Deus invisível, mas real, que se faz presente no altar.

A incensação do altar na Missa é um gesto carregado de fé, veneração e beleza litúrgica.

Ao incensar o altar, a Igreja proclama: “Este lugar é santo, pois aqui Cristo se faz presente e se oferece por nós.”

Esse gesto eleva os sentidos e o espírito, expressa a comunhão entre céu e terra, e nos prepara para adentrar o mistério da Eucaristia com reverência e devoção


 
A imagem de Nossa Senhora no presbitério
a) Fundamentação teológica e litúrgica
    O presbitério é o espaço litúrgico reservado ao altar, à sede do presidente e à ambão. Ele é símbolo do mistério pascal de Cristo e da comunhão da Igreja com o céu. Por isso, a presença de imagens sagradas, especialmente de Maria, é legítima e teologicamente fundamentada.
    “A imagem da Bem-aventurada Virgem Maria pode ter lugar de destaque nas igrejas, como sinal da sua presença espiritual entre os fiéis.” Redemptoris Mater, 44, São João Paulo II. “No presbitério pode haver uma imagem da Bem-Aventurada Virgem Maria ou do santo titular, mas com sobriedade e sem obscurecer a centralidade do altar.”  Instrução Geral do Missal Romano, n. 318
 
b) Significado espiritual e pastoral
    •Maria como Mãe da Eucaristia: sua imagem próxima ao altar evoca sua presença espiritual nas bodas de Caná (Jo 2,1-11) e no Calvário (Jo 19,25), onde nasce o sacrifício eucarístico.
    •Modelo de fé e obediência: Maria é a “terra boa” que acolheu a Palavra e a gerou — como o fiel é chamado a fazer na Missa.
    •Expressão de piedade popular legítima: conforme a Marialis Cultus (n. 31), a presença de Maria nas celebrações litúrgicas deve estar em harmonia com a teologia da liturgia e pode enriquecer a espiritualidade do povo.
Relação entre altar e imagem mariana
A intenção do altar e a imagem de Nossa Senhora no presbitério não competem entre si. Pelo contrário, se integram harmoniosamente no mistério litúrgico:
    •O altar representa Cristo, e a imagem de Maria manifesta a Igreja que acolhe o Cristo.
    •Juntas, essas presenças ajudam a celebrar o mistério da fé com corpo e alma: Cristo que se oferece, e Maria que crê, acolhe, oferece e intercede.
    •Isso educa o povo para compreender que a liturgia é também comunhão com os santos, antecipação da Jerusalém celeste.
    A intenção do altar e a imagem de Nossa Senhora no presbitério são elementos que:
    •Expressam a comunhão entre Céu e Terra na liturgia;
    •Reforçam a centralidade de Cristo e a maternidade espiritual de Maria;
    •Educam para uma fé mais encarnada, bela e enraizada na Tradição da Igreja.
    Devem ser utilizadas com sobriedade, dignidade e clara catequese, conforme as orientações litúrgicas e pastorais da Igreja

 

Referências

1.       IGREJA CATÓLICA. Catecismo da Igreja Católica. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2000.

2.       IGREJA CATÓLICA. Cerimonial dos Bispos. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2003.

3.       IGREJA CATÓLICA. Pontifical Romano. Tradução oficial. São Paulo: CNBB, [ano de publicação].

4.       IGREJA CATÓLICA. Instrução Geral do Missal Romano. Tradução oficial. São Paulo: CNBB, 2008.

5.       JOÃO PAULO II, Papa. Encíclica Redemptoris Mater. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1987.

6.       PAULO VI, Papa. Exortação Apostólica Marialis Cultus. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1974.

7.       JOÃO PAULO II, Papa. Encíclica Ecclesia de Eucharistia. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2003.

8.       CELAM. Documento de Aparecida: V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. São Paulo: Paulinas, 2007.

9.       SANTOS, Anderson Adevaldo dos. A imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida em uma perspectiva simbólico-eclesiológica e mariológica. 2021. Dissertação (Mestrado em Teologia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

10.    ARQUIDIOCESE DE BELO HORIZONTE. Formação sobre liturgia: Incensação. Disponível em: https://arquidiocesebh.org.br/diaconatopermanente/formacao-sobre-liturgia-incensacao/. Acesso em: 24 jul. 2025.

 

 


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