Paludismo
(malária)
O paludismo (malária)
é uma infecção dos glóbulos vermelhos causada pelo Plasmodium, um
organismo unicelular.
O paludismo
transmite-se através da picada do mosquito Anopheles fêmea infectado, por uma
transfusão de sangue contaminado ou então por uma injecção dada com uma agulha
previamente utilizada numa pessoa infectada. Existem quatro espécies de
parasitas (Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium falciparum e
Plasmodium malariae) que podem infectar os humanos e causar paludismo.
Os medicamentos e os
insecticidas têm feito com que o paludismo seja muito raro nos países mais
desenvolvidos, mas a infecção continua a ser muito frequente nos países
tropicais. As pessoas originárias dos trópicos em visita a outros países ou os
turistas que regressam dessas áreas estão por vezes afectados e causarão,
possivelmente, uma pequena epidemia.
O ciclo de vida do
parasita começa quando um mosquito fêmea pica um indivíduo infectado. O
mosquito aspira sangue que contém parasitas do paludismo, os quais chegam às
suas glândulas salivares. Quando o mosquito pica outra pessoa, injecta
parasitas com a sua saliva. Uma vez dentro da pessoa, os parasitas depositam-se
no fígado, onde se multiplicam. Amadurecem no decurso de 2 a 4 semanas e depois
abandonam o fígado e invadem os glóbulos vermelhos. Os parasitas multiplicam-se
dentro dos glóbulos vermelhos, o que finalmente faz com que eles rebentem.
Plasmodium vivax e Plasmodium
ovale podem permanecer nas células do fígado enquanto vão, periodicamente,
libertando parasitas maduros para a corrente sanguínea, provocando ataques com
os sintomas do paludismo. Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae
não permanecem no fígado. Contudo, se a infecção não for tratada ou receber
um terapêutica inadequada, a forma madura do Plasmodium falciparum pode
persistir na corrente sanguínea durante meses e a forma madura do Plasmodium
malariae durante anos, provocando ataques repetidos com os sintomas do
paludismo.
Sintomas e complicações
Os sintomas costumam
começar entre 10 e 35 dias depois de um mosquito ter injectado o parasita na
pessoa. Em geral, os primeiros sintomas são febre ligeira e intermitente, dor
de cabeça e dor muscular, calafrios juntamente com uma sensação de doença
(mal-estar geral). Às vezes os sintomas começam com arrepios e tremores
seguidos de febre, os quais duram entre 2 e 3 dias; confundem-se frequentemente
com a sintomatologia da gripe. Os sintomas subsequentes e os padrões que a
doença segue variam para cada tipo de paludismo.
Dados para recordar acerca da malária
·
Os medicamentos preventivos não são 100 % eficazes.
·
Os sintomas podem começar um mês ou mais depois de o indivíduo ter
sido infectado por uma picada de mosquito.
·
Os primeiros sintomas são inespecíficos e costumam confundir-se com o
da gripe.
·
É importante estabelecer um diagnóstico rapidamente e começar o
tratamento, particularmente para a malária por P. falciparum, que é mortal,
chegando a 20 % das pessoas infectadas.
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Anopheles
O Anopheles é o mosquito transmissor da malária.
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No paludismo por Plasmodium
falciparum pode verificar-se uma alteração da função cerebral, complicação
denominada malária cerebral. Os sintomas consistem em febre de pelo menos 40ºC,
dor de cabeça intensa, vertigens, delírio e confusão. O paludismo cerebral pode
ser mortal. Em geral afecta as crianças, as mulheres grávidas e os turistas que
se dirigem para zonas de alto risco. No paludismo por Plasmodium vivax
pode haver delírio quando a febre estiver alta, mas, se não for esse o caso, os
sintomas cerebrais não são frequentes.
Em todas as variedades de paludismo, o número total de glóbulos brancos
costuma ser normal, mas o número de linfócitos e de monócitos, dois tipos
específicos de glóbulos brancos, aumenta. Em geral, se o paludismo não for
tratado, aparece icterícia ligeira e o fígado e o baço aumentam de volume. (Ver
secção 16, capítulo 167) É frequente que a
concentração de açúcar no sangue (glicose) diminua ainda mais nas pessoas que
têm uma grande quantidade de parasitas. Os valores de açúcar no sangue podem
descer posteriormente naqueles que são tratados com quinina.
Às vezes o paludismo
persiste apesar de no sangue aparecerem apenas números baixos de parasitas. Os
sintomas incluem apatia, dores de cabeça periódicas, sensação de mal-estar,
falta de apetite, fadiga e ataques de calafrios e febre. Os sintomas são
consideravelmente mais ligeiros e os ataques não duram tanto como o primeiro.
Se um indivíduo não
receber tratamento, os sintomas do paludismo por Plasmodium vivax, por Plasmodium
ovale ou por Plasmodium malariae regridem espontaneamente em 10 a 30
dias, mas podem recorrer com intervalos variáveis. O paludismo por Plasmodium
falciparum é mortal, chegando a 20 % dos afectados.
A febre
hemoglobinúrica é uma complicação rara do paludismo causada pela ruptura de uma
grande quantidade de glóbulos vermelhos. Em seguida liberta-se um pigmento
vermelho (hemoglobina) na corrente sanguínea. A hemoglobina, que é logo
excretada com a urina, faz com que esta apresente uma cor escura. Esta febre
ocorre quase exclusivamente nos doentes com malária crónica por Plasmodium
falciparum, especialmente nos que foram tratados com quinina.
Diagnóstico
O médico suspeita que
um indivíduo apresenta malária quando este tem ataques periódicos de calafrios
e febre sem causa aparente. A suspeita é maior se, durante o ano anterior, a
pessoa visitou alguma zona na qual o paludismo é frequente e se, além disso, o
seu baço aumentou de volume. O facto de se identificar o parasita numa amostra
de sangue confirma o diagnóstico. É possível que sejam necessárias mais do que
uma amostra para estabelecer o diagnóstico, porque a taxa de parasitas no
sangue varia com o passar do tempo. O resultado do laboratório deve identificar
a espécie de Plasmodium encontrado no sangue, porque o tratamento, as
complicações e o prognóstico variam conforme a espécie.
Prevenção e tratamento
As pessoas que vivem
em zonas endémicas ou então que viajam para lá devem tomar as suas precauções.
Podem utilizar insecticidas com efeitos de longa duração quer dentro das suas
casas quer nas zonas anexas, colocar redes nas portas e janelas, usar
mosquiteiro sobre as suas camas e aplicar repelente contra mosquitos na pele.
Também devem usar roupa suficiente, em particular depois do pôr do Sol,
protegendo a pele o mais possível contra as picadas dos mosquitos.
É possível iniciar
algum tipo de medicação para prevenir o paludismo durante uma viagem a uma zona
endémica. O medicamento começa a ser tomado uma semana antes, continua-se durante
toda a estada e prolonga-se durante mais um mês depois de ter abandonado a
zona. O fármaco mais frequentemente utilizado é a cloroquina. Contudo, muitas
zonas do mundo têm espécies de Plasmodium falciparum que são resistentes
a este fármaco. Outras medicações compreendem a mefloquina e a doxiciclina. No
entanto, a doxiciclina não pode ser tomada por crianças menores de 8 anos ou
mulheres grávidas.
Nenhuma terapêutica é
completamente eficaz no momento de evitar a infecção. Os turistas que tenham
febre enquanto se encontram numa zona infestada de malária deverão ser
examinados de imediato por um médico. O indivíduo pode começar a tomar, por
conta própria, uma combinação de fármacos como a pirimetamina-sulfadoxina, até
conseguir ajuda médica.
O tratamento depende
do tipo de malária e de, na zona geográfica em concreto, existirem espécies de
parasitas resistentes à cloroquina. Para um ataque agudo de malária por P.
falciparum numa zona que se sabe possuir espécies resistentes à cloroquina,
a pessoa pode tomar quinina ou receber quinidina endovenosa. Noutros tipos, a
resistência à cloroquina é menos frequente e, por consequência, a pessoa
afectada toma-a, habitualmente, seguida de primaquina.
Sintomas e tipos de paludismo
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Paludismo por P.
vivax e por P. ovale
Um ataque pode começar bruscamente com um calafrio intenso, seguido de sudação e febre que aparece e desaparece. No decurso de uma semana, fica estabelecido o padrão típico de ataques intermitentes. Um período de dor de cabeça e mal-estar pode ser seguido de arepios intensos. A febre dura de 1 a 8 horas. Uma vez que ela regride, a pessoa sente-se bem, até aparecerem os calafrios seguintes. No caso do paludismo por P. vivax, os ataques costumam surgir todas as 48 horas.
Paludismo por P.
falciparum
Um ataque pode começar por calafrios. A temperatura sobe gradualmente, para depois baixar de forma brusca. O ataque pode durar de 20 a 36 horas. A pessoa pode sentir-se mais doente do que com o paludismo por P. vivax, além de sofrer de uma dor de cabeça intensa. Entre os ataques, durante intervalos que oscilam entre as 36 e as 72 horas, podem sobrevir sintomas depressivos e manifestar-se um pouco de febre.
Paludismo por P.
malariae
Um ataque costuma começar bruscamente. O referido ataque é semelhante ao do paludismo por P. vivax, mas aqui repete-se cada 72 horas. |
Fonte: http://www.manualmerck.net
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