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terça-feira, 27 de novembro de 2012


Paludismo (malária)



O paludismo (malária) é uma infecção dos glóbulos vermelhos causada pelo Plasmodium, um organismo unicelular.

O paludismo transmite-se através da picada do mosquito Anopheles fêmea infectado, por uma transfusão de sangue contaminado ou então por uma injecção dada com uma agulha previamente utilizada numa pessoa infectada. Existem quatro espécies de parasitas (Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae) que podem infectar os humanos e causar paludismo.

Os medicamentos e os insecticidas têm feito com que o paludismo seja muito raro nos países mais desenvolvidos, mas a infecção continua a ser muito frequente nos países tropicais. As pessoas originárias dos trópicos em visita a outros países ou os turistas que regressam dessas áreas estão por vezes afectados e causarão, possivelmente, uma pequena epidemia.

O ciclo de vida do parasita começa quando um mosquito fêmea pica um indivíduo infectado. O mosquito aspira sangue que contém parasitas do paludismo, os quais chegam às suas glândulas salivares. Quando o mosquito pica outra pessoa, injecta parasitas com a sua saliva. Uma vez dentro da pessoa, os parasitas depositam-se no fígado, onde se multiplicam. Amadurecem no decurso de 2 a 4 semanas e depois abandonam o fígado e invadem os glóbulos vermelhos. Os parasitas multiplicam-se dentro dos glóbulos vermelhos, o que finalmente faz com que eles rebentem.

Plasmodium vivax e Plasmodium ovale podem permanecer nas células do fígado enquanto vão, periodicamente, libertando parasitas maduros para a corrente sanguínea, provocando ataques com os sintomas do paludismo. Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae não permanecem no fígado. Contudo, se a infecção não for tratada ou receber um terapêutica inadequada, a forma madura do Plasmodium falciparum pode persistir na corrente sanguínea durante meses e a forma madura do Plasmodium malariae durante anos, provocando ataques repetidos com os sintomas do paludismo.

Sintomas e complicações

Os sintomas costumam começar entre 10 e 35 dias depois de um mosquito ter injectado o parasita na pessoa. Em geral, os primeiros sintomas são febre ligeira e intermitente, dor de cabeça e dor muscular, calafrios juntamente com uma sensação de doença (mal-estar geral). Às vezes os sintomas começam com arrepios e tremores seguidos de febre, os quais duram entre 2 e 3 dias; confundem-se frequentemente com a sintomatologia da gripe. Os sintomas subsequentes e os padrões que a doença segue variam para cada tipo de paludismo.

Dados para recordar acerca da malária
·         Os medicamentos preventivos não são 100 % eficazes.
·         Os sintomas podem começar um mês ou mais depois de o indivíduo ter sido infectado por uma picada de mosquito.
·         Os primeiros sintomas são inespecíficos e costumam confundir-se com o da gripe.
·         É importante estabelecer um diagnóstico rapidamente e começar o tratamento, particularmente para a malária por P. falciparum, que é mortal, chegando a 20 % das pessoas infectadas.
Anopheles
O Anopheles é o mosquito transmissor da malária.

No paludismo por Plasmodium falciparum pode verificar-se uma alteração da função cerebral, complicação denominada malária cerebral. Os sintomas consistem em febre de pelo menos 40ºC, dor de cabeça intensa, vertigens, delírio e confusão. O paludismo cerebral pode ser mortal. Em geral afecta as crianças, as mulheres grávidas e os turistas que se dirigem para zonas de alto risco. No paludismo por Plasmodium vivax pode haver delírio quando a febre estiver alta, mas, se não for esse o caso, os sintomas cerebrais não são frequentes.

Em todas as variedades de paludismo, o número total de glóbulos brancos costuma ser normal, mas o número de linfócitos e de monócitos, dois tipos específicos de glóbulos brancos, aumenta. Em geral, se o paludismo não for tratado, aparece icterícia ligeira e o fígado e o baço aumentam de volume. (Ver secção 16, capítulo 167) É frequente que a concentração de açúcar no sangue (glicose) diminua ainda mais nas pessoas que têm uma grande quantidade de parasitas. Os valores de açúcar no sangue podem descer posteriormente naqueles que são tratados com quinina.

Às vezes o paludismo persiste apesar de no sangue aparecerem apenas números baixos de parasitas. Os sintomas incluem apatia, dores de cabeça periódicas, sensação de mal-estar, falta de apetite, fadiga e ataques de calafrios e febre. Os sintomas são consideravelmente mais ligeiros e os ataques não duram tanto como o primeiro.

Se um indivíduo não receber tratamento, os sintomas do paludismo por Plasmodium vivax, por Plasmodium ovale ou por Plasmodium malariae regridem espontaneamente em 10 a 30 dias, mas podem recorrer com intervalos variáveis. O paludismo por Plasmodium falciparum é mortal, chegando a 20 % dos afectados.

A febre hemoglobinúrica é uma complicação rara do paludismo causada pela ruptura de uma grande quantidade de glóbulos vermelhos. Em seguida liberta-se um pigmento vermelho (hemoglobina) na corrente sanguínea. A hemoglobina, que é logo excretada com a urina, faz com que esta apresente uma cor escura. Esta febre ocorre quase exclusivamente nos doentes com malária crónica por Plasmodium falciparum, especialmente nos que foram tratados com quinina.

Diagnóstico

O médico suspeita que um indivíduo apresenta malária quando este tem ataques periódicos de calafrios e febre sem causa aparente. A suspeita é maior se, durante o ano anterior, a pessoa visitou alguma zona na qual o paludismo é frequente e se, além disso, o seu baço aumentou de volume. O facto de se identificar o parasita numa amostra de sangue confirma o diagnóstico. É possível que sejam necessárias mais do que uma amostra para estabelecer o diagnóstico, porque a taxa de parasitas no sangue varia com o passar do tempo. O resultado do laboratório deve identificar a espécie de Plasmodium encontrado no sangue, porque o tratamento, as complicações e o prognóstico variam conforme a espécie.

Prevenção e tratamento

As pessoas que vivem em zonas endémicas ou então que viajam para lá devem tomar as suas precauções. Podem utilizar insecticidas com efeitos de longa duração quer dentro das suas casas quer nas zonas anexas, colocar redes nas portas e janelas, usar mosquiteiro sobre as suas camas e aplicar repelente contra mosquitos na pele. Também devem usar roupa suficiente, em particular depois do pôr do Sol, protegendo a pele o mais possível contra as picadas dos mosquitos.

É possível iniciar algum tipo de medicação para prevenir o paludismo durante uma viagem a uma zona endémica. O medicamento começa a ser tomado uma semana antes, continua-se durante toda a estada e prolonga-se durante mais um mês depois de ter abandonado a zona. O fármaco mais frequentemente utilizado é a cloroquina. Contudo, muitas zonas do mundo têm espécies de Plasmodium falciparum que são resistentes a este fármaco. Outras medicações compreendem a mefloquina e a doxiciclina. No entanto, a doxiciclina não pode ser tomada por crianças menores de 8 anos ou mulheres grávidas.

Nenhuma terapêutica é completamente eficaz no momento de evitar a infecção. Os turistas que tenham febre enquanto se encontram numa zona infestada de malária deverão ser examinados de imediato por um médico. O indivíduo pode começar a tomar, por conta própria, uma combinação de fármacos como a pirimetamina-sulfadoxina, até conseguir ajuda médica.

O tratamento depende do tipo de malária e de, na zona geográfica em concreto, existirem espécies de parasitas resistentes à cloroquina. Para um ataque agudo de malária por P. falciparum numa zona que se sabe possuir espécies resistentes à cloroquina, a pessoa pode tomar quinina ou receber quinidina endovenosa. Noutros tipos, a resistência à cloroquina é menos frequente e, por consequência, a pessoa afectada toma-a, habitualmente, seguida de primaquina.





 

Sintomas e tipos de paludismo
Paludismo por P. vivax e por P. ovale
Um ataque pode começar bruscamente com um calafrio intenso, seguido de sudação e febre que aparece e desaparece. No decurso de uma semana, fica estabelecido o padrão típico de ataques intermitentes. Um período de dor de cabeça e mal-estar pode ser seguido de arepios intensos. A febre dura de 1 a 8 horas. Uma vez que ela regride, a pessoa sente-se bem, até aparecerem os calafrios seguintes. No caso do paludismo por P. vivax, os ataques costumam surgir todas as 48 horas.
Paludismo por P. falciparum
Um ataque pode começar por calafrios. A temperatura sobe gradualmente, para depois baixar de forma brusca. O ataque pode durar de 20 a 36 horas. A pessoa pode sentir-se mais doente do que com o paludismo por P. vivax, além de sofrer de uma dor de cabeça intensa. Entre os ataques, durante intervalos que oscilam entre as 36 e as 72 horas, podem sobrevir sintomas depressivos e manifestar-se um pouco de febre.
Paludismo por P. malariae
Um ataque costuma começar bruscamente. O referido ataque é semelhante ao do paludismo por P. vivax, mas aqui repete-se cada 72 horas.

Fonte:   http://www.manualmerck.net

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