"Por Deus, tenham um blog!" Papa Bento XVI


Coragem, Levanta-te! Jesus te Chama!


terça-feira, 30 de setembro de 2025

 
A mesa da Palavra e da Eucaristia.
Não Ignoreis!
        
    A frase de São Jerônimo — “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo” (In Isaiam, Prologus, PL 24,17); é uma das mais conhecidas do santo e continua atualíssima na vida da Igreja. Vamos aprofundar sua importância e atualidade em três pontos: bíblico, teológico e pastoral.
    A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus inspirada (2Tm 3,16), que revela o plano de salvação e encontra sua plenitude em Jesus Cristo, o Verbo encarnado (Jo 1,14). Quando São Jerônimo afirma que quem ignora as Escrituras ignora a Cristo, ele retoma a convicção dos Apóstolos: Cristo é o centro da Escritura, e sem conhecê-la não se pode conhecê-Lo verdadeiramente ( Lc 24,27).
    Cristocentrismo bíblico: toda a Escritura aponta para Cristo — o Antigo Testamento como promessa, o Novo Testamento como cumprimento.
Palavra viva: ao ler a Bíblia, não encontramos apenas textos, mas entramos em diálogo com o próprio Cristo vivo, que fala hoje à sua Igreja.
    Unidade da fé: o estudo e a meditação bíblica são indispensáveis para a vida cristã, porque sem eles a fé se torna superficial, reduzida a devoções ou costumes, mas sem raiz no encontro pessoal com Cristo.
    A frase de Jerônimo é uma advertência muito pertinente para hoje. Muitos cristãos ainda vivem um distanciamento da Palavra, limitando sua vida de fé à participação litúrgica sem aprofundamento bíblico.
    Num mundo marcado por fake news religiosas, espiritualidades superficiais e interpretações distorcidas, é urgente formar comunidades enraizadas na Escritura.
    O Papa Bento XVI, na exortação Verbum Domini (2010), retomou essa frase de São Jerônimo e reforçou: “É impossível compreender a missão da Igreja e da vida cristã sem referência à Palavra de Deus” (VD 3).
    O Papa Francisco, na Aperuit Illis (2019), instituiu o Domingo da Palavra de Deus, (3º domingo do tempo comum) para recordar que o contato com a Escritura é parte essencial da identidade cristã.
    Ignorar a Escritura é ignorar a Cristo porque não há separação entre a Palavra escrita e a Palavra viva. O cristão que não se alimenta da Bíblia corre o risco de conhecer Jesus de forma parcial ou distorcida. Por isso, hoje, mais do que nunca, é fundamental redescobrir a centralidade da Palavra de Deus na catequese, na liturgia, na vida pessoal e na missão da Igreja.
    O Concílio Vaticano II ensina que, na Missa, “a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor” (Dei Verbum, 21). Isso significa que a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística formam um só banquete: Cristo se oferece na Palavra proclamada e no Pão consagrado.
    Portanto, se ignoramos as Escrituras, corremos o risco de reduzir a Missa a um rito vazio, sem compreender que é Cristo quem nos fala e nos prepara para a comunhão com Ele.
    Na celebração eucarística, a presença real de Cristo se manifesta de várias formas (Sacrosanctum Concilium, 7): na assembleia reunida, no ministro, no pão e vinho consagrados, e também na Palavra proclamada.
    A frase de Jerônimo recorda que sem acolher a Palavra, não se pode reconhecer plenamente Cristo presente na Eucaristia: primeiro Ele abre nossos ouvidos, depois parte o Pão (Lc 24,30-32).
    Para o fiel: aproximar-se da comunhão sem escutar e acolher a Palavra é viver apenas metade do mistério.
    Para a comunidade: a catequese, a homilia e os grupos bíblicos ajudam a Igreja a unir escuta e partilha, formando cristãos maduros na fé.
    Para a missão: quem se alimenta da Palavra e da Eucaristia se torna, como os discípulos de Emaús, testemunha ardorosa que leva a esperança aos irmãos.
    Na Eucaristia, a frase de São Jerônimo ganha força: sem a Escritura, não reconhecemos Cristo que se doa; sem a Eucaristia, a Escritura fica incompleta como Palavra encarnada. Ambas se iluminam mutuamente.
    Assim, viver a Missa é deixar que a Palavra prepare o coração para receber o Pão, e que o Pão consagrado nos impulsione a anunciar a Palavra.


domingo, 21 de setembro de 2025

 

Polarização e Despolarização na Eucaristia:

da Questão de Carlos, o Calvo, à Teoria da Transubstanciação

 1. Introdução

A Eucaristia, centro da vida cristã e ápice de toda a liturgia, sempre foi objeto de reflexão profunda e de debates intensos ao longo da história da Igreja. A frase aparentemente simples — “Isto não é pão, mas o Corpo de Cristo” — usada em sermões ou catequeses, pode carregar um risco de polarização se for compreendida de modo reducionista. O exemplo dado por Andrea Grillo, ao retomar a pergunta de Carlos, o Calvo no século IX, é ilustrativo: “Na comunhão, recebemos o corpo e o sangue de Cristo em verdade ou em mistério?”.

Essa pergunta abriu um campo de tensão. Em vez de integrar, ela opôs. A polarização surge quando se contrapõem termos que deveriam ser harmonizados: realidade versus mistério, pão versus corpo, vinho versus sangue. A teologia eucarística, ao longo de séculos, buscou superar essa oposição, elaborando a doutrina da transubstanciação como resposta despolarizada.

Este aprofundamento pretende mostrar como esse caminho se desenvolveu, quais foram seus fundamentos, seus limites e sua atualidade pastoral. Ao mesmo tempo, pretende evidenciar como a polarização pode empobrecer a compreensão da fé e como a despolarização abre horizontes para uma vivência mais autêntica do mistério eucarístico.

 2. A polarização de Carlos, o Calvo

No século IX, o rei Carlos, o Calvo (823–877), neto de Carlos Magno, levantou a questão sobre a presença de Cristo na Eucaristia: “É o corpo e o sangue de Cristo em verdade ou em mistério?”. Essa formulação já traz em si um problema: coloca o fiel diante de uma oposição exclusiva — ou é verdade (presença real), ou é mistério (presença simbólica).

O risco dessa formulação está em reduzir a complexidade sacramental a uma escolha binária. O “mistério” não exclui a verdade, e a “verdade” não anula o mistério. Na tradição cristã primitiva, especialmente em autores como Santo Ambrósio e Santo Agostinho, os termos eram usados de modo complementar. Ambrósio, por exemplo, dizia tranquilamente que o pão é “figura” do corpo de Cristo, sem que isso significasse uma negação da presença real.

Portanto, a questão de Carlos, o Calvo, inaugura uma polarização destrutiva: exige que se escolha entre dois polos, quando a fé eucarística exige articulação e coordenação.

 3. A resposta teológica: quatro séculos de elaboração

Durante cerca de 400 anos, teólogos no Ocidente trabalharam para oferecer uma resposta adequada. A dificuldade estava em como explicar que o pão e o vinho continuam aparecendo como tais, mas são, ao mesmo tempo, o Corpo e o Sangue de Cristo.

Foi nesse contexto que amadureceu a noção de transubstanciação, consolidada no Concílio de Latrão IV (1215) e reafirmada no Concílio de Trento (século XVI). Essa doutrina buscava ser uma resposta despolarizada, evitando dizer simplesmente “é pão” ou “não é pão”.

 3.1. Conceito central

A substância do pão e do vinho se converte na substância do Corpo e do Sangue de Cristo.

As espécies ou acidentes (aparência, sabor, forma) permanecem os mesmos.

 Assim, é possível afirmar:

            É pão (no nível dos acidentes).

            Não é pão (no nível da substância).

            É Corpo de Cristo (na substância).

            Não é Corpo de Cristo (nos acidentes).

Esse raciocínio, sintetizado na expressão de Lanfranco de Pavia — “é pão e não é pão, é o mesmo corpo e não é o mesmo corpo” —, é um exemplo de tentativa de superação de polarização.

 4. A arte da despolarização

A teologia eucarística medieval mostra que o trabalho teológico muitas vezes consiste em despolarizar debates, harmonizando dimensões aparentemente opostas.

 

4.1. Distinção sem divisão

A chave foi introduzir distinções que não dividem, mas articulam:

            Substância x acidentes

            Figura x realidade

            Presença simbólica x presença real

A despolarização não elimina a tensão, mas a ordena dentro de uma visão mais ampla.

 4.2. Mistério e verdade

Dizer que a Eucaristia é “mistério” não nega sua verdade. Pelo contrário, o mistério é a maneira como a verdade de Deus se manifesta sacramentalmente. A oposição inicial de Carlos, o Calvo, era falsa. A teologia medieval mostrou que é possível afirmar simultaneamente mistério e verdade.

 5. Atualidade da questão

Apesar do desenvolvimento teológico, frases catequéticas simplificadas como “Isto não é pão, mas o Corpo de Cristo” pode ressuscitar a polarização original.

 5.1. Problema pastoral

Essa formulação pode gerar:

            Confusão: parece negar a evidência sensível (o fiel continua vendo pão).

            Fundamentalismo: leva a um “milagre físico” em vez de um mistério sacramental.

            Perda do simbolismo: despreza a linguagem do sinal, essencial na teologia sacramental.

 5.2. Necessidade de linguagem despolarizada

É preciso recuperar uma catequese que saiba afirmar:

            A realidade da presença de Cristo.

            O valor do sinal sacramental (pão e vinho como mediações).

            A dimensão de mistério, que une verdade e simbolismo.

 6. Exemplo patrística e medieval

6.1. Santo Ambrósio

Ambrósio falava que o pão é “figura” do corpo de Cristo. Para ele, “figura” não significa mera aparência ilusória, mas sinal eficaz da realidade.

 6.2. Santo Agostinho

Agostinho via na Eucaristia um “sacramento” que realiza o que significa: pão e vinho são sinais visíveis que produzem o efeito invisível.

 6.3. São Tomás de Aquino

Tomás sistematizou a doutrina da transubstanciação, mas nunca separou realidade e sinal. Para ele, Cristo está presente de modo substancial, mas sob as espécies de pão e vinho, que conservam seu valor sacramental.

 7. Polarizações atuais e o risco de reducionismo

O tema continua atual porque a polarização não desapareceu. Ela reaparece em diferentes formas:

            1.Polarização espiritualista: ver a Eucaristia apenas como símbolo comunitário, esvaziando a presença real.

            2.Polarização fisicista: tratar a presença real como mudança material, ignorando a dimensão sacramental.

            3.Polarização pastoral: reduzir a comunhão a mero rito de devoção, sem ligação com a vida cristã.

A verdadeira fé eucarística exige superar essas reduções.

 8. Caminhos de despolarização hoje

8.1. Recuperar a linguagem sacramental

A Eucaristia não é nem pura metáfora nem pura transformação física: é sacramento, realidade nova que une sinal e graça.

 8.2. Unir liturgia e vida

O pão e o vinho são frutos da terra e do trabalho humano. Tornam-se Corpo e Sangue de Cristo, e isso compromete o fiel a viver em comunhão, partilha e serviço.

 8.3. Catequese mistagógica

Em vez de fórmulas rígidas, é preciso conduzir os fiéis ao mistério, ajudando-os a compreender a riqueza de significados da celebração eucarística.

 9. Conclusão

O exemplo da frase “Isto não é pão, mas o Corpo de Cristo” mostra como a linguagem pode gerar polarização e reduzir o mistério eucarístico a uma contradição simplista. A história da teologia, desde a pergunta de Carlos, o Calvo, até a formulação da transubstanciação, ensina que a fé precisa de categorias despolarizadas, capazes de articular presença e sinal, verdade e mistério, pão e Corpo de Cristo.

A tarefa pastoral hoje é continuar esse esforço: falar da Eucaristia de modo que o fiel compreenda que, ao mesmo tempo em que vê pão e vinho, recebe realmente o Corpo e o Sangue de Cristo. Essa presença não anula os sinais, mas se realiza por meio deles.

A despolarização, portanto, não é concessão ao relativismo, mas caminho de fidelidade criativa ao Evangelho. Como os teólogos medievais, somos chamados a elaborar linguagens que permitam aos fiéis viver o mistério sem reduzi-lo a contradições superficiais.

A Eucaristia é pão e não é pão; é vinho e não é vinho; é Corpo e Sangue de Cristo em verdade e em mistério. Esse paradoxo não é problema, mas expressão da riqueza do sacramento, que só pode ser acolhido na fé.

O PÃO QUE VIROU AMOR

 

 










sexta-feira, 12 de setembro de 2025

 

Da Serpente de Bronze à Cruz de Cristo: do Símbolo à Plenitude da Salvação

 


O relato de Números 21,4-9, em que Deus ordena a Moisés erguer uma serpente de bronze para curar os israelitas picados por serpentes venenosas, é mais do que um episódio curioso da história do povo de Israel. Trata-se de uma revelação profunda da pedagogia divina, que transforma o símbolo da morte em sinal de vida. Esse acontecimento, interpretado pela tradição judaica e relido pela fé cristã, culmina na cruz de Cristo como plenitude da salvação.

A tradição rabínica, especialmente a Mishná (Rosh Hashaná 3,8), ensina: “A serpente não matava nem dava vida; mas, quando Israel olhava para cima e submetia o coração a Deus, eram curados; e quando desviavam os olhos, pereciam.”

Com isso, os mestres de Israel deixam claro que não havia poder mágico na serpente de bronze. O gesto de levantar os olhos não era superstição, mas um ato espiritual de conversão, uma expressão de arrependimento e confiança no Eterno.

Esse ensinamento se torna um antídoto contra a idolatria. A serpente de bronze não tinha valor em si mesma: era apenas instrumento pedagógico, um sinal que remetia ao Criador. A salvação não vinha do objeto, mas da relação com Deus. Assim, o olhar para cima simbolizava a submissão do coração e a abertura à graça que cura.

Essa interpretação rabínica mostra como Deus age de forma pedagógica: não elimina as consequências do pecado de modo imediato, mas convida à conversão interior. O veneno das serpentes representava a infidelidade do povo, e o levantar dos olhos simbolizava a necessidade de retornar ao Senhor.

A serpente, símbolo de morte e de pecado desde Gênesis 3, torna-se, por ordem de Deus, instrumento de cura. Esse paradoxo é chave para compreender a lógica divina: Deus não suprime o mal simplesmente, mas o transfigura em bem.

Esse princípio se repete em outros momentos da Escritura. José, vendido pelos irmãos, afirma no Egito: “Vós pensastes o mal contra mim, mas Deus o transformou em bem” (Gn 50,20).

Assim, o episódio da serpente de bronze ensina que Deus é capaz de transformar aquilo que parece derrota em vitória. Porém, quando o povo começa a venerar a serpente de bronze como um ídolo, séculos depois, o rei Ezequias a destrói (2Rs 18,4). Isso reforça a lição: o símbolo tem valor apenas enquanto remete a Deus; quando se torna fim em si mesmo, degenera em idolatria.

O Evangelho de João retoma diretamente esse episódio: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna” (Jo 3,14-15).

Jesus interpreta a serpente de bronze como figura profética da cruz. Assim como os israelitas eram curados ao olhar para a serpente, todo aquele que contempla o Cristo crucificado com fé encontra a salvação.

Aqui está o coração da revelação cristã: a cruz, instrumento de tortura e vergonha, torna-se o novo estandarte de cura e vida. O que era sinal de condenação transforma-se em fonte de esperança. Na cruz, o mal não é simplesmente vencido, mas assumido e redimido.

São Paulo expressa essa lógica ao dizer: “Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Cor 1,23).

A cruz é incompreensível pela lógica humana, mas, à luz da fé, torna-se poder de Deus e sabedoria de Deus.

Assim como os israelitas precisavam levantar os olhos para a serpente, o cristão é chamado a contemplar a cruz. Esse olhar, porém, não é físico, mas espiritual: olhar com fé significa reconhecer no Crucificado a presença do Salvador, ver além da dor e enxergar a ressurreição.

Cristo “se fez pecado por nós” (2Cor 5,21). Assumiu sobre si o peso do mal, transformando-o em caminho de redenção. A cruz revela, portanto, a pedagogia divina: Deus não elimina o sofrimento por decreto, mas o assume para redimi-lo.

Contemplar a cruz é, então, um ato transformador. É reconhecer o amor radical de Deus que se entrega totalmente. Por isso, a cruz não é memória de derrota, mas sinal de vitória, não é marca de sofrimento apenas, mas de esperança.

A alegria da cura e da salvação

Imagine um israelita no deserto, ferido pelo veneno e prestes a morrer, levantar os olhos e sentir a vida retornar ao corpo. Esse gesto de fé trazia não apenas alívio físico, mas também alegria espiritual: a certeza de que Deus não havia abandonado seu povo.

De modo semelhante, o cristão que contempla a cruz experimenta uma alegria maior. Se a serpente de bronze trazia cura temporária, Cristo na cruz oferece cura definitiva e salvação eterna.

Essa alegria não é euforia passageira, mas paz profunda. É a certeza de que os pecados foram perdoados, que a morte foi vencida e que a vida eterna nos é oferecida.

Na liturgia católica, a cruz ocupa lugar central. Na Sexta-Feira Santa, ela é elevada solenemente para a adoração dos fiéis, com o canto: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo”. Esse gesto retoma a pedagogia bíblica: contemplar o madeiro como sinal de vida.

Também na Eucaristia, quando o sacerdote eleva a hóstia e o cálice, torna presente o mistério de Cristo elevado na cruz. Não se trata de recordar um evento passado, mas de atualizar sua eficácia salvífica.

Assim, a cruz não é um símbolo distante, mas realidade presente na vida da Igreja e dos fiéis. Ela acompanha o cristão em suas dores e em suas esperanças, sendo sinal constante do amor que salva.

A serpente de bronze foi um sinal pedagógico que apontava para algo maior. Cristo, elevado na cruz, leva esse sinal à plenitude. Assim como os israelitas precisavam olhar para cima para serem curados, também nós precisamos levantar os olhos da fé para Cristo crucificado.

Na cruz, encontramos o Deus que não apenas cura, mas redime; não apenas consola, mas salva. Ela nos recorda que o sofrimento não tem a última palavra, mas que Deus transforma a dor em esperança e a morte em vida.

Por isso, contemplar a cruz é participar da alegria da salvação. É deixar-se transformar pelo amor de Deus que se entrega. É reconhecer que, no alto do madeiro, se revela o coração do Evangelho: o amor que vence o mal e oferece vida eterna.

Assim, do deserto à cruz, a história da salvação é marcada por um gesto essencial: olhar para cima. Pois é lá, no alto da cruz, que encontramos o Deus que desceu para nos elevar.

 

 

Notas bibliográficas

  1. Bíblia Sagrada, Edição Pastoral. Paulus, 2014. (Nm 21,4-9; Gn 50,20; 2Rs 18,4; Jo 3,14-15; Jo 12,32; 1Cor 1,23; 2Cor 5,21).
  2. Mishná, Rosh Hashaná 3,8 – Tradução e comentários em: DANBY, Herbert. The Mishnah. Oxford: Oxford University Press, 1933.
  3. RATZINGER, Joseph (Bento XVI). Introdução ao Cristianismo. São Paulo: Loyola, 2005.
  4. CONGAR, Yves. A cruz de Jesus Cristo. São Paulo: Paulus, 2000.
  5. KASPER, Walter. O mistério da cruz. São Paulo: Loyola, 1981.
  6. SCHILLEBEECKX, Edward. Cristo e os cristãos. São Paulo: Paulus, 1996.